Drunk

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Mariah

Depois da oitava dose eu percebo que talvez vir ao pub não tenha sido uma boa ideia. Algumas pessoas compartilham comigo olhares desgostosos e sorrisos fracos, como se todos aqui estivéssemos sendo sujeitos a um único sofrimento.

"Mais uma" Murmuro ao garçom, ele me olha com cara de reprovação. Ninguém nunca ensinou a esses caras que ganhar dinheiro é melhor do que qualquer outra coisa? Deveriam estar agradecendo meu estado e minha vontade de consumir tanto.

"É, bem, a senhorita não acha que está na hora de parar?" O rapaz comenta, nem consigo ver seu rosto com clareza, tudo está girando conforme eu pisco.

"Que porra, deveria apenas me servir e falar menos?"

Nem reconheço o rumo que as palavras tomam, "vadia mal educada" uma voz na minha cabeça grita. Até minha mente está contra mim mesma, sério universo? Já não basta Hanna e Harry?

Após virar a nona dose, decido ir ao banheiro já que minha bexiga parece que vai explodir a qualquer momento.
Eu cambaleio para a porta mais próxima, tenho certeza que é um banheiro de mulheres por ter duas garotas esperando na fila. Quantas pessoas quebraram o coração hoje? Deveria ser apenas eu, assim teria o banheiro bem vago só para mim.

Esperar me deixa tonta e pensativa, a imagem de Harry transando com Hanna enquanto cobre sua boca enche meus pensamentos. Uma vontade enorme de vômitar inunda meu estômago, não consigo parar de rever a cena nenhum minuto. Isso aconteceu de verdade? Diga-me que não, por favor. Eu necessito de uma prova, eu necessito de uma certeza que Hanna estava mesmo delirando por mais que ela estivesse muito sóbria na minha opnião.
Harry teria coragem de fazer isso comigo? Transando com outra na distância de apenas alguns cômodos nos afastando?

Algumas lágrimas ameaçam cair, eu estou fraca demais, tonta, sentindo o mundo cair aos meus pés. Conheço essa sensação, esse vazio, esse pensamento de ser facilmente substituída. Não posso aguentar tanta dor, não posso. Soluço em pensar nas outras possibilidades, ele com a maldita Hanna, em sua cama, em sua vida.

Droga, eu estou chorando feito uma criança sem o presente de natal.

"Você precisa de ajuda?" A voz vem de uma das garotas da fila do banheiro.

"Estou bem" Murmuro, fraca.

Sem conseguir pensar em mais nada, baixo meu olhar para o chão e tento conter as lágrimas, sinto dois braços me rodearem, um cheiro de pirulito invadir meu nariz e a voz doce dizer.

"Seja o que for que esteja passando, você não merece isso, com certeza não merece e é forte demais para suportar toda a dor e vai se manter forte por todo o tempo, tudo bem? Se mantenha forte"

Por um segundo achei que estava no mundo encantado dos doces, só quando percebo que a garota me abraça e passa as mãos pela minha cintura, é como um abraço de urso. Deixo um obrigada em forma de sussurro e forço o meu melhor sorriso para a menina. Ela com certeza é mais nova que eu uns dois ou três anos, nunca esperei ser pega de surpresa assim, foi bom me sentir amada pelo menos um pouquinho.

Após sair do banheiro, o pub parece ter voado até as núvens e ido direto ao paraíso, vejo dois caras bebendo e sorrindo um para o outro em uma das mesas reservadas, tenho certeza que já os vi alguma vez durante toda a minha vida. Os dois morenos gargalham de alguma coisa enquanto o loiro trás bebidas para todos eles. Até me esforço para lembrar quem seja, porém meu cérebro só consegue pensar em algo: Hanna e Harry.

Caminho para fora e parece que andar aumentou dez vezes mais meu estado de inconsciência. Minha cabeça gira desconfortavelmente, meus pés mal conseguem se manter em equilíbrio.
O ar frio do estacionamento toma conta do meu corpo, como eu posso sentir frio se ainda é manhã? Estou tão bêbada assim? Droga.

Doctor Styles •hesOnde histórias criam vida. Descubra agora