Capítulo • 10

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Milla 🌻

Quando cheguei em casa mal tive coragem de olhar para o papai. As vezes me sentia tão culpada, tão vagabunda. Mentir desse jeito, viver desse jeito.

Eu não aguento mais isso, eu queria poder ser diferente. Ter um emprego descente, ter uma vida descente, poder me amar sem o peso de me prostituir.

Sem humilhações, sem nada que me diminua, que me envergonhe.

Quando entrei lá na "boate" Pedro conseguiu para mim um acordo. Lúcia queria muito que eu trabalhasse por lá, eu era nova, bonita. Isso chamava a atenção, trazia clientes.

Como ele conseguiu? Não faço ideia. Ele nunca quis contar e eu também nunca insistir por saber.

O acordo que Pedro fez é simples, mas ajuda muito. Nesse acordo ficou combinado que eu não seria obrigada a ficar com todos os caras teria um limite de um cara por noite, então é obvio que meu tempo ficando com essa pessoa é maior e custa mais caro, assim substitui os outros que eu não fico. A outra parte é que eu não seria obrigada a fazer tudo oque o cara quiser, eu faria do meu jeito e com meus limites. Lúcia se opôs no começo mas logo se rendeu e aceitou, mas com o aviso que eu deveria fazer eles voltar, deveria fazer eles gozarem e gastarem. E sim, eu faço. Mesmo a contra gosto. A única condição de Lúcia foi que eu não contasse a ninguém, se não teria tumulto entre as outras meninas.

Não vou dizer que é sempre horrível, tem caras que são legais, que facilitam as coisas. Que me fazem sentir prazer também. Claro que é eu sinto tesão, que gozo. Mas tem casos e casos. Já tem caras que me machucam, que não se importam se vai me machucar, estão pagando e pagando caro. Mas o fato de que em alguns casos seja gostoso, não sou hipócrita, não muda o peso que aquilo tem, tanto físico quanto emocional. Talvez ninguém entenda. E como eu sempre digo, você tem que viver na pele para entender a dor de alguém.

Fiquei em meu quarto chorando outra vez, nos últimos dois dias tudo que tenho feito e chorar e me sentir um lixo por culpa da mesma pessoa.
Aquela cara é ruim, destrói tudo que cruza no caminho dele, mas não escolhi passar naquele beco.

— Porque está chorando? – Pedro surgiu na porta. Fazia dois dias que não vinha, já estava sentindo saudades – Aconteceu alguma coisa?

— Nada – limpei as lágrimas me sentando na cama – Só estou triste.

— Porque? – Sentou do meu lado

— Pelo papai... – menti

— Para de mentir pra mim, oque está acontecendo de verdade?

— Porque acha que eu estou mentindo?

— Porque você esta triste pelo seu pai sempre, mas sempre diz que não vai chorar porque isso não vai resolver,e você não quer que ele se sinta culpado caso te ver chorando. – Sim, ele estava certo. Eu estava mentindo, mas se eu contasse a verdade como ele iria lhe dar? – Quero a verdade Camilla – me olhou sério

— Nada... – fitei  o chão

— Camilla para de mentir, que raiva. Conheço você. Eu confiei em você quando tzão fez aquilo, custa confiar em mim?

Tzão, sempre ele. E por mais que custe acreditar ele não faz mal só a mim, não só ao Pedro, deve fazer com todos e até com ele mesmo.

— Não surta tá? – o olhei e ele assentiu –  Tzão aumentou o aluguel e não sei como vou pagar, esse mês eu tive mais e nos próximos? Se faltar? – Voltei a chorar novamente

— Desgraçado! – Disse jogando o boné no chão.

Pedro se levantou furioso e saiu dali batendo a porta.

— Pedro... – Fui atrás do mesmo –Não faz besteira, por favor – tentei alcançar ele mais o mesmo subiu na moto e sumiu.

Pra que você foi abrir a merda da boca Camilla? Se Pedro falar um A com aquele inferno ele vai morrer, por minha culpa.

Tzão 🔥

— Patrão, tem um vapor aqui querendo da um trelo contigo. – A voz do segurança surgiu no radinho.

— Deixa entrar - Falei e voltei a cuidar da contabilidade.

A porta se abriu e quando olhei para cima vi que era o cuzão do Pedro.

Sua cara era puro odio, mas nada me intimida.

Voltei a fazer as contas e ele ficou lá parado feito o saco de merda que ele é.

Não vou com a cara desse filho da puta.

— Teu tempo ta correndo, vai mesmo ficar me olhando feito puta? – Voltei minha visão a ele que respirou fundo e falou.

— Porque ta fazendo isso com a camilla? – Quando ouvi o nome dela o encarei com raiva.

Ele ta mesmo tirando satisfação? O amor realmente leva a morte amigos.

— Como é que é? – Me levantei indo em sua direção e ele deu um paço pra trás.

— Olha patrão – Baixou o tom – Se o senhor está com raiva por eu te faltado plantão aquele dia, desconta em mim, ela nunca te fez nada.

Tive que ri.

— Tu acha mesmo que se eu tivesse que fazer algo eu puniria ela pra atacar você? – Aplaudo – Que ilusão.

Ele ficou me olhando com uma cara de boco e eu voltei a ficar sério.

Puxei a arma da cintura e coloquei na cabeça do mesmo que estremeceu.

— Se eu quisesse te punir, eu puxaria o gatilho – Precionei mais a arma contra ele – Volta a me perturbar por essa piranha que eu não vou exitar, entendeu? – Ele assentiu tremulo – Te devo satisfação nenhuma não. Meu bagulho é com ela. 

Empurrei ela contra a parede que caiu, guardei minha arma na cintura e voltei a me sentar.

— Ela não pode pagar o aluguel – Me olhou com medo – O pai dela tem câncer e ela so se prostitui pra pagar o tratamento – Soltou por fim e saiu.

Eu não sabia exatamente oque estava sentindo, mas não foi algo bom.

Então é por isso que ela é tão diferente?  Não, isso é mentira Thales. Não seja idiota, as pessoas mentem para conseguirem oque querem, principalmente putas como ela.


Vida de Bandido - 𝐂𝐎𝐍𝐂𝐋𝐔𝐈𝐃𝐀Donde viven las historias. Descúbrelo ahora