Capítulo 3 - Destruição

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Acima deles, crescendo à medida que a distância encurtava, a Fortaleza Vermelha erguia-se no ponto mais alto de Porto Real, no topo da Colina de Aegon. Ali, sobre a terra que havia sido batizada em nome de seu antepassado, Aegon o Conquistador, o castelo reinava sobre a cidade, a pedra vermelha característica enegrecida pela fuligem e cinzas que dominavam o cenário. A Fortaleza costumava ser uma das grandes construções dos Sete Reinos, uma obra magnífica que guardava seus segredos jamais descobertos, um símbolo do poder da Coroa. Agora, o que restava do castelo era apenas uma sombra do que fora um dia.

A Torre da Espada Branca, sede da Guarda Real, havia sido destruída pelo fogo, e quatro das sete torres principais também haviam ruído diante da força com que o fogo lhes atingira. Os baluartes de ferro haviam desmoronado do alto das torres, caindo sobre as estruturas inferiores e causando uma onda de destroços que ruíam e rolavam por cima da estrutura que resistira. O som da destruição ainda era audível por toda a cidade.

Eles atravessaram a região em que antes estava localizado o grande Septo de Baelor, uma área dominada pelas ruínas do que fora o templo antes de implodir. Focos de incêndio - chamas verdes que eram o único ponto de cor na paisagem sombria e devastada - ainda crepitavam naquela área da cidade, onde o fogo-vivo explodira no subsolo e se alastrara para a superfície. Sor Davos e os homens do Norte interromperam o trajeto para auxiliar uma mulher que estava presa nos escombros, movendo-a para um local seguro. Jon fez o mesmo com um garoto que tinha as pernas bloqueadas por uma montanha de tijolos, retirando-os com as próprias mãos.

- Onde está sua família, garoto?

O menino, cujos cabelos estavam recobertos por uma camada de cinzas e fuligem, tossiu ao tentar falar.

- Eu os perdi. - Respondeu ele, com a voz rouca. Jon lhe ofereceu água do cantil que carregava, e o garoto bebeu com vontade. - Nós estávamos correndo e eu não os vi mais.

Provavelmente estão mortos, pensou Jon, sem externalizar suas palavras.

- Há alguém que você conhece na cidade? - Ele não podia simplesmente abandonar o garoto ali, para ser morto por ladrões ou morrer de fome.

- Talvez. - O garoto tentou se colocar de pé, mas as feridas em suas pernas se romperam provocando um espasmo de dor que o impedia de caminhar.

- É melhor você ficar aqui. - Disse Jon. - Espere até que algum homem da rainha retorne para lhe auxiliar.

Ele se certificou de que o garoto estava abrigado debaixo de uma estrutura que não desmoronaria e se juntou ao restante do grupo, consternado com o que poderia vir a acontecer. Jon não sabia se algum destacamento de homens da rainha iriam efetivamente resgatar os feridos, ou se eles seriam largados à sua própria sorte em uma cidade destruída e sem recursos. A mentira - que ainda não era uma mentira - deixou um gosto amargo em sua boca, como se estivesse prometendo algo que seria impossível de ser cumprido.

Seguiram o caminho através da cidade, e à medida que se aproximavam da Fortaleza Vermelha era possível ouvir os gritos de júbilo e vitória que eram proferidos em nome da nova rainha. Na área em frente ao castelo, onde as antigas muralhas haviam sido ruído, o exército vitorioso havia se reunido, à espera do primeiro pronunciamento da rainha. Os Dothraki que haviam sobrevivido à Longa Noite estavam montados em seus cavalos, apenas parte do grande Khalasar que cruzara o Mar Estreito. Seus arakhs estavam erguidos, e seus gritos ecoavam através da cidade destruída.

O exército de Imaculados estava logo em seguida, mais próximo à Fortaleza, enfileirados e em formação. Indícios da batalha recém travada estavam por toda à parte; em elmos partidos e espadas ensanguentadas, armaduras rachadas e ferimentos expostos com orgulho.

No alto, disposto sobre uma larga parede do castelo que resistira ao fogo, um gigantesco estandarte da casa Targaryen havia sido fixado; o dragão escarlate de três cabeças contra um fundo negro, um símbolo da vitória recém conquistada e da nova soberania que governaria em Westeros. Onde antes o orgulhoso leão dourado de Lannister reinava, o dragão agora mostrava suas garras.

Jon e os outros caminharam através do mar de Dothraki e Imaculados, aproximando-se da grande escadaria que dava acesso à Fortaleza Vermelha. Cada degrau era guardado por um Imaculado, formando uma imensa fila de soldados que protegiam o caminho até a rainha. Jon sentia os olhares de cada um dos soldados sobre ele, principalmente de Verme Cinzento, que aguardava no topo do platô, e que encerrara as execuções dos homens de Lannister para guardar sua rainha.

Ele percorreu o último degrau no momento em que Drogon surgiu no ar, sobrevoando o exército que vibrou diante de sua aparição, seu rugido cortando a atmosfera. Ele circulou acima da Fortaleza e pousou sobre o pátio, rugindo mais uma vez, o bafo quente do dragão atingindo Jon e os outros. 

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⏰ Last updated: Jul 19, 2019 ⏰

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O Dragão e o LoboWhere stories live. Discover now