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{ HELLENA POINT OF VIEW }

No momento em que eu voltei para casa depois do hospital eu percebi que ela tinha passado a ter cheiro de lar. Não era mais só a casa em que eu morava com Liam temporariamente por conta do contrato e do casamento falso, aquela era verdadeiramente o nosso lar. Eu sorri ao olhar ao redor e ver tudo exatamente como eu me lembrava. Sentia um grande alívio em saber que todo aquele pesadelo tinha passado.

— É tão bom estar de volta em casa. — Eu disse sorrindo.
— É bom te ter de volta em casa. — Liam disse parando a minha frente.
Olhei para ele e reparei que estava parecendo cansado e até mesmo tinha olheiras, mas nem isso era capaz de atrapalhar sua beleza.
— Você precisa descansar. — Eu disse a ele.
Liam não havia dormido enquanto eu estava com os criminosos, ficou o tempo todo no hospital, só veio em casa buscar algumas roupas para mim e tomar banho e voltou rapidamente, eu vi ele cochilando poucas vezes na cadeira ao lado da minha cama. Nunca pensei que alguém poderia se preocupar tanto assim comigo.

Nós subimos as escadas de vagar, eu fui em direção a minha porta e já ia abrindo a maçaneta quando Liam segurou minha mão.
— Acho que já está na hora de compartilharmos o mesmo quarto, não acha?  — Ele disse.
Eu sorri para ele e então fomos para o quarto dele. Desde que começamos a namorar, eu e Liam dormíamos juntos no quarto dele algumas noites mas no geral eu ainda dormia no meu quarto onde estavam todas as minhas coisas, parecia tão normal que ainda não tinha pensado sobre dividirmos o quarto.

Nos deitamos na cama em silêncio olhando um para o outro por um tempo, só queria sentir esse momento, sentir que estava aqui, com ele.
— Eu senti tanto medo de te perder. — ele disse.
— Eu pensava em você o tempo todo. Pelo menos durante o tempo que passei consciente. —
— Nem consigo imaginar o que você passou lá. —
— Não imagine. O que importa é que está tudo bem agora e que eu estou aqui com você. — Eu disse, mas não podia negar que ainda me sentia insegura só de pensar em sair de casa de novo.

Um relance de preocupação passou pelos olhos dele.
— Quer falar sobre aquilo? — Ele disse, e sem nem mesmo precisar dizer o que, eu sabia o que era.
— Não acho que tenha o que falar sobre isso. —
— Como está se sentindo? — ele perguntou, com a expressão preocupada.
— Eu sinto que perdi alguma coisa. Uma coisa importante e valiosa. Que nem tive a chance de me alegrar em saber antes... — Eu disse.
- Quando for a hora certa, vai acontecer de novo. Não precisa ter medo. - Ele disse com confiança.
- Eu sei... de qualquer forma não estávamos prontos para ter um bebê. Acabamos de entender o que sentimos um pelo outro. - Eu disse.
- Eu me sinto pronto para encarar qualquer coisa do seu lado. - Disse Liam, me deixando sem palavras. Eu acariciei seu rosto com meu braço que não estava enfaixado.
- Você seria um ótimo pai, eu posso ver. - Eu disse. O rosto dele se iluminou ao ouvir.

— Vem aqui. — Disse Liam, ao me puxar para mais perto e me abraçar cuidadosamente.
Nos braços dele eu me sentia segura, qualquer relance de medo desaparecia. Eu ainda estava um pouco traumatizada com o escuro absoluto desde que saí daquele lugar, mas ao lado dele, eu sentia que podia fechar os olhos de novo, estava tudo bem, por que ele estava ali.

Acordei e tentei me levantar, faziam apenas 3 horas que tinhamos deitado para dormir, mas eu sentia sede e precisava de um banho, apesar de ter tomado banho pela manhã no hospital eu sentia que precisava de um banho em minha casa para me sentir melhor.
Quando me sentei na cama antes de levantar, Liam despertou subitamente e segurou meu braço levemente.
— E o repouso? — Ele disse com uma voz sonolenta.
— Eu prometo que já vou voltar. —
Então ele soltou minha mão e pareceu voltar a dormir, ele realmente estava muito cansado.

Fui até a cozinha e enchi um copo de água, enquanto o bebia olhava para a porta. Então fui até ela e conferi se estava trancada. Sabia que a casa ficava em um condomínio fechado e seguro mas eu ainda estava com um pouco de medo de acontecer algo de novo, então queria fazer o possível para estar segura.

Depois fui até o meu quarto pegar algumas roupas e decidi tomar banho lá mesmo.

Foi um pouco complicado tomar banho com o braço enfaixado mas eu consegui dar um jeito. Pelo menos os analgésicos não me permitem sentir nenhuma dor.

Ao sair do banho, voltei para o quarto de Liam e me deitei novamente na cama, me aninhei nele e voltei a dormir.
 

Assim que acordei, busquei desesperadamente por Liam ao meu lado.
— Liam? Liam? — eu chamava.
— Calma, eu to aqui. — Ele disse com a voz paciente, parecendo sonolento atrás de mim.
Eu me virei para ele e tentei afastar as imagens do pesadelo de minha mente. Eu não conseguia esquecer o desespero, a sensação daqueles dias.
Eu já tinha a primeira sessão com um psicólogo marcada, para me ajudar a superar o trauma. E já estava ansiosa por isso, por que precisava que aquilo parasse de me assombrar logo.
Liam me abraçou e enquanto eu estava bem próxima dele, eu me sentia mais segura.
Então consegui voltar a dormir.

Quando despertei novamente, já era de manhã. Liam se levantou primeiro e me trouxe café na cama.
— Isso é só por que eu estou de repouso ou eu posso começar a me acostumar? — Eu peguntei, enquanto ele colocava a bandeja acima das minhas pernas. Ele sorriu e se sentou ao meu lado.
- Eu posso fazer isso pelo resto da vida se você quiser. - ele disse.

Peguei meu celular, pela primeira vez desde que cheguei, e vi que tinham saído algumas notícias sobre o sequestro. Até que vi o seguinte título:
"Hellena Gilleard estava grávida de Liam Suller e perdeu o bebê durante o sequestro."
— Como assim? Como souberam disso? — Eu disse com o tom de voz elevado. Ler aquilo havia me irritado. Liam olhou para mim preocupado e sem entender, então passei o celular para ele.
— Isso é muito pessoal! Como descobriram? O hospital não deve sigilo aos pacientes? — eu dizia.
Ele também pareceu não gostar da notícia, mas tentou manter a calma.
— Calma Lena, depois a gente resolve isso. Só fica tranquila. —

Eu tentei seguir o conselho de Liam, apesar de ainda estar com raiva. É por isso que eu sempre odiei a mídia, eles vasculham sua vida e divulgam coisas pessoais e íntimas como essa, sem nem se importar com o emocional dos envolvidos.

Respirei fundo e bloqueei a tela do celular de novo, olhei para Liam e procurei me acalmar e esquecer aquela exposição desnecessária. Tudo o que importava era que aquele pesadelo já tinha passado. Eu estava de volta em casa, me recuperando e ao lado da única pessoa que fazia eu me sentir segura. Não iria deixar um site de fofoca idiota estragar isso.

Amor em Chamas: O ContratoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin