C A O S

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O garotinho de cabelos escuros não conseguia sequer pensar direito mesmo com o mundo passando lentamente pelos seus olhos

Aquele velho relógio pendurado na parede era a única coisa que estava o entretendo naquele instante. Tudo era e ficava ruim quando em casa estava, mas não iria adiantar tentar fugir do monstro que o atormenta

Seu coração disparado estava, sua mente destruída com os pensamentos inconstantes que não param. Como sempre não esboçava nenhuma reação, mas dentro de sí um furacão enorme passava

Observou mais uma vez sua primeira guitarra quebrada no chão do quarto pela violência do monstro que o atormentava, seu caderno aonde libertava sua alma através de poesias transformadas em músicas foram rasgadas em pedacinhos

Ele apenas queria sua liberdade, e não viver preso a correntes

O choro melancólico da mulher quem o deu a vida era escutado de forma tão alta nas paredes frias pela casa. Ele levou as mãos até seus ouvidos tentando impedir que o som entrasse mas em sua mente a voz embrulhada por lágrimas se repetia como um disco antigo

Tudo então já o incomodava, seu mundo voltou a rodar como se não houvesse amanhã, e em sua mente o medo que antes o repelia de reagir a isso, agora o estava dando forças

O medo acabou se tornando o gatilho para o caos que estava por vir

Ansioso, assustado porém decidido, o garoto de cabelos escuros atravessou a casa sabendo exatamente o que queria fazer, e ele iria

Com uma cadeira velha de madeira que um ranger fez no momento em que seus pés encontraram o perfeito equilíbrio o assustou mas ele alcançou seu objetivo

A arma de fogo quase não se adequava em suas mãos mas o garoto sabia como usar, já que tinha praticado em caças que fazia com os homens da família

Trêmulo seguiu até aonde o seu monstro estava, e ao seu lado da garota de cabelos castanhos e grandes olhos azuis, ele só queria acabar com todo o sofrimento

Seu coração palpitou de forma tão louca no momento que ele destravou a arma que ele achou que iria sair pela boca. O homem barbudo o encarou soltando uma gargalhada terrível

- Atira, marica - Abriu os braços com certo deboche. O garotinho olhou para a garota que levou as mãos até a boca assustada - Vamos, covarde, sei que você é incapaz disso

- Cala a boca - Bravejou o pequeno com os olhos ardendo em lágrimas. Suas mãos já estavam doendo de tanto que estava apertando a arma - Ou... ou eu vou

- Você vai o quê? - Interrompeu o velho revirando os olhos - Você não vai garoto, você é uma bichinha que merece ser educada

Aquelas palavras doíam, e o garotinho de cabelos escuros podia sentir sua ferida mais profunda sangrar. Na sua mente todas as dores que já sentiu por apenas querer libertar sua alma numa folha de papel

Ele era espancado com frequência e as surras que levavam não doíam tanto quanto palavras que o monstro gritava com ele, e naquele momento com a arma em mãos prometeu a sí mesmo que jamais iria compor outra música

- Nunca que considerarei uma bichinha como filho meu, era melhor você ter morrido - O velho disse mais uma vez aquilo que o afetava. Ele não era isso que ele dizia, ele era apenas um garoto de doze anos com sentimentos

O velho então foi em sua direção tentando tomar das mãos do garoto a arma, e foi nesse momento que com os olhos cheios de lágrimas e o ódio plantado nas veias que disparou a arma

Um silêncio absurdo tomou conta do momento, o caos era a única coisa que comemorava. O grito de desespero da mulher que ele tanto amava foi doloroso, e seus olhos quase não acreditavam no que havia acontecido

- Cassidy....






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