CAP 7 - Nada como aquele olhar

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Coréia do Sul
GWANGHJU
5 anos Antes

Jess estava tão feliz com Hoseok que eu realmente não poderia negar, que talvez, eu nunca pudesse ser o que ele era para ela. Com Hoseok tudo era diferente, ele era o melhor com Jess. A tratava como a princesa que até então só eu sabia que ela era.
Hoseok era educado, gentil e carinhoso de uma forma que eu jamais conseguia ser. Ele não tinha vergonha de rir das coisas idiotas que ela dizia, muito menos de roubar beijos dela quando Jess não estava esperando.
Hoseok tratava Jess como ela merecia ser tratada.

O tempo passou e a cada dia mais eu sabia que Jess jamais teria olhos para outro garoto que não fosse Hoseok. Os dois criaram uma conexão, eram amigos como nenhum casal que eu conhecia ou já tinha ouvido falar.
E o pior de tudo foi que Hoseok não tentou me excluir da vida de Jess como Edwin tinha feito. Hoseok era seguro de si, não tinha medo de perder Jess para mim e dentro todas as qualidades dele era essa a que eu mais admirava.

E eu tive assistir tudo de camarote, ver Jess amar alguém pela primeira vez, fazer planos para o futuro, e nem da perda da sua virgindade ela quis me poupar.
Eu fiquei indignado ao descobrir que Jess e Hoseok tinham transado?
Não, porque a descrição da noite mais perfeita que Jess já teve me desarmou completamente. Hoseok não dava uma bola fora, não pecava em nenhum quesito. Tanto que nem ódio consegui sentir dele por me fazer passar pelo pior momento que já passei.

Eu ia perder Jess para sempre, soube disso no segundo que ela me contou que ia embora para Nova York com Hoseok. Os dois tinham convencido suas famílias a se mudarem juntos para estudar em outro país. E como os pais de Jess confiavam muito em Hoseok, deixaram a filha ir sem muita dificuldade.

Qual era o maior problema em tudo aquilo? É que ninguém conseguia odiar Hoseok, ele era o tipo de pessoa que fazia todo mundo gostar dele. Hoseok não tinha inimigos, nem mesmo aqueles que tinham todos os motivos para odiá-lo como eu.
Por isso os pais de Jess ficaram tão sorridentes quando ela se despediu no aeroporto.

Então tive que ver minha Jess entrar naquele avião, indo para longe de mim. E nem sei como descrever o quanto me doeu deixar ela ir
Mas amar é isso, libertar quem você ama sinceramente. Entender que amar é apenas ver alguem feliz com ou sem você.
E se ela estava feliz, eu estava por ela. E com aquele pensamento segui meus dias que nunca mais seriam tão bons.

Arrumei um emprego em um restaurante, enquanto tentava bolsa nas faculdades próximas a mim. Minha tia não tinha dinheiro para pagar pela faculdade que eu queria como os pais de Jess, então precisei dar duro para conseguir uma bolsa.

Trabalhava o dia todo, e de noite me trancava para estudar no quarto. Queria me encontrar, seguir atrás dos meus sonhos. Começar a minha história do zero. Me permiti viver novos amores e sensações.

Voltei a andar com os velhos amigos, sem nunca esquecer meu objetivo de conseguir uma bolsa na faculdade. Dei meu melhor naqueles meses, estudando até tarde da noite, ensaiando como um louco para conseguir uma das vinte vagas mais concorrida no curso de artes corporais.

E eu já estava me destacando, a cada dia que passava via mais a minha oportunidade chegar. A chance de ser um bailarino de música moderna estava cada vez mais possível para mim. Mas então durante um treino eu me lesionei, torci o pé machucando meus ligamentos de uma forma que me colocava definitivamente fora das seletivas finais.

Meu mundo inteiro desmoronou quando meus planos foram adiados. Só então percebi o quanto estava ansiando para ir atrás de Jess, para ter a sua amizade que fosse. Eu sentia a sua falta, mas não tive coragem de contar a ela que mais um ano nos distanciaria.
Tive que colocar gesso na perna, não pude trabalhar por vários dias, o que quase me fez perder o emprego se não fosse por uma lei que proibi a demissão de um funcionário lesionado.

Eu tinha perdido minha chance de estar com Jess outra vez. Minha chance de viver da dança.

Ainda que já tivesse aceitado que viveria aquele amor unilateral para sempre, queria estar perto dela. Já tinha aberto minha mente, aceitando que deveria encontrar outra pessoa para amar, mas ainda sentia saudade da melhor pessoa da minha vida. A única que nunca tinha me abandonado, que mesmo distante me ligava todas as noites para contar como os seus sonhos estavam se realizando.

Jess me mandava a toda data comemorativa um presente por correspondência. E eu tinha tantas fotos dela ao lado de Hoseok com um bilhete dela atrás, que acabei guardando aquelas fotos.

Minha vida era monótona sem ela, mas eu não podia reclamar. Ela ainda me ligava sempre que tinha alguma dúvida, ou queria um conselho com Hoseok.

Então uma noite eu conheci alguém. Estava andando pela rua movimentada, com as mãos dentro do bolso. Tinha deixado meus amigos para trás fazia pouco tempo, já que tinha decidido negar a carona deles para caminhar um pouco.
Estava triste porque era muito tarde, e Jess ainda não tinha me ligado. E provavelmente nem iria ligar.

Ela não tinha falado comigo o dia todo, nem por mensagem de texto. E aquilo estava ficando cada vez mais frequente naquela semana.

Estava distraído quando passei pelo alvoroço de pessoas que se empurravam para chegar mais perto de algo. As pessoas pareciam rodear algo, como se tivessem medo mas ao mesmo tempo estivessem curiosas.
Foi então que me permiti parar para ver, queria saber o que fascinava aquelas pessoas ao ponto de estarem todas reunidas àquela hora da noite em uma rua qualquer.

E foi então que eu a vi pela primeira vez, e eu nunca tinha visto nada como aquele olhar quando ele virou na minha direção.

4 - UnilateralWhere stories live. Discover now