Dilacerado

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Mesmo dilacerado eu tentava viver minha vida, um dia de cada vez, vivendo de sonhos, me alimentando com às imagens que minha mente criava, o que mais eu poderia fazer? Se você se foi, e eu não pudia fazer nada.

A sua ausência me sufocava, e meu pranto me afogava, me levava para baixo, meus pulmões estavam inúteis diante o ar que para mim não existia mais, como um peixe fora d'água eu estava vulnerável, sem forças.

O meu oxigênio sempre foi você, mesmo que não acreditasse seus beijos eram como uma bombinha que salva uma pessoa com crise de asma.

Não vejo exagero em minhas palavras, elas apenas rasgam minha garganta, me fazendo engolir em seco, me fazendo duvidar que um dia eu possa me reconstruir.

Dias atrás estávamos sentados em frente a lua, você estava linda e meus olhos estavam fixos a você, seria impossível não deseja-la, sua presença ali parecia ser algo surreal perante a mim, a paz que me trazia não tinha explicações.

Mal sabia que nosso fenecimento estava tão próximo, batendo na porte e me beijando a bochecha feito o verdadeiro Judas, e naquela noite eu não fechei os olhos, e ao abri-lo vi sua sombra que saiu pela porta da frente, e uma devoção ao silêncio se iniciou me esquiando por dentro, sem ao menos pedir permissão.

Uma luta que parecia ser desnecessária, chorar mágoas, me fazia um ser humano fraco, irracional que apenas seguia extintos que o coração implorava, bendito coração.

Sentei em um banco da praça, ninguém mais estava ali, já passavam das duas horas manhã, a brisa tocava o meu rosto fazendo minha pele arrepiar, os balanços brincavam solitários, combinavam exatamente comigo.

Sentia medo de fechar meus olhos e mais uma vez pensar em você, algo automático, eu não poderia dizer não. Em algum momento eu poderei descansar meus ombros, deixar às dores, curar os cortes.

Apenas te peço perdão, por não ter sido o suficiente, por esquecer às datas mais importantes do calendário. Me perdoe por ter te ligado sem se preocupar que eu poderia estar de acordando, me perdoe para que eu possa me sentir leve, me perdoe por deixar meu coração sem suas mãos.

Cansei de esperar, melhor me calar.

Mas uma vez pude sentir uma forte brisa, fechei meus olhos respirei fundo e ao abri-los sentir uma mão gélida ao me tocar, que diza:

- E quando se sintir só, saiba onde se repousar, se leve para um lugar real, não se deite na ponta afiada desta faca, não se acorrente.

Não poderia estar sonhado, olhei para todos os lados e tudo se mantinha vazio, de onde aquela voz vinha? O que ela queria dizer?

Mas qualquer coisa era melhor do que estar sozinho em uma escuridão tão fria.

- Quem é você? - gritei como se alguém pudesse me ouvir.

A brisa voltava ao meu rosto e aquilo me parecia uma resposta confundindo minha cabeça. Coloquei minhas mãos sobre meus ouvidos, eu não queria estar sobrevivendo, não queria, não queria suportar.

Mais uma vez ouço a voz falar:

- Eu nunca te deixei, apenas grite comigo, eu não estou tão longe de você, venha! - uma voz doce ecoava em meus ouvidos - Você precisa me salvar! - sua voz parecia distante.

Inquietude [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora