#19

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— Você está linda. — Disse meu pai, sentado meu lado no banco de trás do carro. Ele quase não cabia no banco devido ao grande volume do meu vestido.
Eu dei um sorriso forçado.
Da janela do carro eu só conseguia ver grandes portões de madeira que davam para o salão onde estava organizado o casamento.
Eu fechei os olhos e aproveitei meus últimos minutos de vida sem estar unida perante a lei e um contrato ao cara que uma vez, destruiu minha vida.

Ouvi algumas batidas no vidro do carro. Abri os olhos vendo a cerimonialista nos chamando.
— Ta na hora, filha. — meu pai disse.
Eu respirei fundo e assenti para ele, que abriu a porta do carro e me ajudou a descer. O longo vestido branco pesava um pouco em meu corpo, por algum motivo parecia ainda mais pesado do que no dia da prova. Meu cabelo estava preso em um penteado complexo abaixo do véu, minha maquiagem estava impecável, eu me sentiria extremamente linda e feliz se fosse em outras circunstâncias. Cheguei em frente as grandes portas de madeira escura. A cerimonialista arrumou meu vestido enquanto eu estava de pé esperando as portas se abrirem, meu pai se pôs ao meu lado, segurando meu braço. Quando olhei para ele ao meu lado e quando cai em mim que estava vivendo este momento tão sonhado de uma forma totalmente falsa, eu senti meus olhos se encherem de lágrimas.
— 1 minuto para a entrada da noiva. — disse a cerimonialista depois de se comunicar com alguém pelo ponto em sua orelha, ela me entregou o buquê de rosas brancas e eu me posicionei esperando as portas se abrirem.
Eu respirei fundo mais uma vez, e meu coração acelerou quando eu ouvi a marcha nupcial tocando.
Os dois lados do portão foram abertos por dentro, a primeira coisa que eu vi foi Liam parado no altar. Ele também olhava para mim, como todas as outras pessoas sentadas nos bancos de madeira aos lados. Caminhei lentamente pelo tapete vermelho cheio de pétalas de rosa branca, haviam muitas flores decorando todo o ambiente, sabia que em maior parte, os bancos estavam cheios de pessoas que eu nem conhecia. Eu tentei sorrir, eu juro que tentei, mas era impossível. Eu estava gastando toda a minha força para segurar as lágrimas. Eu não podia chorar, seria humilhante demais, todos ali pensariam que eu estava chorando de emoção por estar casando com o amor da minha vida, mas seria uma terrível mentira, eu estaria chorando por precisar estar ali, por não poder sair correndo daquele lugar.
Eu e meu pai caminhamos devagar até o altar enquanto a marcha tocava. Paramos próximo ao altar seguindo o roteiro que a cerimonialista havia nos dado uns dias antes, Liam veio até nós, apertou a mão de meu pai e então segurou a minha mão. Ele vestia um tradicional terno preto e seu cabelo estava mais alinhado do que o normal, ele me olhava de uma forma estranha. Meu pai foi para o seu lugar no banco próximo aos pais de Liam. A mãe de Liam veio até mim e pegou o meu buquê para segura-lo. Caminhamos até o altar e paramos em frente ao celebrante que iniciou o casamento.
—  Nesta noite tão bonita, estamos aqui para testemunhar e oficializar a união matrimonial entre Liam e Hellena. — Começou ele. Eu me perguntava quanto tempo aquilo duraria. A previsão de duração da cerimônia estava prevista para 40 minutos, mas eu torcia para durar menos. Queria acabar isso o mais rápido possível.
Em algum momento enquanto o celebrante falava suas lindas palavras sobre o amor, eu decidi desligar meu cérebro e me perdi em meus pensamentos. Ainda estava ignorando as palavras, que estavam sendo ditas quando eu percebi que deveria prestar um pouco mais de atenção para o momento em que precisasse dizer Sim. Por um segundo eu pensei "e se eu dissesse não?", quem me dera poder dizer não! Mas foi ao pensar nisso quando de repente eu gelei. Depois do Sim, vem o beijo. Em todo esse tempo, eu estive tão focada em como a pior parte seria a convivência com Liam por dois anos que me esqueci completamente da parte do beijo. Eu teria que beijar Liam, bem ali, na frente todo mundo. Eu engoli seco e senti minhas mãos suarem de nervosismo, naquele momento comecei a desejar o contrário de antes, queria que os 40 minutos demorassem muito. Que não terminassem nunca.

Eu respirei fundo e tentava me acalmar. Era só um beijo rápido, eu poderia fazer isso. Eu poderia beijar esse cara pelo qual guardava tanto ódio, eu poderia beijar a boca pela qual eu já tinha ouvido tantos insultos... Eu sentia que iria vomitar bem no meio do altar. O celebrante nos conduziu pelos votos e chegou a hora do Sim.
— Liam Romanov Suller, é de livre e espontânea vontade que você aceita Hellena como sua companheira em matrimônio? —
— Sim. — disse Liam olhando para mim, seu rosto era indecifrável.

— Hellena Xīn-Yang Gilleard é de livre e espontânea vontade que você aceita Liam como seu companheiro em matrimônio? —
Na verdade, não. eu pensei.
— Sim. — eu disse.

O celebrante pegou as alianças que estavam ali na mesa sob o altar e entregou para Liam a minha aliança, ele pegou a minha mão esquerda e começou a dizer os votos: — Eu, Liam Suller aceito você, Hellena Gilleard como minha esposa e prometo te amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas. — e então ele colocou a aliança dourada no meu dedo anelar.
E então o cerimonialista colocou o microfone em minha direção, torci para não errar o pequeno trecho dos votos, já que toda vez que eu tentava decorá-lo eu me sentia ridícula falando aquilo.
Eu peguei a mão de Liam e posicionei a aliança em seu dedo e disse: — Eu, Hellena Gilleard aceito você, Liam Suller como meu marido e prometo te amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas. —
Encaixei a aliança em seu dedo ao terminar de falar. Eu sentia uma terrível sensação de borboletas voando em meu estômago ao pensar no que viria a seguir. Meu coração disparava em meu peito. O celebrante prosseguiu dizendo: — E assim, tendo testemunhado sua troca de votos diante de todos que estão aqui hoje, selamos este amor e é com grande alegria que os declaramos marido e mulher. Pode beijar a noiva! - Ele disse, e então deu alguns passos para trás.

Eu parei de respirar por um segundo quando senti Liam se virando para mim, eu me virei de frente para ele mas não consegui encara-lo, instintivamente eu olhei para todas as pessoas olhando para nós e comecei a me sentir meio tonta, eu sentia que iria desmaiar a qualquer momento quando senti a mão de Liam virar meu rosto me forçando a olhar para ele. Ele se aproximou e eu sentia como se o mundo estivesse em câmera lenta, ou talvez meu corpo realmente estivesse precedendo um desmaio. Ele colocou sua mão livre em minha cintura e seu toque era firme, eu me lembrei de respirar quando vi que ele percebera meu nervosismo e me lançava um sorrisinho sarcástico de canto, infelizmente eu estava atordoada demais para me irritar com ele naquele momento. Era uma ótima ora para sair correndo. Ele aproximou seu rosto do meu e tudo o que eu consegui fazer foi fechas os olhos e aceitar meu terrível destino. Eu senti ele encostar seus lábios nos meus, a princípio ele selou nossos lábios suavemente, eu não entendia direito o que controlava meu corpo quando ele abriu um pouco os lábios envolvendo os meus e eu lhe dei abertura me deixando levar, neste momento uma forte energia revigorou meu corpo e eu não sentia mais que ia desmaiar, de alguma forma minhas mãos foram parar nos braços dele e eu só percebi a firmeza em que o segurava quando me lembrei de que quem eu estava beijando era Liam Suller e usei minhas mãos para afasta-lo. Sem dúvidas eu estava errada sobre o beijo, não foi a pior parte, a pior parte foi encarar ele nos segundo após beija-lo. Ele parecia igualmente meio constrangido, eu logo desviei meus olhos para as pessoas que nos assistiam que gritavam, aplaudiam e assoviavam.

O celebrante retornou a mesa a nossa frente e nos entregou uma caneta, para assinar dois dos papéis que estavam ali. Um do papéis representava o casamento civil e o outro o contrato.
Liam assinou e me entregou a caneta, eu assinei em seguida e logo o celebrante levou os papéis e se retirou. E a partir daquele momento eu estava oficialmente casada com o homem que eu mais odiava.

Amor em Chamas: O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora