Destinados ao amor

Capítulo 44

- Então trago os papéis, você assina e eu mando autenticar. - Evans assentiu.
- Ah, sim. Estive pensando ontem, sobre a demanda da Austrália. Não acho que seja bom, fazer uma conexão agora, com a crise de governo que está havendo lá. - Comentou, enquanto andava pelo corredor.
- Também acho que é melhor esperar. - Concordou - Agora vou ver Pedro, antes de sair. Qualquer coisa, sabe onde me achar.

Evans assentiu, e entrou em seu quarto. Scarlett dormia. Eles haviam instalado o berço luxuoso de Rosalie no quarto dos dois. Assim, ela tinha dois berços. Um em seu quarto, um no quarto da mãe. Ele observou Scarlett ressonar por um tempo, depois foi até o berço. Ele observou a menina dormir, calma. Era perfeita em seus mínimos detalhes. O cabelo era fininho, claro. Ele estendeu a mão e tocou o rosto dela com as costas da mão, levemente. Era a primeira vez que tocava ela. Quando ele tocou seu rosto, ela abriu os olhos. Evans ficou paralisado, olhando-a. Seus olhos respondiam a pergunta.
A menina franziu o cenho por um segundo, pelo primeiro contato com a luz. Depois, olhou-o, curiosa. Seus olhos eram de um azul misterioso, intenso. Eram os olhos de Evans. Ele a olhou, fascinado. Sua filha. Ele alisou o rosto dela com um dedo. A menina sorriu, revelando duas covinhas em seu rosto. E nesse momento, Evans foi invadido por um sentimento novo. Um sentimento que era capaz de sacudir o mundo. Sua filha. Ele era pai.
E sua vida, de repente, era aquele pequeno ser.

- Rose. - Murmurou, acariciando-a.
- O que houve? - Perguntou, sonolenta, encarando o marido.
- É minha. - Respondeu em um sussurro, correspondendo o sorriso da filha.
- Sua? - Perguntou, alarmada, se sentando na cama. Não estava recuperada, mas estava melhor.
- É minha. - Repetiu, sorrindo de canto - Minha menina.

Não havia dúvidas. Era dele. Seus olhos eram um lindo delator. Scarlett pensou por um momento, mas depois sorriu, olhando o marido fascinado com a filha. As coisas podiam melhorar. Talvez o amor de pai mudasse ele. Talvez houvesse esperança, ainda.
Os dias foram passando. Evans era Rosalie. A cada minuto, a cada segundo de cada hora. Ele era ela. Scarlett estava fascinada pelo amor do marido pela filha. Pelo menos isso ele era, bom pai. Scarlett estava adorando ser mãe. Rosalie devolveu a ela a força pra viver.

- Festinha do pijama? Kate, não inventa, em nome de Deus. - Reclamou com a irmã.
- Não fui eu quem inventei, foram eles. - Explicou.
- O Pedro não foi. Ele não fala. - Rosnou.
- Mas grita. - Scarlett riu - Eles estão lá. Vai dar uma olhada, enquanto eu tomo banho.

Scarlett assentiu, e foi. No quarto de hóspedes da casa, estava uma algazarra. Mercedes e Théo pulavam na cama, e Pedro gritava e ria. Todos já estavam prontos pra dormir.

- EI EI EI, JÁ CHEGA! - Acalmou os três, que ficaram olhando pra ela - Tá na hora de ir dormir.
- Ah, Scar! - Resmungou Mercedes, se sentando.
- Nada de "ah, Scar". A Rose está dormindo, e a última coisa que eu quero é acordar ela. - Ela começou a puxar os lençóis da cama, ajeitando pros três se deitarem.
- Então conta uma história. Minha tia sempre contava histórias. - Pediu Théo, entusiasmado.
- Uma história? - Perguntou depois de por Pedro deitado entre Mercedes e Théo, cobrindo-os.
- É, qualquer uma que você conheça. - Se ajeitou na cama, esperando.

Scarlett pensou bem. A única história que conhecia era a sua, e ela não era pra ser contada a crianças. Mas podiam tentar. Ela só não viu que, quando começou a contar a história, Evans parou na porta atrás de si. Ele ia chama-la, mas esperou pra ouvir o que ela contaria.

- Havia um homem e sua esposa. E eles eram lindos, perfeitos, um pro outro. - Começou, e Evans esperou - Um homem e sua tola esposa. - Ela pensou por um instante - Ela foi obrigada a se casar com ele. No começo foi horrível, mas então ela o amava. Ela o amava com cada fibra do seu ser. E ele era sua razão e sua vida. Eles eram lindos, e ela era ingênua. Mas havia outra mulher, que viu que eles eram lindos. - Ela olhou o tecido negro de seu vestido, e Evans olhou pro chão - Ela entrou no caminho deles, e ela os separou.