O Rugido da Leoa

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A noite foi longa, eu quase não dormi, acordava assustada com algum pesadelo horrível, mas eu nunca me lembrava o que havia sonhado quando acordava. Aquilo me deixava mais apavorada, eu não saberia o que temer.

Depois de tudo o que passei, estar na fortaleza vermelha, estar perto de Cersei deveria bastar para que eu me sentisse segura novamente.

Mas isso não me impedia de ter pesadelos... A noite toda, acordando apavorada... E toda vez eu olhava pela janela esperando que amanhecesse logo para eu poder sair da cama, para eu não ter mais que sonhar.

Eu ainda não havia me recuperado totalmente, ainda sentia muita dor, mas estava melhor... Com o tempo estaria incomodando os guardas nos treinamentos como costumava fazer.

Quando amanheceu eu não demorei a me levantar. Uma dama de companhia de Cersei estava sempre comigo nos últimos dias, ela me ajudou com alguns curativos e me vestiu.

Ela insistia para que eu comesse algo mas eu sentia o tempo todo que iria vomitar.

Assim que coloquei o pé para fora dos meus aposentos eu senti a tensão. Guardas corriam para seus postos, os súditos já estavam sendo colocados para dentro da fortaleza. Aquilo já estava uma loucura.

Fui informada que Cersei me aguardava, como já imaginava, lá estava ela, com sua mão e seu guarda. Num passado nem tão distante, eu teria medo de Sor Gregor, mas ele era fiel a Cersei, por mais que o achasse um tanto quanto esquisito. Confiava nele. Pois Cersei o fazia.

Assim que entrei no cômodo ela me lançou um olhar. Sabia que esse era o máximo que teria dela naquele dia. Nem uma palavra, apenas um olhar. E isso já foi suficiente para me fazer sorrir para ela, que simplesmente virou a cabeça olhando para a janela.

Tomei a liberdade de me aproximar, ao lado de Cersei, podia ver que a confusão era bem maior do que eu havia imaginado, as pessoas corriam para dentro da fortaleza completamente apavoradas, Cersei parecia tão calma, tão segura. Eu queria estar como ela, mas por dentro, eu estava apavorada como um de seus súditos.

Quando os portões se fecharam, olhei confusa para ela, que simplesmente ignorou. Eu não entendia e ela não estava disposta a me explicar. Talvez eu não concordasse, mas estava ao lado dela. Se ela quis fechar os portões. Que fechassem os portões então.

Claro que eu não contava com os gritos de desespero...  Eram agonizante, nós oferecemos segurança, como se fosse a única maneira de que sobrevivessem fossem estar conosco, protegidos dentro da fortaleza. E agora que eles não podiam mais entrar, sabiam que não teriam chances, morreriam em breve. O desespero era justificável.

Nós vimos fogo, ouvimos o dragão, e de longe podíamos vê-lo. Eu senti as mãos frias de Cersei perto das minhas. Talvez ela estivesse tão apavorada quanto eu.

Ela não olhava para mim, seu olhar estava fixo na janela, e aquilo me deixava mais tensa. Eu só queria que ela falasse novamente que ficaria tudo bem, que ganharíamos a guerra. Pois se me dissesse eu me sentiria segura.

Quando Qyburn começou a falar, eu senti medo em sua voz. Mas Cersei dizia que só precisavamos de um tiro certeiro. E ela tinha razão, a rainha dragão tinha três, agora só restava um. Podíamos lidar com isso, um tiro e as coisas ficariam mais fáceis.

Poderiam ficar... Se Qyburn não tivesse informado que os escorpiões foram todos destruídos.

A essa altura eu já não sabia se estava tão confiante.

Mas Cersei... Ela não... Ela continuou firme, falando sobre como o Greyjoy matou um dos dragões, como a frota de ferro poderia lidar com isso.

Nenhuma de nós esperava que a frota de ferro estivesse em chamas. Eu não saberia como Cersei iria se manter confiante depois disso.

O Rugido da LeoaWhere stories live. Discover now