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Assim que me acordei, fui bater na porta de Jimin. Ele era o único com quem eu podia conversar sobre Jungkook.

    — Você está com uma cara péssima, o que houve?

    O abracei, chorando, e ele me segurou forte, acariciando meus cabelos.

    — Yoongi…

    — Taehyung me pediu em casamento. — desabafei, ainda na sua porta.

    — Isso não parecem lágrimas de alegria.

    — Eu não consegui responder.

    — Achei que o amasse.

    — Eu também achei, mas eu não consegui ficar feliz com um pedido que não fosse…

    — Yoongi. — resmungou em um lamento.

    — Eu não sei o que fazer, Jimin. Eu tenho medo de casar com Taehyung, mas eu também tenho medo que acabe fazendo a escolha errada. Ele nunca me procurou de novo, porque eu não consigo parar de esperar por ele? Eu não vejo Jungkook há cinco anos, eu nem sei como ele é agora. Eu me sinto tão mal de pensar que eu jamais vou voltar a vê-lo de novo e que talvez ele não dê a mínima pra isso.

    — Vocês dois me dão tanta dor de cabeça. — falou, cansado.

    — Você sabe, não é, Jimin? Porque não me conta? Eu preciso saber porque eu fui o único que ele realmente tirou da sua vida.

    — Você não foi o único, Yoongi. O Jungkook ele… — calou-se e esfregou a testa, impaciente.

    — Realmente tem alguma coisa, ne? — fiz um beicinho, choroso e o soltei do meu abraço.

    — Eu acho que você devia voltar para Daegu, procurá-lo e vocês deviam conversar.

    — Se eu fizer isso, o Taehyung…

    — É só uma conversa de um dia.

    — E se ele não quiser me ver?

    — Por mais cabeça dura que o Jungkook seja, eu duvido que ele te deixe esperando.

    — Ele gostava de mim não era? Quando ele me afastou, eu sabia disso.

    — Yoongi, ele te amava, o Jungkook só estava confuso demais e talvez ele ainda esteja. Mesmo que nada mude e você volte para Seul, ao menos volte com seu coração livre de verdade.

    Encarei o chão pensativo, mas eu sabia o que ia fazer. Naquele mesmo dia, eu voltei para Taehyung e pedi um tempo, disse que para lhe responder precisava resolver umas pendências do passado. Ele me abraçou forte e sem saber se aquilo seria bom ou ruim, eu peguei o primeiro trem que saiu para Daegu, cheguei na cidade à noite. Sabia que a casa dos meus pais estava vazia, eles nunca paravam de se aventurar em viagens pelo país.

    Só de fazer o caminho da estação até lá, senti as lembranças ainda mais frescas em minha cabeça. Eu quase podia ouvir nossos fantasmas sorrindo, andando por aquelas ruas. Jungkook me pegava nos braços de surpresa e me fazia soltar uma risada alta.

    — Você é meu, Min Yoongi! — sentenciava e eu não dizia nada, apenas sorria, porque, sim, eu era totalmente seu e havia um grande risco de que eu ainda fosse.

    Estar aqui deveria sanar todas essas dúvidas. Eu não estava em Daegu de novo para saber apenas porque Jungkook me tirou da sua vida, eu estava em Daegu para ajustar meus sentimentos, para olhar em seu rosto mais uma vez e ter a resposta para os meus sentimentos.

    Nesses cinco anos que se passaram, era possível que o que eu sentisse por Jungkook ainda fosse amor?

    Abri a porta da minha antiga casa, sabendo que há oito minutos dali era a casa que Jungkook viveu no passado, eu não sabia se ele ainda morava com seu pai ou se morava em um local mais perto do campus. Eu só sabia coisas superficiais sobre ele, já que Jimin preferia não alimentar minha dor. Acendi as lampadas, uma a uma, revivendo a casa dos Mins que parecia abandonada há um bom tempo. Aproveitei que não ia conseguir dormir e a limpei, acabei no meio da madrugada, tomei um banho e me joguei na cama, adormecendo rapidamente, mas a minha mente estava tão impaciente, que às nove horas, eu já havia acordado. Peguei meu celular e abri minha agenda, finalmente tinha seu número ali, cedido nessa ocasião por Jimin. Jungkook ainda usava o mesmo número de sempre.

Eu: Eu voltei para Daegu
Podemos nos ver?
-Yoongi

Meus dedos tremeram o tempo todo e alguns minutos depois, meu celular tocou:

Kookie: Claro

Eu: Kkochi & Kkojhyeo
14h

Tirei mais um cochilo, porque dessa vez sabia, que ele ao menos iria aparecer. Quando acordei, tomei um banho e me vesti com roupas simples. Fui até o Kkochi & Kkojhyeo, nosso antigo point de encontro, e automaticamente sentei na nossa mesa. Ele ainda não estava lá, eu tinha vindo cedo demais. Não havia ninguém, para falar a verdade, acho que não deve ser um horário muito agitado, era bom. Deslizei os dedos sobre a madeira da mesa nova, um pouco aborrecido, pelo móvel ter sido trocado. A lanchonete inteira tinha uma cara nova e isso ao menos servia para distrair minha ansiedade.

A única coisa velha que ainda permanecia ali, eram os sinos da porta de vidro, e quando eles soaram, meus olhos correram para a porta e lá estava… Jeon Jungkook.

Não aquele garoto encantador de dezesseis anos e sim um homem completamente atraente em seus vinte e um anos. Mais alto e com alguns músculos sobressalentes. Ele vestia uma camisa enorme e preta, sem nenhuma estampa e suas coxas eram tão grossas que parecia que eram elas que tinham feito o estrago nos seus jeans claros e justos.  Seus cabelos era bem mais compridos que antes também e faziam algumas curvas rebeldes. Seu maxilar definido mostrava o amadurecimento de sua face. Meu coração batia forte a cada passo que dava na minha direção. Eu mal conseguia enxergar que tipo de olhar ele me direcionava, porque uma névoa embaçou o meu, eu nunca estive tão nervoso. Era como se eu fosse aquele Yoongi tímido e medroso de cinco anos atrás, tão apaixonado e trêmulo diante de uma única pessoa.

Quando me dei conta eu estava de pé à sua espera, encarando fixamente cada passo seu. Ele finalmente estava bem diante de mim, como se o tempo só tivesse passado para nossos corpos. Estendi a mão e ele a segurou… Mas que porra… Meus dedos gelaram e eu senti algo que não sentia há tantos anos, uma leve comichão nas pontas dos meus dedos, uma excitação pura e genuína na epiderme. Ele que até, então, encarava nossas mãos, ergueu o rosto e me olhou fixamente, isso me assustou. Como se Jungkook ainda fosse capaz de me ler, puxei a mão da sua e me sentei.

Tudo voltara ao passado em segundos.

Eu já não podia mais fingir que não estava nervoso, meu corpo inteiro tremia, só que uma coisa era certa: Eu não deixaria Daegu de mãos vazias. Eu não sabia como Jungkook se sentia sobre tudo isso, mas antes que tudo chegue ao fim, eu quero saber tudo e apenas ele tem todas as respostas que preciso.

Continua...

A verdade não ditaOnde histórias criam vida. Descubra agora