Amor em Chamas: O Contrato

#32

{ HELLENA POINT OF VIEW }

Era segunda-feira e eu havia chegado em casa depois de mais um dia cansativo na Imperius. Assim que entre eu vi Liam usando suas roupas de academia bebendo água na cozinha. Passei por ele em silêncio e comecei a subir os degraus.
— Até quando você vai continuar com esse seu voto de silêncio ridículo? — ele disse. Eu não ia responder, pretendia continua ignorando mas parei no meio da escada com uma dúvida na minha mente. Me virei para ele que pareceu se surpreender com minha ação.

- Até algumas semanas atrás você não parecia se importar com nossa falta de comunicação. Por que agora se importa? - eu perguntei. Liam pareceu ser pego de surpresa.
- É errado eu querer me dar bem com a pessoa que vou dividir a casa pelos próximo dois anos? - ele perguntou.
- Não precisamos nos dar bem. Você só precisa me deixar em paz e eu te deixarei em paz. - eu disse com sinceridade.
- Por que você é tão difícil? - Ele disse, parecia mais um desabafo do que realmente algo direcionado a mim mas eu decidir responder.
- Eu não sou difícil. Eu sou apenas o seu karma. - falei com um sorriso. Ele riu e isso me irritou.
- Pra quem disse que não estava se vingando... você parece bem vingativa. -
- Eu só estou sendo cuidadosa, eu sei que você não presta e não vou me deixar levar pelo seu fingimento. -
- Eu já disse que não estou fingindo, por que você continua batendo nesta tecla? - Disse ele parecendo meio irritado.
- Eu não acredito em você. Você não vai conseguir me enganar. -
- Sabe o que eu acho? que você está com medo. - Ele disse. Ele veio até a escada ficando alguns degraus abaixo de mim. Ele olhava para o meu rosto e eu mantinha meus olhos fixos nos seus, tentando demonstrar segurança.
- Medo? - eu disse em tom de ironia.
- Sim. Você está com medo de se aproximar demais e acabar gostando de mim. - Ele disse. Eu primeiro olhei para ele estaticamente e logo cai na risada. Como ele conseguia ser tão convencido?
- Nem nos meus piores pesadelos. - Eu disse.
- Então você sonha comigo? - Ele disse. Estava me provocando, é claro. Ele sabia como isso me irritava.
- Por que você é tão irritante? Nem mesmo quando eu tento ficar em silêncio você consegue me deixar ter o prazer de fingir que você não existe. - Eu desabafei. Ele sorriu.
- Irritante? Você quis dizer "fascinante"? - Ele disse sarcasticamente. Revirei os olhos e respirei fundo
- Você continua terrivelmente convencido, desde a o ensino fundamental. - Eu falei, olhava para ele e lembrava de como ele sempre se achava o melhor entre todas as crianças. Ele ainda era o melhor atacante do time de futebol e se vangloriava disso.
- E você continua com o mesmo pavio curto. -
- Pavio curto? Você esperava que eu aceitasse suas humilhações sorrindo? - Eu disse. O sorriso convencido no rosto dele desapareceu em um instante. Eu não entendi a súbita mudança de reação mas não me importava. Voltei a subir as escadas e ele ficou lá, sem dizer mais nada.

Fui para o meu quarto e ja me sentia arrependida por ter quebrado meu silêncio com Liam. Eu deveria ter ficado quieta, afinal ele sempre me irritava sempre que conversávamos. Na verdade ele nem precisava falar para me irritar, bastava estar lá, respirando, além disso a forma como ele era esteticamente tão perfeito tornava tudo muito pior. Como alguém poderia ser tão desprezível e ter aquele rosto? Aqueles olhos tão azuis e para completar um corpo cheio de músculos bem definidos. Aquela beleza parecia um crime, literalmente parecia errado e um grande desperdício existir um ser humano tão bonito com uma personalidade tão feia. E como ele poderia insinuar que eu tinha "medo de me aproximar e gostar dele"? O pior de tudo nem era ele ser uma pessoa horrível habitando o corpo de um deus grego, mas ele saber que ele tinha essa grande vantagem a favor dele. Mas ele estava errado, aparência não é tudo o que importa, e seu abdômen perfeito não amenizava o fato de que ele era um babaca, eu jamais seria seduzida por ele. Seria? Claro que não. Eu gostaria de poder dizer para mim mesma que ele nem era tão bonito assim mas a imagem dele parado na escada olhando para mim tão de perto ainda estava bem fresca na minha mente então eu não poderia dizer isso, pois eu estaria mentindo. Mas me esquivei desses pensamentos e fui tomar um bom banho. Talvez o estresse do dia-a-dia na Imperius já estivessem afetando meus neurônios e me deixando meio louca.

-

A semana estava passando rapidamente, eu já pensava se seria cedo demais para pedir demissão. Voltava para casa um pouco mais tarde pois havia passado em uma butique para comprar um vestido novo para o baile beneficente que Sra. Suller havia me convidado. Na verdade parecia mais uma convocação, não senti que eu tinha muita opção.
Ao chegar no meu quarto eu deixei a sacola com o vestido em cima da minha cama e fui tomar banho.
Eu desci as escadas com os cabelos ainda molhados, fui preparar algo para comer. Eu fiz um sanduíche e enchi um copo de suco de uva. Eu estava bebendo um pouco quando avistei Liam descendo as escadas e mais uma vez ele estava sem camisa, exibindo seu abdômen perfeito. Eu engasguei com o suco e comece a tossir.
- Você está bem? - Ele disse. Eu não conseguia responder pois ainda estava tossindo. Para o meu desespero ele veio para perto de mim e colocou a mão nas minhas costas, eu recuei rapidamente. Liam ficou me olhando sem reação.
- Eu só ia te ajudar. - Ele disse.
Eu tossi mais algumas vezes limpando a garganta.
- Liam. Por que é tão difícil para você respeitar uma única regra? - Eu disse tentando mostrar o quanto eu estava furiosa. Eu me sentia totalmente constrangida enquanto ele estava desfilando seminu pela casa. A verdade é que eu não conseguia pensar direito ou agir como eu deveria agir enquanto ele estava assim. E isso fazia eu me odiar muito mais do que eu odiava ele. O que tinha de errado comigo? Ele pareceu não entender o que eu havia dito.
- Regra número 01: NÃO ANDAR SEMINU. - Eu disse notando que soei agressiva demais. O rosto dele se iluminou em compreensão. - E vamos acrescentar uma nova regra: Não encoste em mim. - Eu disse, estava totalmente horrorizada com a naturalidade em que ele veio me dar tapinhas nas costas para me ajudar com o engasgo, como se fossemos íntimos. Ele riu e se debruçou sobre a bancada da cozinha.
- Não andar sem blusa, não tocar em você... Assim você me deixa com ainda mais certeza de que está com medo. - Ele falou. Eu precisava me defender só não sabia como. Eu não poderia deixar ele pensar que me afetava com seu corpo perfeito então me recompus e fingi que aquilo não me afetava. Afinal era só o Liam Suller que me humilhava na escola e tornou a minha vida um inferno. Eu não podia me permitir esquecer isso.
- Eu não tenho nenhum tipo de medo. Essas regras são totalmente normais, pois apesar de morarmos juntos, nós somos dois estranhos e não temos nenhum tipo de intimidade. - Eu afirmei, mas ele continuou com um sorriso cínico no rosto.
- Nós não somos estranhos. - Ele disse com naturalidade.
- Sim, nós somos. Dois estranhos com um contrato. - Eu disse, passando por ele e pegando meu sanduíche e meu suco. Me sentei no banco perto da parede na bancada, o mais longe possível dele, que ainda se apoiava na ponta da bancada.
- Mas nós nos conhecemos desde o fundamental. - Ele disse.
- Isso não conta, por que nós não éramos amigos. Na verdade era bem o contrário. - Eu disse, me perguntava por que ainda estava perdendo meu tempo conversando com Liam, então mordi meu sanduíche. Me incomodava notar que ele ainda me observava.
- Isso não significa que a gente não possa ter uma amizade agora. - Ele insistia. Eu me perguntava por que ele ainda estava forçando essa imagem de cara legal. Era mil vezes pior do que o Liam que me irritava.
- Eu não faço amizade com babacas. - Eu disse ainda evitando olhar para ele.
- Que pena. Está perdendo a oportunidade de ter um ótimo amigo. - Ele disse em seu típico tom convencido.
- Então você admite que é um babaca? - eu o provoquei.
- Só se você admitir que tem uma queda por babacas. - Ele disse. Eu imediatamente fui dar uma risada em deboche mas novamente me engasguei, desta vez com o sanduíche. Tomei um pouco do suco e me levantei com o sanduíche e o copo nas mãos.
- Vou terminar de comer no meu quarto. - Eu disse subindo as escadas. Não suportaria mais nenhum segundo das piadas estúpidas de Liam. Por que ele tinha que ficar brincando daquela forma? Eu preferiria que ele me odiasse e me tratasse mal, seria menos estressante do que ele ficar constantemente jogando piadinhas para me provocar. Saber que ele fazia aquilo de propósito me irritava mais ainda.