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Eu coloquei o endereço enviado pela Sra. Suller no GPS e dirigi para meu infelizmente novo lar. Cheguei na porta de um condomínio, ao dar meu nome e anotar minha placa para ficar registrado, o porteiro me deixou entrar e eu dirigi até a casa informada. Notei que as casas do condomínio possuíam um grande espaço entre elas, o local era bem privado, perfeito para moradia de um casal secretamente falso. Cheguei em frente a minha nova casa, era uma casa grande e de arquitetura moderna, a frente havia uma vaga para para dois carros, que já estava ocupado pelo Porsche de Liam, eu revirei os olhos por agora saber que infelizmente já o encontraria em casa. Estacionei meu carro ao lado do carro dele e desci, caminhando para a porta da frente, peguei a chave mas a porta estava destrancada. Eu entrei e encontrei uma extensa sala de estar, o chão era revestido de porcelanato branco, as paredes também eram brancas, a sala tinha um grande sofá cinza em frente a uma TV de aproximadamente 85", ali também tinha uma pequena mesinha de centro de video sobre um grande tapete felpudo da cor creme. A cozinha era conjugada com a sala, os móveis e eletrodomésticos todos nas cores preto e branco ficavam encostados sob a parede do fundo a logo à frente havia um balcão de mármore preto com 3 bancos a frente. Eu caminhei pelo ambiente, ao lado esquerdo da cozinha tinha uma grande escada com corrimão de video, eu subi os degraus e encontrei um corredor com 4 portas. Fiquei parada ali com receio de abrir a porta errada e me deparar com Liam, já que não havia o visto lá embaixo, certamente ele já estava em um quarto. Então eu fui para a primeira porta e decidi bater, esperei e não obtive resposta então eu abri receosamente mas me deparei com um banheiro. Bati na segunda porta e não obtive resposta, abri e era uma sala sem muita mobília, o teto possuía um grande lustre e abaixo possuía apenas uma grande mesa de jantar de madeira escura com cadeiras no centro e alguns vasos de plantas em decoração. Eu bati na segunda porta, depois de esperar e não ter resposta eu abri e encontrei um quarto vazio, eu entrei e vi que a cama de casal estava perfeitamente arrumada, o quarto tinha as paredes brancas como do resto da casa, o quarto tinha um closet, assim que entrei encontrei lá todas as minhas roupas e um banheiro um pouco menor que o banheiro do lado de fora. Abri as portas de um pequeno armarinho e encontrei meu secador de cabelo rosa e minhas necessaires com todos os meus produtos e maquiagens. Eu fui até a janela do quarto, que tinha uma boa visão do céu, olhava ao redor tentando reconhecer aquele lugar como meu novo quarto. Me sentei na cama e era macia como a minha, eu poderia me acostumar. Fiquei olhando ao redor ainda me sentindo meio deslocada, então saí dali, deixando a porta aberta e desci para a sala.
Eu fui até a cozinha, abri a geladeira e para minha surpresa já estava cheia. A Sra. Suller havia dito que não poderíamos ter funcionários em período integral pois seria muito arriscado, então uma equipe de limpeza viria duas vezes na semana e ela ainda pediu que de preferência não estivéssemos em casa nos dias e horários da limpeza, um funcionário estava encarregado de fazer nossas compras quinzenalmente, então obviamente, ele ja havia feito as primeiras compras antes de chegarmos. Eu peguei uma garrafa d'água e enchi um copo de água. Bebi enquanto mais uma vez observava a minha nova casa.
- Isso vai ser bem estranho. - Eu disse sozinha com o copo na mão.

- Então além de ser mau-humorada você também fala sozinha? - disse Liam me assustando, enquanto descia as escadas. Ele vestia uma calça de linho e uma blusa branca. Levei a mão do meu coração que estava acelerado com o susto.
- Você me assustou. - Eu disse.
- Eu quem deveria ficar assustado em morar com uma garota que fala sozinha. - Ele disse se debruçando no balcão a minha frente. Eu olhei para ele por alguns segundos e logo me retirei da cozinha para evitar a proximidade. Eu sabia que bastavam algumas palavras para que ele me irritasse a ponto de sairem faíscas de fúria.

- Falar sozinho é super saudável. Você deveria tentar ao invés de ficar tentando falar comigo. - Eu disse. Eu me sentei no sofá, que ainda tinha cheiro de novo. Liam, por sua vez, se virou e cruzou os braços ainda encostado sob o balcão da cozinha.
- Nós moramos juntos agora, teremos que nos comunicar. - ele disse.
- Somente o necessário. - falei com firmeza. Eu peguei o controle e liguei a TV, abri a netflix e fiquei rodando o catálogo tediosamente. Liam continuava lá em silêncio. A coisa que ele fazia que eu mais gostava era essa: Silêncio.

- Onde estava? - ele perguntou. Olhei para ele com uma sobrancelha erguida. Que tipo de pergunta invasiva era aquela?
- Ok. Vamos deixar entendido algo aqui: não é por que moramos juntos que eu te devo satisfações. Ok? - Eu disse. Naquele momento eu percebi que esses dois anos não seriam fáceis como eu tentava fantasiar, ao que parece Liam gostava de ser irritante e não me daria paz.
- Foi matar a saudade do seu namoradinho? - ele disse com ironia em sua voz. Eu sabia que ele falava de Anthony, mas a forma que ele estava sendo invasivo de propósito me irritava.
- Liam, me erra, por favor. - falei, desligando a TV e decidindo que o melhor que eu poderia fazer era ficar trancada no meu quarto.
- Não arrisque o contrato por causa de um cara, não estou tomando cuidado e abrindo mão de um monte de coisas atoa. Entendeu? - ele disse. Eu me levantei e fui em direção a escada.
- Como eu já disse, eu não te devo satisfações... mas eu já te falei que ele não é meu namorado. O único idiota que pode arriscar o contrato aqui é você, já que eu duvido muito que vai conseguir ficar longe de festas e garotas de programa. - falei. Ele riu da forma irritante de sempre.
- Garotas de programa? - perguntou rindo.
- Sim... Mesmo que indiretamente, afinal é bem evidente que além de seus "amigos", as mulheres que você acha que tanto te desejam, também só vêem o seu dinheiro. Que na verdade nem é seu, não é mesmo? Afinal você não estaria aqui por contrato se seu pai não tivesse ameaçado cortar suas mordomias... - Eu falei venenosamente. Ele mordeu a isca pois percebi pela sua expressão que havia ficado irritado.
- Você não sabe nada sobre a minha vida, deveria aprender a calar a boca. - Disse ele com dureza.
- Eu calarei a minha se você calar a sua. - falei começando a subir os degrais.
- Sinto falta da época em que você não era assim tão ousada e agressiva... Lembra que você tinha um apelidinho, como era mesmo? - ele disse. Eu já estava de costas para ele quando parei e senti meu sangue começar a ferver. Ele não faria isso, faria?
- Ah, baleia esfomeada! Eu lembro que você detestava quanto te chamavam assim, seu rostinho redondo ficava tão vermelho que você parecia um tomate. - ele disse rindo, falava como se fosse uma informação irrelevante é engraçada. Lembranças do passado vieram a tona e eu senti raiva, muita raiva. Infelizmente a raiva encontrou uma saída diferente e começou a escorrer pelos meus olhos. Eu não poderia deixar ele ver que havia me atingido daquela forma, então eu não disse nada e subi as escadas. Entrei no meu novo quarto e me sente na cama, secando meus olhos com as mãos. Respirei fundo. Como ele podia ser tão babaca? Será que ele tinha noção do peso que aquele apelido tinha para mim? Eu me sentia furiosa, eu queria acabar com ele, queria desesperadamente fazer ele sofrer. Mas o que eu faria? Eu pensei e me lembrei de meu pai falando sobre como ele queria o cargo de CEO no Shopping do pai dele, e que logo após voltar de Paris assumiria o cargo de Diretor de Operações para se preparar para ser CEO um dia. Eu tracei um plano na minha mente, não tinha nem um pingo de certeza se daria certo, mas eu estava tão movida pela raiva que decidi tentar.

Amor em Chamas: O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora