✵ CAPÍTULO 2 ✵

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AMIZADE É MATÉRIA DE SALVAÇÃO.Clarice Lispector

••• LIBERTY não conseguiu pregar os olhos em paz consigo mesma

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••• LIBERTY não conseguiu pregar os olhos em paz consigo mesma. Passara a noite em claro prevendo como seria sua demissão antes mesmo que pudesse se acostumar com o novo emprego. Que mancada! O que antes era apenas um corte em sua mão acabou se tornando um rasgo enorme em sua consciência. Ela podia apenas ter deixado sua curiosidade sem futuro de lado e valorizado algo que realmente era importante, como aquele emprego era importante para ela no momento. Todas as vezes que Liberty lembrava daquele homem alto e loiro a ralhar com ela em um timbre rouco e tenebroso seu estômago embrulhava e suas mãos ficavam gélidas.

Inicialmente, pelos relatos de seus colegas de trabalho, Liberty adquiriu um pensamento de que Senhor Christopher seria um homem velho, com olhos cansados e cheios de linhas de expressões, muito ranzinza e sozinho, talvez fosse um beato horripilante sem amor no coração. Ela teve que concordar consigo mesma que o patrão não era nada do que ela esperou quando o assunto era a aparência física. Senhor Christopher era jovem quando se comparado ao que Liberty esperava, a pele e os cabelos eram bem cuidados, uma barba invejável perfeitamente aparada, e o corpo, uma muralha, por mais que estivesse de terno, podia-se perceber que ele se esforçava na academia para conseguir tal resultado. Sem mentir ou negar os fatos, era um belo homem. E que Homem!

Gentilmente, Dora apareceu no pequeno quarto para acordar a moça, todavia fora surpreendida pelo ambiente devidamente organizado, com a colcha estendida sem amassados, os cobertores dobrados dentro do roupeiro e Lyli apenas terminando de calçar seus sapatos. Logo cedo a moça tomou um banho quente e revigorante, vestiu-se com o uniforme – que também era uma das milhares de exigências – e amarrou seu cabelo no topo da cabeça de um modo simples e bastante comum, no rosto não quis emperiquitar-se com muita maquiagem, não lhe era necessário, mas ela também não gostava de tantas coisas em sua pele.

"Bonjour, mademoiselle." Disse Maurice ao vê-la adentrar sua cozinha.

"Bonjour." Ela retribuiu igualmente com um sorriso.

"Como foi sua noite?" Maurice era um daqueles tagarelas, e Liberty adorava pessoas assim como ele, deveras porque se considerava um tanto quanto falante quando já existia uma ponta de intimidade entre ela e certo indivíduo.

"Foi ótima. Obrigada por perguntar." Ela agradeceu cordialmente com uma poça de mentiras, sendo que ela não havia dormido nem um pouquinho a noite toda preocupada com a primeira impressão que seu patrão obteve de si. "Quer que eu ajude a colocar o café da manhã na mesa?" Perguntou indicando para algumas travessas de frutas picadas em cubinhos, pães, manteigas e queijos de inúmeras qualidades, alguns que ela sequer havia visto falar.

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