TINTO SUAVE - Especial Dia dos Namorados -

•Rosê•

12 de junho - 8:25h

Buenos Aires - Argentina

Marcelo entrou no quarto sem nem olhar pra minha direção. Ele estava nu e excitado. Tentei chamar ele mas minha vez não saía.

  - Oi, mor. - ele disse. Não pra mim, mas para o rapaz que estava ajoelhado na cama.

  Ou era pra mim? O rapaz era uma cópia exata minha. Branco, magro e de cabelos encaracolados. Ele sorriu de volta.

  Meu namorado parou em frente ao meu clone e começou a tirar sua roupa. Lentamente e com carinho. Eu me debatia e tentava falar, gritar, xingar, mas não conseguia emitir som algum.

  - Preparado pra sentir seu negão dentro de você? - ele perguntou e deu uma risada zombeteira.

  A minha cópia concordou com a cabeça e se virou de costas, ficando de quatro. Marcelo passava a mão por sua coxa de um jeito provocante, deu uns apertões em sua nunca branca e magra, seguido de um tapa fraco.

  - Preparado, mor?

  Ele subitamente olhou pra trás, para os meus olhos, e entrou com força no seu amante com minha cara.

  Me debatia feito um louco mas não conseguia desviar a atenção da cena na minha frente. Marcelo fazia um vai e vem vigoroso, sua pele escura e brilhante em contraste com a (minha) pele pálida. Sempre olhando pra trás, para os meus olhos.

  Preparado, Mor?

  Preparado, MOR?

  PREPARADO, MOR?

  BAM!

   Acordei quase gritando e sentando na cama com tudo. Eu estava ensopado de suor e lágrimas.

  E completamente excitado.

  Levantei de um pulo e corri pra porta do quarto. O chaveiro na fechadura ainda balançava. Eu acordara com o som do Marcelo fechando a porta. Mais a vez ele saira sem eu perceber. Meu plano de segui lo foi por água abaixo mais uma vez.

  - MERDA!!! - GRITEI A PLENOS PULMÕES - MERDA!!!

  Sentei no chão frio e abracei meus joelhos. Eu não chorava, só tremia, muito. De raiva, frustração e vergonha.

  *

"Feliz dia dos Namorados!!
Mor, vou ter que passar o dia fora novamente. Essa filial d Buenos Aires tá um caos! ;(

Vou tentar sair antes das 20h pra gente comemorar esse dia juntinho, ok? Quando puder te mando mensagem! Bj"

  Amassei o bilhete e joguei no lixo. Eu estava na fossa. Toda minha energia e determinação fora trucidada. Eu só queria ir embora pra casa, esquecer dessa missão amarga cuja recompensa só me faria ficar pior.

  Abri o frigobar. Ao menos o hotel tinha reposto as bebidas  Entornei uma garrafa de um insosso tinto seco pra ver se pegava no sono novamente mas  o resultado foi inverso. Fiquei rolando na cama horas e horas com uma dor de cabeça chata.

  No começo da tarde meu celular vibrou. Mensagem do Marcelo.

  - Ei, mor! Consegui alguns minutos no escritório só pra te dar um "oi"!

  Fitei a tela do celular apático. Não iria fingir mais, mas também não queria ter aquela conversa por mensagem.

  - Que bom - respondi - Marcelo, preciso conversar com você.