#22

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Sentia meu corpo todo envolvido pela sensação agradável da água quente da banheira. Estava bem decidida a aproveitar Paris o máximo possível e simplesmente ignorar a presença de Liam ou o fato de que tínhamos nos casado.
Fiquei planejando mentalmente as as coisas que iria fazer naquele e nos próximos dias.
Como: Visitar o Museu do Louvre; Fazer um passeio em um barco Noturno; Irei ao Palácio e Jardim de Versalhes; Vou ir a Torre Eiffel; e claro... ir no máximo de cafeterias parisienses possíveis.

Os dias seguintes da "Lua de Mel" foram surpreendentemente tranquilos, eu quase não via Liam, ele praticamente se entocava no quarto, só nos esbarravamos ás vezes pela suíte, mas nem mesmo diálogos eram necessários.

Acordei de uma noite de sono tranquila em meio aos lençóis brancos da cama, já estava em meu 5° dia em Paris. Saí do quarto e fui até o banheiro, tomei um banho rápido e fiz minha higiene matinal. Ao sair, pedi para entregarem o café da manhã no quarto, quando a camareira trouxe eu fui até a varanda para comer enquanto admirava a vista da linda Torre Eiffel. O dia estava lindo, o céu radiava um intenso tom de azul e isso tornava meu humor ainda melhor. Lá de fora pude observar que Liam saiu de seu quarto.
— Bonjour. — eu disse alto.
Ele olhou para mim e me lançou um olhar duvidoso e me ignorou entrando no banheiro. Ao que parece ele não confiava muito em meu bom humor.

Eu tinha feito muitas atividades nos últimos dias então sentia uma enorme preguiça de sair do hotel naquele dia, pretendia ficar no quarto e assistir netflix, talvez mais tarde eu saísse para jantar fora.
Eu ainda estava no mesmo lugar comendo um croissant quando Liam saiu do banheiro, com uma toalha na cintura, e todo o resto de seu corpo descoberto, revelando um abdômen super definido. Eu fui pega de surpresa então fiquei meio chocada com a visão. Ele olhou na minha direção e eu desviei o olhar rapidamente. Minhas suspeitas estavam certas, ele com certeza passa muito tempo na academia. Eu joguei todos os pensamentos que estavam na minha mente pra longe e fiz uma expressão de nojo largando meu croissant no prato quando percebi o que eu estava pensando.

Me levantei e me encostei nas grades da varanda, tentava esquecer a imagem de Liam seminu substituindo pela visão de Paris. Eu pulei de susto quando ouvi a voz dele atrás de mim.

— Eaí, o que tem feito? — Ele perguntou, de repente parando perto da mesa do café da manhã. Ele pegou uma pêra da cesta de frutas que estava sobre a mesa e se encostou na grade ao meu lado enquanto comia.
— Nada que seja da sua conta. — eu disse, sem muita empolgação e usando todas as minhas forças para não olhar para ele, estava meio envergonhada depois de vê-lo praticamente sem roupa pela primeira vez.
- Ah, já acabou o seu bom humor? - Ele disse dando uma mordida na pêra.
- Sim, sua presença me causa essa instabilidade. - Eu disse. Ele riu.
- Sabe Hellena, agora que estamos casados, você vai precisar superar as coisas do passado. Para que a gente possa... ter um bom convívio. - Ele disse como se fosse um homem maduro e sábio. Eu olhei para a cara dele que tinha uma expressão despreocupada e me lembrei o motivo pelo qual eu o odiava.
- Não precisamos ter um bom convívio. Podemos fazer um acordo, você finge que eu não existo e eu finjo que você não existe, assim nossos 2 anos juntos serão de pura tranquilidade. O que acha? - Eu sugeri me virando para ele e cruzando os braços. Ele levantou uma sobrancelha.
- Você realmente me odeia né? - Ele disse, mas não parecia se importar nenhum pouco.
- Eu tenho meus motivos. - disse.
- Motivos infantis... Eu era só um moleque naquela época, só estava brincando, por que guarda tanto rancor disso? - Ele falou, como se não fosse nada. Imediatamente a raiva se acendeu dentro de mim.
- Brincando? Liam, eu fiquei doente. Eu me sentia humilhada, desenvolvi anorexia e bulimia, sofri um acidente na academia por estar sem comer á dias, tudo para que você parasse de me chamar de... - eu soltei, mas parei de falar quando não consegui dizer em voz alta o apelido ridículo que ele tinha me dado naquela época. Liam parou de mastigar e olhava para o chão em silêncio.

- Olha, eu não tenho culpa se você era tão fraca e caia na pilha. - Ele disse. Eu me indignei com a forma como ele nem mesmo reconhecia sua culpa. Ele era literalmente o maior babaca.
- Você é um idiota. - Eu disse respirando fundo prestes a ir para o meu quarto.
- Ah Hellena, supera isso. Olha só para você agora, tem o corpo de uma supermodelo. Por que isso ainda importa? - Ele disse me fazendo parar e continuar falando. Eu me sentia tão irritada que podia sentir meu rosto queimar.
- Liam eu realmente espero que um dia você olhe para si mesmo e veja o quão nojento e desprezível você é. Você nem mesmo reconhece seus erros. - Eu disse. Ele franziu a testa e bufou em insatisfação.

— Que engraçado... você não parecia me achar tão "nojento e desprezível" alguns minutos atrás enquanto me encarava saindo do banho. — Ele disse. Eu fiz questão de rir como se ele tivesse contado uma ótima piada.
- Você acha mesmo que eu sou capaz de olhar para você como as outras que não te conhecem olham? - Eu disse em tom de ironia. Ele me irritava em níveis absurdos, mas quando ele me lançou um sorriso pervertido ele conseguiu extrapolar todos os meus níveis de irritação.
- Se eu acho? - Ele disse dando um passo para frente encurtando a distância entre nós. - eu tenho certeza. - Ele falou. Eu uni as sobrancelhas e abri a boca em indignação. Como ele conseguia além de tudo, ser tão convencido? Ele estava conseguindo estragar uma bela manhã agradável em Paris por simplesmente, existir.
- Você está errado. A única coisa que eu sinto por você é nojo. - Eu disse com firmeza olhando nos olhos dele. Ele deu mais um passo à frente e eu dei um passo para trás, o que fez ele sorrir de canto me irritando ainda mais. Eu queria desesperadamente sair dali mas por algum motivo ele ativava em mim um espírito competitivo e eu não poderia deixar ele vencer aquela discussão.
- Se eu quisesse, você estaria na minha cama. - Disse ele passando uma irritante tranquilidade na voz, ele parecia estar extremamente confiante do que falava e isso me enfureceu, eu precisava desesperadamente provar que ele estava errado.

- Acho que você está me confundindo, por que eu nunca, jamais, em hipótese alguma, deixaria você encostar em mim. - falei em alto e bom som. Ele riu, neste ponto eu já tinha certeza absoluta que ele estava usando aquela situação de propósito para me irritar e entendi que ele estava gostando de me ver irritada, então eu passei por cima do meu instinto de disputa e me forcei a ir para o meu quarto, não continuaria dando para ele a satisfação de ver irritada. Eu fechei a porta e me joguei na minha cama colocando o rosto no travesseiro enquanto abafei um grito soltando toda a minha raiva daquele homem absolutamente repugnante que agora eu teria que tolerar.

Amor em Chamas: O ContratoWhere stories live. Discover now