Amar é Gay

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Eu e Sehun havíamos acabado de gravar um novo vídeo. Isso drenou toda nossa bateria social. Depois que paramos a gravação, as garrafas de água ao nosso lado ficaram vazias em questão de segundos, o que não é ruim, realmente precisamos de bastante água.

Ele olhou pra mim e sorriu.

— O que você acha de jogarmos algo? Pra relaxar, sabe? — Pediu Sehun.

— Você bem podia trazer seu computador pra cá, assim a gente podia gravar gameplays juntos pro meu canal. — Sehun fez uma expressão de quem concordava plenamente com o que eu havia dito e levantou-se, discando algum número em seu celular.

Ele começou a andar até a varanda, e continuou no celular por algum tempo. Quando voltou para a poltrona, esticou-se até que os pés conseguissem alcançar a mesa de centro, que estava lotada de pacotes fechados de biscoito que havíamos trazido da viagem, e ainda não abrimos. Sehun provavelmente irá fazer isso logo.

— Com quem você foi falar? — Perguntei curioso —  desculpe me intrometer! — complementei antes de receber uma resposta que não gostaria.

— Liguei para a minha mãe. — Sorriu. Por um mísero segundo percebi que o sorriso dele era lindo. Me espantei quando me vi pensando sobre o sorriso do meu melhor amigo de anos. Não é como se eu nunca tivesse o visto sorrir, mas aquele... Era diferente. Não sei bem o motivo de tanta surpresa, ele sempre teve mais facilidade para ficar com as meninas quando saíamos. Ele é bonito.

Eu levantei e liguei o playstation que ficava logo embaixo da tv, em uma pequena estante com vários outros consoles. Uma coleção que faço desde muito novo. Me orgulho bastante dela.

Sehun pegou um dos joysticks que estavam sobre um pequeno suporte no braço do sofá. Aquilo deveria ser um porta-copos, mas acabei dando uma função melhor a ele. Era bem prático, aliás!

Peguei um outro e então o liguei. Sehun já havia escolhido o jogo. Ficamos jogando por horas. Mal percebi a sala ficando escura, só restando a luz da grande televisão batendo contra nós. Meus olhos ardiam um pouco por conta do tempo em contato com tanta claridade. Coloquei o joystick sobre minhas pernas e cocei meus olhos, na tentativa de alivia-lo. Sehun parou e me olhou.

— Aconteceu algo? — Perguntou preocupado.

— Não! Apenas acho que estou com um pouco de sono. — Sehun deu uma pequena risada e levantou-se, desligando o console e estendendo a mão para mim. A segurei sem hesitação, ele me puxou para levantar e afastou a mesinha. Eu já sabia o que ele estava fazendo e não pude conter um sorriso.

Peguei o controle da televisão e coloquei-a no youtube. Ele me olhou como se estivesse agradecendo pelo seu ato ter dado certo.

Coloquei Black Pink e ele já começou a dançar como se fosse uma das integrantes. Sehun sabia como me animar. Eu amo muito dançar, faço isso desde pequeno. Então conheço todas as coreografias de todos os grupos que eu ouço. Depois que crescemos, Sehun também começou a se interessar por dança. Eu até o ensinei algumas coreografias. Ele diz que não leva muito jeito, mas eu gosto do estilo de dança dele. Muita gente se confunde dançar mal com estilos diferentes. Todos os corpos se movimentam de formas distintas, não tem como você ser igual à outra pessoa.

Logo depois de Black Pink e Shinee, veio Girls Generation, e olha que esse grupo foi o meu favorito por muito tempo!

Como estamos envelhecendo, cansamos bem rápido. Ele estava pingando de suor, e eu sentia todas as minhas juntas pulsarem. Fazia anos que eu não dançava daquela forma. Quando percebi que ele estava indo em direção ao controle para trocar de música, eu aproveitei para me vingar.

Saí correndo em direção ao banheiro e consegui fechar a porta antes que ele me alcançasse. Pude ouvir as batidas do outro na porta, o que me fizera gargalhar alto.

— Não é justo! — Gritou do outro lado.

— Claro que é! Você que começou!

.  .  .

Ja era de manhã, e eu estava trocando algumas mensagens com Baek. Por mais que Sehun esteja próximo agora, eu sentia muita falta do mais velho. Fazia algumas semanas que ele não vinha nos visitar. Isso começou a me deixar preocupado. Provavelmente o motivo de ele não me da mais tanta atenção é porque passa o dia todo praticando, e quando tem tempo pra isso, já está cansado demais.

Como já tínhamos contado todas as novidade, trocamos fotos para manter o assunto. A minha era eu sorrindo, meu cabelo estava despenteado e estava sem camisa. A dele era seu rosto bem perto da câmera, tinha duas marcas escuras embaixo dos olhos, o que evidenciava seu cansaço. Também estava sorrindo, um sorriso fofo. Aquele sorriso que só ele consegue dar. Não consegui deixar de pensar em quando nós poderíamos nos abraçar novamente.

Foi aí que Sehun entrou na sala.

— Jong, acordou tão cedo assim? — Ele perguntou surpreso — Como? — Foi em minha direção enquanto segurava um copo vazio. Provavelmente tinha algum suco estranho que Sehun adorava beber no café da manhã.

Virei o celular para o lado oposto ao dele, mas meu ato o fez se inclinar para conseguir ver.

— Está falando com Baekhyun?? — Maldito!

— Porra, você acordou intrometido demais hoje. — Falei enquanto o empurrava. — Estou. Ele estava acordando e se arrumando para ir pro ensaio e me mandou mensagem. Foi assim que acordei.

Sehun sentou-se com a coluna ereta. Olhou para o copo que estava segurando e respirou fundo.

— Vocês estão ficando, não é? — perguntou Sehun sem olhar para mim. Franzi o senho, isso de novo?.

— O quê?? — Revirei os olhos me segurando para não rir. — A gente já conversou sobre isso.

— Não, Jongin. Você omitiu tudo. Eu te conheço. — Dessa vez estava olhando para mim. — Por que não me conta?? Qual o problema?

— O problema? — Perguntei de volta, tentando encontrar a resposta. — O problema é tudo o que está acontecendo agora. Você teve essa ideia super... — Quando percebi que estava gesticulando demais, dei uma pausa. Bloqueei meu celular, me levantei e respirei fundo. — Sehun, eu não sou gay! Eu topei de fingir que estamos namorando, — Falei enquanto apontava para ele e para mim consecultivamente. — porque eu sabia que era uma boa estratégia para podermos ganhar mais inscritos e voltarmos a ficar próximos. Mas não confunda as coisas.

Quando Sehun fez menção de falar, parece que ele havia pensado duas vezes. Tudo isso parece estranho. O semblante do mais novo parecia cada vez mais triste enquanto eu o encarava.

Comecei a me sentir mal. Admito que estou com medo de que ele descubra isso e acabe destruindo tudo o que nós temos: O canal, nossa amizade, os fãs... Tudo estava preso em uma corda desfiada.

— Vou fazer o café da manhã. — Sehun apenas disse isso antes de levantar-se do sofá, levando o copo que trouxera junto consigo.

Peguei a deixa e fui para o meu quarto. Me tranquei lá. Mandei uma última mensagem para Baekhyun.

"Eu te amo"

Eu realmente sou um idiota do caralho.

OTP? SEKAI!¡Where stories live. Discover now