Cap 1

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-Benson-

Não consigo compreender, já se passaram tantos anos e eu ainda tenho medo

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Não consigo compreender, já se passaram tantos anos e eu ainda tenho medo. Medo de tudo, da forma como ele amarra meus punhos me deixando superior ao chão e soca minha barriga com força. As palavras ainda são vivas em minha memória: "-Cada soco serve para você virar homem Benson! Papai está educando você filho!" Meu abdome por dentro queima como se fosse se consumir por um fogo destruidor, sinto náuseas e muito das vezes faço minhas necessidades na roupa mesmo, ganho um castigo pior por tanta fraqueza, é nessa hora que eu mais grito. Os alicates são colocados em meus dedos e ele me choca me fazendo tremer como uma máquina com defeito. Ao final da sua tortura que segundo ele é uma correção, me desamarra me deixando como um verme no chão frio, foi tantas noites que passei ali que não sou capaz de contar, pois com certeza é mais fácil lembrar a raiz quadrada de 65.205. 

_ Erika! 

Ouço sua voz e fico apavorado. No sótão onde me abrigo não tem espaço para me esconder, nesse lugar escuro que só entra claridade na manhã, tem um armário cinza caindo aos pedaços e um colchonete velho, o mesmo que me abriga durante a noite. Corro ficando ao lado do armário encolhido. 

_ Cadê aquele lixo do Benson?

Engulho em seco, aposto que seu dia foi uma uma droga e ele quer descontar suas frustrações em mim. 

_ No lugar que ele sempre está, naquele ninho de ratos! 

_ BENSON! 

Grita, minha respiração vem a ficar sôfrega. 

_ Anda filhinho, você vai fazer um parada pra mim. 

Seus passos são cada vez mais evidente. Amedrontado meus dentes não param de ranger. 

_ Estou com uma lanterna filho, você sabe que vou encontrar você né? 

Escondo minha cabeça em meus joelhos como se pudesse desaparecer. 

_ Hehehe... 

Ao ressoar por todo o ambiente, sua voz diabólica entra em meu corpo fazendo cada célula de dentro de mim brigarem entre si, me causando uma grande dor por antecipação. O suor recair da minha cabeça e escorre por todo meu rosto. 

_ Falei que te acharia filhinho. 

Tampo meus olhos pela claridade que os atinge, sua mão grande toma meu pulso para si e ele me puxa, desce os degraus da escada sem nenhum cuidado me fazendo cambalear assim que meus pés atinge o chão. 

_ Vai lá no Nando e vai entregar essas paradas aqui. 

Ainda sem olhar nos seus olhos levanto um pouco meu olhar para a bolsa que ele estende em minha direção. 

_ Vai no pé e volta no outro em moleque! 

Pego a bolsa ainda de cabeça baixa, passo por ele recebendo um leve tapa na nuca. Saio de casa andando um bom tempo até chegar na área do Nando, o avisto em uma boca de fumo. Me aproximo. 

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