#18

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{LIAM POINT OF VIEW}

Era quase meia noite quando cheguei no clube que meus amigos haviam fechado para fazer minha despedida de solteiro, deixei meu celular com os seguranças na porta, era uma regra naquele clube, haviam muitas pessoas ali, alguns rostos conhecidos e outros não. Eu já havia bebido algumas doses de whisky em casa mas nem mesmo isso foi capaz de me ajudar a relaxar, eu ainda estava com aquele video e aquelas palavras na cabeça e quando avistei Kevin vindo em minha direção foi como se tudo viesse a tona.

Kevin, junto com Lorenzo e Davi vieram até mim.
— Fala aí cara, olha só essas belezinhas que estão aqui especialmente pra você hoje. - Disse Lorenzo apontando para algumas garotas que dançavam em postes de pole dance ali ao lado. Eu poderia ter
admirado a visão se eu não estivesse relembrando cada palavra que o cara na minha frente tinha falado sobre mim para Hellena.
— Hoje nós vamos aproveitar, irmão — Disse Kevin colocando o braço sobre meus ombros. Eu senti uma enorme raiva subir em mim quando ele me tocou e me chamou de "irmão" mas me segurei, não queria estragar minha noite pensando naquelas coisas. Sem dizer nada eu sai de perto dele e fui até uma garota que estava me encarando perto do bar, sem me importar com o que eles pensariam. Me aproximei e ela sorriu. Tinha a pele bronzeada, longos cabelos loiros e um vestido curto muito justo em seu corpo, chamei o barista.
- Uma dose de tequila por favor. - eu pedi. Ele pegou o copo de dose e encheu com o líquido transparente. Eu virei rapidamente sentindo aquilo queimar na minha garganta. Queria beber até esquecer daquele maldito casamento por contrato com uma garota que deixava bem claro que me odiava e provavelmente faria da minha vida um inferno.
— Olá — eu disse para a garota de vestido rosa ao meu lado. Ela olhou pra mim e sorriu.
— Oi. - Ela respondeu.
— Notei você me olhando la do outro lado... gostou do que viu? — Eu disse, ela sorriu e mordeu o lábio.
— Você é o Liam Suller, né? — ela perguntou, brincando com uma mecha de cabelo com o dedo.
— Sim.... E seu nome é? —
— Alice. — Respondeu ela, olhando para minha boca.
— Alice... você não me respondeu.— eu disse e ela sorriu.
— Não respondi o que? - perguntou. Eu me aproximei dela e vi ela morder o lábio novamente. Fácil, fácil demais...
— Você gostou do que viu? - Perguntei novamente. Ja tinha usado essa cantada outras vezes e nunca falhava.
- É meio difícil não gostar... - Respondeu ela, rendida.
- Posso te dar um motivo para gostar mais ainda. - Eu disse me aproximando mais da garota, que já havia esquecido o nome.
- Estou esperando... - disse ela olhando para minha boca. Eu puxei ela pela cintura e a beijei. Enquanto a beijava pensei em como era estranho o fato de todas as garotas parecerem beijar exatamente da mesma forma, sempre meio agressivo e "faminto", era quase como beijar a mesma pessoa em corpos diferentes. Até mesmo o modo de agir, eram todas iguais e sempre fáceis de conquistar. Eu finalizei o beijo depois de alguns minutos.
— Te vejo mais tarde. — Eu disse baixo no ouvido dela antes de sair.

Eu continuei bebendo, cumprimentando conhecidos, conversando com outras garotas, observava a garota de vestido rosa me encarar durante toda a noite, eu sabia que ela queria mais. Em algum momento, Kevin surgiu do nada e me puxou pelo braço, passamos por entre as pessoas até subir no palco onde ficava o pole dance. Ele me sentou em uma cadeira posta lá e eu mau tive tempo para entender o que estava acontecendo.
Logo uma das dançarinas veio dançar para mim.
Todos que assistiam ficaram gritando e assoviando.
Ela abriu os botões da blusa social preta que eu vestia e beijou meu corpo, eu tentava sentir algo mas só conseguia olhar para Kevin que estava lá na frente com meus amigos gritando e aplaudindo, como ele conseguia ser tão falso? Fiquei ali esperando a dança terminar e sem conseguir me divertir em meio a todos aqueles pensamentos de raiva que pareciam ter aumentado a intensidade com o álcool que eu tinha ingerido.

Quando desci do palco estava vestindo minha blusa quando Kevin veio novamente até mim. A naturalidade em que ele estava agindo me irritava grandemente.
— Eai irmão, ta curtindo a festa? — ele perguntou.
— Como não curtir uma festa cheia de strippers? — Eu disse de forma seca.
— Aproveita bastante mano, por que daqui a pouco você vai estar na coleira. — Disse ele rindo e me dando tapinhas nas costas.
— Coleira? Você sabe que eu sou o Liam Suller. — eu disse ironicamente. Ele riu mas sua risada me enojava. Eu evitava olhar para ele e continuava olhando ao redor na festa.
— Mas com uma mulher daquele porte dentro de casa, eu duvido que você não dê uma sossegada. — ele brincou. Eu olhei para ele, eu não teria me importado com essa frase se eu não soubesse do que ele era capaz.
— Cuidado com as palavras Kevin. — eu disse com um leve riso, que era mais de aviso do que de divertimento. Kevin bebericou um pouco do seu copo de Gin.
— Isso é um elogio cara! Você mandou bem pra caramba em laçar aquela patricinha. — disse Kevin. Eu senti como se a música tivesse parado, mesmo sabendo que ela ainda estava lá, talvez eu já estivesse muito bêbado mas tudo o que eu via era Kevin na minha frente enquanto eu sentia meu sangue ferver de raiva. Eu decidi testa-lo.
— Diz aí, você pegaria ela? — Perguntei tentando soar descontraído. Se ele não estivesse igualmente bêbado, talvez ele teria percebido a raiva exposta na minha cara. Ele sorriu e eu pude observar um traço de ironia, como se ele tivesse se lembrado de uma piada interna. De repente eu percebi que a piada era eu. Ele não só pegaria como teria pegado, no dia do meu noivado, e como provavelmente, planejava pegar um dia. A forma que Hellena agiu como se ele tivesse chance tornava tudo pior, eu me sentia humilhado, por ser traído pelo meu melhor amigo e principalmente por não poder revelar que ela não é minha noiva de verdade.
— Olha irmã, se ela não estivesse com você em outras circunstâncias talvez... Mas você sabe que é como um irmão pra mim, eu nunca trairia nossa amizade, eu vejo ela praticamente como um homem cara, um mano, entende? — Ele disse rindo e soando extremamente convincente. De um jeito que eu teria acreditado. Eu o xinguei na minha cabeça e senti o ódio tomar conta de mim. Suas últimas palavras expressavam o tamanho da sua falsidade. Eu poderia ser chamado de galinha, devasso, irresponsável, mas nunca de traidor ou mentiroso. Eu odiava mentira, desde descobri as mentiras do meu pai. Eu nunca estive ou quis estar em um relacionamento, mas quando se tratava de amizade, eu sempre foi leal aos meus amigos. Eu não poderia aceitar tamanha falsidade. Sem pensar direito e queimando ódio em mim eu fechei meu punho e soquei forte o rosto de Kevin. Ele caiu para trás e segurou o rosto. Observei que as pessoas pararam de dançar e beber ao redor e olharam o que tinha acontecido.
— Como você consegue mentir na minha cara? — Eu gritei olhando pra ele. Ele se levantou olhando para mim parecendo também estar cheio de raiva, sua boca estava cortada e sangrava. A música parou e um circulo de pessoas se formava ao nosso redor.
- Do que você ta falando? - Perguntou Kevin. A forma que ele estava se fazendo se idiota me deixou com mais raiva e eu o empurrei com força.
- Do que eu estou falando? Você acha que eu não sei o que aconteceu no meu quarto no dia do noivado? - Eu disse. O rosto dele mudou de repente e ele pareceu assustado. A máscara dele tinha caído e ele sabia disso.
- Não sei o que ela te falou mas é tudo mentira, foi ela quem deu em cima de mim. - Ele disse na defensiva. Ele ter continuado mentindo me fez sentir ainda mais raiva e mais uma vez eu fui para cima dele e soquei seu rosto, desta vez ele vacilou para trás mas voltou na mesma intensidade de ódio e socou meu rosto de volta, eu estava tão bêbado que mal senti o golpe, mas aquilo acendeu mais a minha ira e eu fui até ele segurando a gola de sua blusa.
- Como você pode ser tão falso? - Eu disse olhando nos olhos dele, ele tentava se soltar.
- Por que você se importa tanto com isso? Estava traindo ela agora pouco. - Ele gritou.
— Eu te considerava como um irmão! Seu filho da mãe! — Mais uma onda de ódio veio sobre mim e então eu fui novamente pra cima dele e o soquei, agora ele revidava, caímos no chão enquanto eu o atingia com socos, o rosto dele sangrava. De repente Davi e Lorenzo surgiram no meio da multidão ao nosso redor e apartaram a nossa briga. Eu ainda olhava para Kevin com raiva.
— O que ta acontecendo? —- eles perguntavam diversas vezes.
— Ele é um falso descarado. E eu quero ele fora daqui! — Eu gritava. Eu tentei me soltar das mãos de Lorenzo que me segurava pelos braços.
— Sai daqui Kevin! Agora! — Eu exigi. Ele me lançou um olhar de ódio e se soltou de Davi indo em direção à porta. Eu olhei para todas as pessoas ao redor olhando para mim, a adrenalina já tinha feito passar todo o efeito do álcool, de repente eu pensava em como eu mal conhecia aquelas pessoas ali, agradeci por todos os celular ficarem na recepção do clube etiquetados e ninguém ter podido gravar aquela briga, por que certamente fariam e aquilo pararia na internet. Se eu não podia confiar nem naquele que me chamava de irmão, em quem eu poderia confiar?
— Eu quero todo mundo fora! Agora! Acabou a festa! — Eu gritei para todos ao redor.
— Calma mano— Disse Davi.
— Saiam agora. — eu gritei dando as costas.
E imediatamente todos começaram a sair do local.
Logo eu fiquei sozinho no clube pelo resto daquela noite, me sentei em um banco perto do bar e tomei mais doses do que eu deveria, mas o suficiente para me anestesiar.

Amor em Chamas: O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora