Quinta-feira, 16 de setembro - 1965

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Rosé's POV

O caminho até a casa de Mina e Chaeyon foi extremamente cansativo, como sempre. Quando chegamos, Chae veio nos abraçar empolgado e pegou nossas coisas.

— O que fazem aqui? – minha amiga entrou na sala sorrindo – Não as esperava.

— Voltamos mais cedo do acampamento... – declarei – E meio que precisamos de um lugar para ficar essa noite...

— Por isso pensei que pudessem nos ajudar... – Lisa completou.

— Claro que podemos, podem ficar no quarto de hóspedes. – Mina falou e logo fez uma cara confusa – Vamos, quero que nos expliquem o que está acontecendo. Venham sentar aqui no sofá e depois vocês duas arrumam suas coisas.

— Sim, até porque se vocês voltaram porque mataram alguém, infelizmente não poderemos ajudar, meninas.

— Chae! – a mulher o repreendeu – Mas ele tem razão, ok? Exceto se tiverem matado o tal do Chanyeol. —  brincou e sorriu.

— Não, não matamos ninguém. – ri porém logo fiquei séria – Nós queremos ir embora.

— O que? – arregalaram os olhos e Mina abriu a boca, surpresa.

— Vamos fugir... – senti os braços de Lisa em minha cintura – Aqui não podemos ficar juntas.

— T-têm certeza? Quer dizer, é uma decisão séria, meninas. – Chaeyon assumiu o papel de pai e Myoui permaneceu calada.

Ele sempre quis ter filhos, mas por motivos óbvios não podia. Às vezes eu deixava que ele me colocasse para dormir, que jogasse comigo, que me tratasse como a criança que tanto queria. Mas não era a mesma coisa.

— Me deixem conversar a sós com Rosé, por favor. – minha amiga murmurou, se manifestando pela primeira vez.

— Acho melhor...

— Por favor, Chaeyon. – Mina estava muito séria.

Chae pegou a mão de Lisa, a levando até a cozinha, enquanto Mina me guiava até a porta dos fundos, onde tinha uma espécie de varanda. Nos sentamos nas cadeiras uma ao lado da outra.

— Te conheço desde que éramos pequenas, Rosé. Não quero ver você abandonando tudo e correndo riscos por alguém. – sorriu fraco – Sei que você me ama, ama o Chaeyon, seus pais, Lisa... Por outro lado, eu sei que você nunca amou a escola, essa cidade, o Chanyeol... – pensou um pouco – Só quero ter certeza de que não vai se arrepender do que está fazendo.

Respirei fundo e sorri fraco.

— Nunca estive tão certa de algo.

Chaeyon's POV

— Nunca conversamos direito, Lisa, mas acho que é um bom momento para nos conhecermos melhor. – sorri – Quero te contar um pouco da minha vida.

Flashback ON

Apanhei muito. Igual a todos os dias desde que pisei naquele colégio.

Eles diziam que eu estava condenada ao inferno. Diziam que eu era uma pecadora, uma aberração. Se me machucava? Muito, bem mais do que devia.

— Chaeyoung, deixa eu limpar isso. – minha irmã tentou passar a toalha molhada no meu rosto arranhado.– Você precisa limpar isso.

— Vai mais devagar, Sooyoung, está me machucando.

— Desculpa...

— Para com essa cara feia, logo você estará fora de lá. – me abraçou – O que posso fazer para melhorar o seu humor? Quer um doce? Posso fazer uma sobremesa, Chaeyon.

Soo sabia que aquilo sim me faria feliz, ser chamada pelo nome que eu queria.

Levantou-se e abriu o armário em busca de uma caixa que ficava escondida no fundo do armário. Guardava roupas masculinas e prendedores de cabelo.

Em alguns minutos me transformei em Chaeyon. Minha irmã tinha jeito com isso. Ficamos trancadas no quarto, em segredo, claro que meus pais não sabiam sobre isso.

Flashback OFF

— Naquele dia comecei a pensar em um plano com minha irmã, algo que poderia me livrar de todos aqueles problemas... – suspirou – Resolvi fugir, era o mais fácil a se fazer. Sooyoung me apoiou desde que pudéssemos conversar sempre.

— Quantos anos você tinha?

— Dezesseis, sou dois anos mais novo que Mina. Ela me encontrou na rua e me abrigou, foi gentil e compreensiva desde o momento em que me conheceu.

— Você é um homem forte, Chae.

— Obrigado, Lisa. Após algum tempo você encontra a luz, você consegue sair desse buraco de sofrimento pois percebe que não tem sentido. É só se convencer de que está fazendo o certo.

Meus conselhos são sempre confusos mas ela pareceu entender.

Rosé's POV

Chaeyon arrumou nossa cama.

Mina se recusou a arrumar porque não era "dona de casa escrava de macho", de acordo com ela. Isso provocou um sorriso discreto em Lisa.

— Por que sorri? – questionei.

— Ela me lembra da minha situação com meu pai, avô e minhas irmãs. Todas nós odiávamos servir. A minha caçula que deve estar sofrendo nas mãos do meu avô... – olhou para baixo.

— Se quiser, podemos resgatá-la. – a abracei.

— É um grande risco e não acho que ela vá aceitar, em três meses ela se livra disso, quando chegar sua hora, nunca mais ouviremos falar dela... – sorriu fraco – Ela é o meu orgulho.

— Dá pra notar. – brinquei – Elas vão ficar bem.

Lisa não respondeu mas pude ver que ela concordava comigo e sorria.

Próxima semana não irei atualizar, por conta que ainda vou ter provas para depois eu ficar de férias.
então até a próxima att❁

take me to church • chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora