#23

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Assim que pisei fora do avião eu peguei um táxi e fui direto para a minha casa, que agora era a apenas a casa do meu pai, pelo menos pelos próximos dois anos. Ao chegar subi para o meu quarto e me assustei ao ver que meu Closet estava vazio e todas as minhas coisas não estavam lá. Imaginei que já tivesse tudo sido levado para a minha "nova casa". Eu deitei na minha cama e por algum motivo estranho, eu chorei. Ver meu quarto daquela forma fez eu sentir que aquele não era mais o meu quarto. Eu fiquei pensando em como deveria ser meu novo quarto na minha nova casa, eu só tinha o endereço salvo no meu celular, enviado pela Sra. Suller, mas não conhecia o local.
Eu sequei minhas lágrimas e me levantei, olhei para o meu quarto pela última vez e então saí dali. Eu não sabia mais para onde ir então fui até a garagem, peguei meu carro e dirigi para o Gilleard Hotel para ver meu pai

Deixei o carro no estacionamento do hotel e entrei, todos os funcionários me olhavam com curiosidade e me cumprimentavam, como sempre acontecia quando eu vinha aqui. Entrei no elevador e vi um rapaz alto de cabelos escuros vindo rapidamente na direção do elevador que já estava fechando, segurei a porta para que ele conseguisse entrar. Ele sorriu para mim.
- Obrigado! - Ele disse. Eu sorri em resposta. O rapaz usava terno e apertou o botão para o último andar, que era o setor administrativo, então percebi que era um funcionário. Esperei em silêncio pelo elevador subir até que chegamos no último andar, ao sair do elevador estava caminhando pelo corredor do hotel quando o rapaz que subira comigo tocou levemente meu braço.
- Oi, desculpa! Mas este é o andar administrativo, só para pessoas autorizadas. - ele disse. Eu franzi a testa em resposta, provavelmente ele era novato e não sabia quem eu era. Eu ri suavemente.
- Eu sei. - eu disse em tom descontraído, ele pareceu não entender, provavelmente pensava que eu não poderia ser uma funcionária por não estar vestida como uma, havia acabado de chegar de viagem então ainda usava um vestido de estampa floral e uma sandália de salto preta, praticamente uma vestimenta para passeio. Chegamos na porta do setor administrativo e o segurança que estava ali sorriu para mim.
- Boa tarde Senhorita... quer dizer, Senhora Hellena! Seja bem-vinda! - Ele disse, usando seu crachá para liberar a porta. Aquela foi a primeira vez que eu ouvi alguém me chamando de "senhora" e soou bem estranho, ainda era estranho aceitar que eu estava "casada" para a sociedade.
- Boa tarde! Meu pai está na sala dele? - Eu perguntei.
- O Sr. Gilleard está em reunião, mas acredito que já deve estar terminando. - Ele disse.
- Ok, obrigada! - Eu disse, eu passei pela porta me deparando com o extenso escritório, cheio de pessoas trabalhando e andando por ali, o rapaz que subira no elevador comigo entrou comigo e estava com os olhos arregalados parado ao meu lado.
- Me desculpe! Eu-eu não sabia. - Disse o rapaz, eu sorri para ele.
- Não se preocupe! Qual o seu nome? - Eu perguntei sorrindo.
- Meu nome é Nicolas... Eu me mudei para essa cidade recentemente e sou apenas um estagiário do setor financeiro aqui... - Ele disse, me fazendo entender por que ele parecia tão jovem, ele realmente era.
- Ah sim! Prazer Nicolas! - eu disse estendendo a mão, ele apertou minha mão sorrindo.
- NICOLAS! - Ouvi uma voz feminina gritando. Ele se assustou e olhou para trás, Patrícia, a gerente do setor financeiro que eu já conhecia por estar na empresa a anos, caminhava até nós. - Está incomodando a senhorita Hellena? - ela disse em um tom firme. - Desculpe! ele é só um estagiário! - disse Patrícia sorrindo exageradamente para mim, ela tinha por volta de 45 anos, cabelo louro curto e usava a roupa social padrão da empresa. Eu fiquei pensando se deveria corrigir ela ter me chamado de "senhorita", mas na verdade ouvir isso me trouxe um certo conforto.
- Ah, não se preocupe! Seu estagiário foi super educado. Foi um prazer te conhecer Nicolas! - eu disse sorrindo antes de ir em direção a sala de meu pai.
Conforme eu ia caminhando pelo escritório, todos os funcionários olhavam para mim e me cumprimentavam, fazia um bom tempo que eu não entrava ali. Entrei na sala de meu pai, que estava vazia e fechei a porta para esperar por ele. A sala era grande, o chão e as paredes eram brancas como todo o resto, a mobília era marrom escuro. Fui me sentar na grande cadeira de rodinhas atrás da mesa da sala. Haviam vários papéis organizados em pastas acima da mesa, um computador e uma plaquinha escrito "Ricardo Gilleard - Diretor Geral".
Eu dei alguns giros na cadeira me lembrando dos velhos tempos quando eu era apenas uma garotinha e vinha para a sala de meu pai. Estava esperando a alguns minutos quando ele finalmente abriu a porta.
- Hellena? - Ele disse surpreso. Eu sorri e ele sorriu de volta.
- Eu mesma. - eu disse.
- Você não me avisou que já tinha chegado! - Ele disse vindo em minha direção. Eu me levantei e o abracei.
- Eu quis fazer uma surpresa! - Eu disse.
- Como foi a viagem? - Ele perguntou.
- Paris continua lindo. - Eu disse. Caminhei pela sala despretensiosamente e me distrai lendo os títulos dos livros de uma estante ali perto. Meu pai se sentou em sua cadeira, ainda olhando para mim.
- E você e Liam estão se dando bem? - Ele ele perguntou. Eu respirei fundo me lembrando da nossa última discussão em Paris depois de eu decidir que não direcionaria mais a palavra a ele a menos que fosse caso de vida ou morte.
- Sim... claro... Mas eu queria te fazer uma pergunta. - Eu disse com toda a seriedade que existia em mim.
- Qual? - Ele perguntou com curiosidade.
- Quantos anos de prisão se pega por assassinar o marido? - Eu perguntei em tom de ironia. Meu pai serrou os olhos e eu ri.
- Estou brincando. - Falei. Antes fosse brincadeira.
- Você passou em casa para buscar seu carro? - Ele perguntou, mudando o assunto.
- Sim... vi que meu quarto já foi esvaziado. - eu disse me sentando na cadeira á frente da sua mesa.
- Sim, levaram suas coisas e do Liam para a nova casa de vocês ontem. - Ele disse.
- Hm... -
- Você já está com a chave? - Perguntou.
- Sim, Sra. Suller me entrou antes da viagem. -
- Certo! Mas não se esqueça de visitar o seu pai. - disse ele.
- Pode deixar! - eu disse sorrindo.
- Aproveitando que você está aqui... o que acha que pensar melhor sobre assumir o cargo de CEO? A sala é aqui ao lado e trabalhando aqui você poderi... - começou meu pai.
- É, acho que eu já vou indo! Só passei para dar um oi! - Eu disse o cortando antes que ele começasse com todo o discurso de tentar me convencer a trabalhar na empresa. Eu me levantei subitamente.
- Mas... - Ele disse.
- Tchau Papai! Até logo. - Eu disse rindo saindo da sala, sem dar mais chances de ele continuar sem discurso. Afinal eu sabia muito bem de quem eu havia puxado a minha teimosia.

Amor em Chamas: O ContratoWhere stories live. Discover now