A Filha Do Diabo

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SEM REVISÃO.
***

Seus nervos flamejavam, a pele caindo aos pedaços no chão, deixando a verdadeira aparência surgir. Os chifres crescendo e mostrando seu tamanho descomunal, olhos negros e assustadores.

Lúcifer.

Era a primeira vez em muito tempo que descia aos confins do inferno, dessa vez com um objetivo bem claro e específico. A trombeta no topo de seu castelo, na parte mais alta do tártaro, soou, chamando todos os demônios. Não demorou muito para que as bestas maquiavélicas e desformes surgissem, junto dos outros demônios superiores como Asmodeus e Lilith.

— Ouçam, meus servos! — ele berrou, voraz, vendo como os que estavam lá embaixo tremiam ao ouvir sua voz. — Trago a vós um comunicado importante. — espalmou a mão enorme em seu próprio peito, passando a língua bifurcada entre os dentes afiados e torcidos. — Eu vou ter uma filha.

Os murmúrios automaticamente surgiram e os demônios pareciam aflitos entre si. O inferno teria uma primogênito, e ainda por cima, era mulher.

— Silêncio! — rosnou, e todos pararam com os comentários.

— Lúcifer! — chamou Asmodeus, com seus punhos cerrados. — Isso é claramente uma imprudência estrondosa. Trazer ao inferno uma primogênita, quando, por direito, o título de príncipe é meu!

Lúcifer desceu os olhos lentamente até encarar o rosto bestial de Asmodeus. Ele riu.

— Tu és o príncipe do inferno até eu decidir que és o príncipe do inferno. — sua voz grossa soou branda perante os tímpanos de todos os demônios. — E agora eu decidi que terei uma filha e que ela será a primogênita de todo o meu patrimônio.

Asmodeus rosnou. Lúcifer rindo mais ainda.

— Conviva com isso, principezinho.

***

Lauren a encarava sem reação, Camila continuava com seus braços esticados. Se não estivesse tão frio, ela daria ouvidos para a timidez e negaria. Mas, céus! Ela estava tremendo.

Então segurou a mão da outra e ela a puxou para mais perto de si. Automaticamente os braços de Lauren rodearam seus ombros e logo o rosto da latina estava encaixado na curva de seu pescoço.

Queria poder discordar, mas a temperatura realmente melhorou.

— Está se sentindo melhor? — ouviu a voz rouca questionar bem perto de seu ouvido. Lauren instintivamente aumentou a pressão de seus dedos nos ombros dela, que apertou sua cintura em resposta.

— Estou sim, obrigada. — respondeu lentamente, seu coração batendo rápido.

Era tão estranho se sentir daquela maneira, tão leve. A pele dela era tão macia e Lauren não podia negar o quão prazeroso era ter seu corpo assim tão perto, deixando a cabeça recostada em seu ombro, sentindo-a perto.

E por um bom tempo, elas ficaram daquela maneira. Em silêncio, abraçadas, a água encharcando seus corpos. Quando, por ventura, Camila deixou um beijo casto no pescoço da mais nova. Seu corpo era bastante quente e manteria Lauren aquecida por um bom tempo, mas ela não queria apenas ficar ali, sem nada dizer, sem nada fazer.

A outra então ficou confusa, ela realmente havia sentido aquilo ou fora apenas fruto de sua imaginação?

Ergueu a cabeça e encarou Camila, que a encarava de volta com olhos tão famintos e necessitados. Lauren estremeceu.

— Você está bem? — ela perguntou, inocentemente. Era claro que estava um tanto preocupada.

E Camila sorriu.

Mistérios em PensilvâniaWhere stories live. Discover now