Emma perdeu as contas de quantas vezes tinha olhado para o relógio só na última meia hora. Roni estava atrasada.
Fazia mais de duas horas desde que ela havia ligado para avisar que estava a caminho de casa e ela costumava fazer o trajeto do bar até em casa em pouco menos de quarenta minutos.
Naquele dia, Roni e Emma estavam completando dez anos de casadas, oficialmente. Haviam almoçado juntas para comemorar, mas Emma havia planejado uma surpresa para a esposa. Preparou um jantar especial com a comida e o vinho favoritos dela, colocou uma toalha branca sobre a mesa, decorou o ambiente com pétalas de rosas e pôs um vaso no centro da mesa contendo apenas três rosas vermelhas, propositalmente, além espalhar velas por toda a sala de jantar formando um caminho que a levaria da porta por onde ela passaria até a sala de jantar. Ao lado das flores, colocou a pequena caixa branca que usaria para revelar o verdadeiro motivo daquela surpresa.
Quando estava tudo pronto, Emma tomou um banho relaxante e escolheu um vestido que, com certeza, Roni acharia sensual.
Era bom que ela gostasse, pensou Emma, afinal, havia tido muito trabalho para trocar o plantão no hospital só para ter a tarde livre para ir ao shopping e ainda ter tempo de preparar aquela noite para elas.
Roni era proprietária do Roni's Bar, no East Village, em Nova York. Emma estava a poucas semanas de concluir sua especialização em cirurgia materno-fetal no hospital universitário New York Presbyterian. Elas eram felizes juntas, trabalhavam no que gostavam e logo realizariam mais um sonho.
Emma consultou o relógio mais uma vez. Estava começando a ficar preocupada com a demora de Roni. Pegou o celular que havia deixado sobre o sofá e discou o número dela. A ligação caiu direto na caixa postal. Decidiu deixar um recado.
– Roni, onde você está? Estou te esperando há um tempão. Você disse que já estava a caminho. Aconteceu alguma coisa? Me liga, está bem? – desligou e jogou o aparelho de volta no sofá.
Cinco minutos mais tarde, estava cansada de esperar. A comida estava fria e a verdade era que Emma também tinha perdido o apetite. Mesmo assim, sentou-se à mesa, serviu-se de uma taça de vinho e ficou ali, perdida em pensamentos. Quando levou a taça aos lábios e odor do vinho invadiu suas narinas, lembrou-se de que não podia beber.
Droga!
Mais ou menos dois anos antes, Roni havia decidido que estava na hora de terem um filho. Emma recusou a ideia de imediato, afinal, estava terminando a especialização em cirurgia e obstetrícia e passar por uma gravidez durante essa fase da sua formação não parecia ser uma boa ideia.
Roni não podia engravidar por ser portadora de uma síndrome que a fez nascer sem o útero. Era o que ela havia lhe contado quando tocaram no assunto. Elas conversaram sobre isso e chegaram ao consenso de que aquele não era o momento certo.
Meses depois, Roni voltou a tocar no assunto. Emma mais uma vez tentou adiar os planos de aumentar a família. Havia acabado de conseguir uma bolsa para uma especialização em cirurgia materno-fetal. Roni, porém, havia sido mais convincente daquela vez, com o argumento de que Emma sempre estaria em um período importante na carreira e ela não queria mais esperar para começarem a construir a família que sonhavam desde antes de se casarem. Emma, então, deu início ao tratamento e engravidou na primeira tentativa. A gravidez não vingou. Elas tentaram outras duas vezes, sem sucesso. Agora, o jantar que havia passado os últimos dias planejando para lhe contar que tinha feito outro tratamento, que a quarta tentativa de inseminação artificial havia funcionado e que havia esperado que o primeiro trimestre se concluísse para lhe contar que elas seriam mamães havia sido estragado porque Roni não tinha chegado em casa no horário que havia dito que chegaria.

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The Sister ✓
FanfictionEmma Swan estava ansiosa para contar à sua esposa que elas finalmente teriam seu primeiro filho juntas. No entanto, sua vida mudou completamente no instante em que recebeu a devastadora notícia de que Roni havia falecido em um trágico acidente de ca...