O VETERANO

543 32 2
                                    


Dedicado a todos os Veteranos, de todos os conflitos em que os Estados Unidos foram envolvidos, mas especialmente para os "Cachorros do Diabo" – os homens do Corpo de fuzileiros navais dos Estados Unidos. Semper Fi!

Feriado: Dia da Memória

Tim perdeu seu irmão Todd, um jovem fuzileiro naval que morreu no Iraque, o que deixou um grande buraco em sua vida. Ele tenta desesperadamente preencher seu coração trabalhando como assistente social no hospital, mas suas visitas semanais ao túmulo de seu irmão são o seu único e verdadeiro conforto.

No hospital e na vida de Tim chega um grande e musculoso jovem, chamado Ty, que ostenta uma tatuagem do Corpo dos Fuzileiros Navais como aquela que ele lembra que seu irmão Todd usava. Ele também possui uma carga pesada de raiva e atitude. Ty está causando um alvoroço na enfermaria, recusando-se a se adaptar à rotina do hospital e a chefe de Tim acha que alguém mais próximo da própria idade dele pode ajudá-lo a se tornar mais cooperativo e então designa o caso a ele.

Cooperativo ou não, Tim encontra-se profundamente afetado pelo ex-guerreiro. Ty, no entanto, tem segredos em seu passado. Segredos que tem mais a ver com Tim do que ele imagina. Segredos que vão atrai-los mais do que qualquer um jamais imaginou ser possível.

Prólogo

Caminhei lentamente até a estreita estrada pavimentada, segurando meu casaco em volta de mim por causa do vento frio que parecia querer me empurrar para trás, me impedindo de ir para frente. Era como se o vento estivesse tentando me dizer para voltar, para não ir mais uma vez à solitária e pequena colina coberta de grama, para não trazer vida àquele lugar dos mortos.

Apertado em minha mão estava um buquê de flores que comprei em uma floricultura esta manhã. Era a mesma floricultura que visitava toda semana pelo que agora eram três anos. Uma vez por semana, cento e cinquenta e seis vezes, tinha vindo para trazer flores e frequentemente chorar as memórias que pareciam me assaltar ali, muito mais fortes do que faziam na escuridão da noite, quando me sentava sozinho em minha casa na cidade.

Chegando ao topo da pequena colina, fiquei de pé embaixo de uma velha árvore de bordo , seus ramos apenas começando a mostrar os botões verdes neste início da primavera. Lá embaixo, nos braços que se propagavam da árvore, estava o túmulo coberto com os restos da última nevasca de alguns dias atrás, uma placa de bronze simples deitada no chão plano e parcialmente cercada pelo gelo. Agachei-me e, afastando o gelo para longe, li mais uma vez as palavras feitas em bronze com letras em relevo.

Lance Todd Molloy, Cabo USMC

Filho e Irmão Amado

03 de abril de 1981 - 12 de março de 2004

A morte de Todd pareceu mudar permanentemente nossos pais, que lutaram tão duro com ele contra ingressar nos fuzileiros. Os eventos de 11 de setembro de 2001, porém, moveram Todd a acreditar que era sua responsabilidade ir e lutar contra as pessoas que atacaram a América. Nossos pais nunca vieram ao túmulo de Todd e nunca mencionaram seu nome. Era como se, ao negar a realidade de sua morte, pudessem perdurar na crença que ele ainda estava vivo em algum lugar e finalmente voltaria para casa. No dia do funeral, tive que receber a bandeira que cobria seu caixão do jovem tenente fuzileiro porque nossos pais se recusaram a tocá-la. Nos últimos três anos, eles tinham somente passado pelos movimentos da vida; era como se também tivessem morrido naquele dia de março e de lá para cá, não mais houve celebração em família, nem Ação de graças, nem Natal. Nada além de um dia que passava para outro, como se não fizessem mais nada além de esperarem se juntar a Todd, aqui neste monte de terra.

Quando Todd morreu, eu já tinha me formado na faculdade com um diploma em serviço social e sido contratado como assistente social no hospital. Isto tinha me permitido mudar para meu próprio apartamento e estava muito contente em tê-lo feito porque não poderia continuar vivendo no mausoléu que a casa de meus pais se tornou, um completo santuário. O quarto de Todd estava ainda exatamente do modo que ele o deixou, quando foi para o acampamento e nada jamais foi tocado, só espanado por minha mãe. Muitas vezes quando os visitava, eu a encontrava sentada no quarto de Todd olhando fixamente para o espaço, com os olhos avermelhados de tanto chorar.

Suponho que podia ter ficado ressentido com o fato, que era como se eles só tivessem tido um filho, pois raramente pareciam pensar em mim. De fato, nos últimos três anos, não houve sequer um cartão ou presente em meu aniversário vindo deles, pois estavam muito perdidos em sua dor. Mas, para ser honesto, estava realmente muito agradecido por darem tão pouca atenção a minha vida e isso me ajudou a evitar algumas perguntas embaraçosas como, "Você está namorando alguém?" ou "Quando você vai casar?" Veja bem, não haveria boas respostas para estas questões, porque, mesmo se estivesse namorando alguém, não terminaria em casamento, pelo menos não pelo jeito que eles entendiam como casamento.

O VETERANOWhere stories live. Discover now