#35

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Quando chegamos em casa, Liam se jogou no sofá. Parecia pensativo. Eu olhei para seu rosto sangrando e sem pensar duas vezes eu tirei meus saltos e subi as escadas rapidamente segurando eles nas mãos, deixei no chão do meu quarto e fui até meu banheiro. Abri a primeira gaveta abaixo da pia e peguei minha pequena necessaire de primeiros socorros. Eu desci as escadas novamente e encontrei Liam sentado no mesmo lugar. Eu me sentei ao lado dele que me olhava sem entender.
- Fica bem parado. - Eu disse. Peguei a solução asséptica e borrifei no corte que havia em sua bochecha.
- O que foi? - perguntei. Mas ele não respondeu.  Eu limpei o sangue do ferimento suavemente com um algodão. Peguei uma pomada e apliquei por cima e ele reagiu se afastando por reflexo.
- Eu disse para ficar parado. - reclamei. Finalizei colocando um curativo. Ele ainda olhava para mim com uma expressão incrédula.
- Pronto. Assim vai cicatrizar logo. - Eu disse. Eu pensava em como mesmo com um band-aid no rosto ele não deixava de ser bonito quando caí por mim que se tratava do LIAM e então eu me afastei subitamente.
— Então... desculpa por ter causado essa discórdoa entre você e Kevin. — Eu disse honestamente. Ele também havia se desculpado naquela noite então sentia que agora estávamos quites.
— Não precisa se desculpar por isso, na verdade você até me ajudou. — Ele disse afrouxando a gravata.
— Ajudei? — perguntei.
— Sim, você me mostrou quem ele é verdade. — disse Liam. Ja parecia mais tranquilo.
— Pelo menos tivemos um bom motivo para sair daquele baile. — Eu disse, sarcasticamente. Ele riu como se fosse uma excelente piada.
— Tem razão, eu estava louco pra sair de lá logo. —
— Seu pai parece ter ficado bravo. - eu disse.
- Já estou acostumado com isso. - ele disse, fiquei pensando no que aquilo significava. Ao que parece, ele não tinha uma boa relação com o pai.
Ficamos em silêncio por algum tempo, meu olhar estava perdido na parede da sala, quando olhei para o lado fiquei surpresa ao ver que Liam estava me observando. Ele sorriu. Meu coração deu um pulo inesperado com aquele sorriso estranhamente sedutor. Ele continuou olhando para mim e eu me desesperei para sair de perto dele.
— Acho que vou dormir. — eu disse.
— Tem certeza? — ele perguntou.
— Por que eu não teria? —
- Por que agora seria uma boa hora para a gente conversar. - Ele disse. Eu engoli seco.
- Conversar sobre o que? - 
- Sobre nós. - Ele disse. Eu torci para ter entendido errado.
- Nós? - Perguntei tentando fingir estar sob controle.
- Sim, o que nós estávamos conversando quando estávamos fora do salão. - Ele disse, eu respirei aliviada.
- Ah, claro. - Eu disse, arrumando a postura. Depois de toda aquela briga eu havia me esquecido da confissão de Liam e de toda aquela conversa.
- Então... estamos bem agora? - Ele perguntou, tentei olhar para ele mas por algum motivo eu não conseguia manter contato visual.
- Bom... se você continuar sendo esse Liam, sim. - Eu disse. Ele ergueu uma sobrancelha.
- Então ainda não confia totalmente? - perguntou.
- Confiar é uma palavra muito forte. - eu disse, ele riu.
- Você é uma garota difícil, Hellena. - disse Liam quase que num desabafo. Eu revirei os olhos.
- Eu tenho meus motivos. - Disse.
- Vai parar com os insultos?- perguntou.
- Ainda estou pensando sobre isso. - Eu disse em ironia. Liam sorriu e eu sorri para ele em resposta, mas quando me dei por mim eu comecei a achar aquela situação meio estranha e levantei subitamente.
- Estou meio exausta de todo esse lance de baile, perdão e brigas... então boa noite. - Eu disse antes de ir em direção as escadas.
- Boa noite Hellena. - pude ouvi-lo dizer antes de subir.
Eu fui para meu quarto, soltei meu cabelo e troquei meu vestido por um pijama de cetim confortável, depois de tirar a maquiagem eu me deitei na minha cama. Eu nem estava realmente com sono, mas eu precisava dormir, por que eu precisava simplesmente parar de pensar. Precisava parar de pensar nas mãos de Liam na minha cintura enquanto a gente dançava, no rosto dele tão perto do meu, na forma como ele sorriu pra mim alguns minutos atrás no sofá.
O que estava acontecendo comigo? Pensei estar perdendo a cabeça, ou enlouquecendo. Talvez fosse algum tipo de doença. Eu deveria ir no médico? Tem pessoas que acabam tendo casos de demência após um estresse pós-traumático. Com certeza esse casamento poderia ter me gerado algum estresse e trauma. Fazia sentido para mim. Talvez um psiquiatra pudesse resolver, seria algum tipo de distúrbio? Por que eu me sentiria atraída por Liam? Além do fato de ele ser extremamente atraente, eu sempre senti repugnância por ele. Por que aquilo estava acontecendo comigo? Eu coloquei o travesseiro em cima do meu rosto mas o rosto de Liam continuava assombrando a minha mente. Por que ele tinha que ser tão bonito?

Acordei com o som do despertador. Me levantei sem nenhum pouco de ânimo. Geralmente eu acordava de bom humor, mas desde que eu havia me tornado Diretora de Operações na Imperius, eu não sabia o que era acordar de um humor fazia um bom tempo. Enrolei um pouco na cama, sem querer levantar e encarar mais um dia e mais uma semana, acabei me atrasando um pouco e nem deu tempo de tomar café da manhã, quando cheguei no escritório pedi que minha secretária comprasse um latte para mim. Provavelmente a única coisa boa naquele emprego era ter uma secretária, ela tornava a minha vida muito mais fácil.
E lá se foi mais um dia de reuniões, documentos, decisões, problemas e planos de negócio. Quando finalmente chegou o fim do dia e eu dirigia para casa eu refletia se ainda tinha algum sentido em eu continuar trabalhando na Imperius depois de toda aquela conversa com Liam. Eu ainda tinha minhas dúvidas sobre a mudança repentina dele, mas conseguia entender que ele parecia estar passando por um processo. Eu queria acreditar que por mais improvável que fosse, que ele teria sim capacidade de se tornar alguém melhor. Eu ainda pretendia observa-lo mais um pouco antes de desistir do cargo, mas honestamente sentia que estava me sacrificando por nada. Afinal, se Liam estivesse mentindo isso só me provaria que ele é pior do que eu pensava e eu nem deveria sentir raiva mas pena. Eu não queria ser tola, mas por algum motivo, eu sentia que ele estava sendo sincero.

Amor em Chamas: O ContratoWhere stories live. Discover now