Capítulo 23

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Durante todo o primeiro mês de turnê eu acompanhei todas as notícias de Ray pela internet. Eu sabia que era idiotice. Principalmente por tentar parecer indiferente à tudo que o cercava, mesmo na verdade ainda sendo fã dele.

Passando pelas redes sociais descobri que eu subitamente tinha ganhado mais de quatrocentos mil seguidores em cada rede social. Só então descobri que tal efeito tinha sido causado porque Ray passou a me seguir em todas elas. Eu fiquei totalmente surpresa, não esperava por tal atitude dele, já que ele seguia apenas o assessor e o advogado dele. Isso obviamente fez os fãs dele ficarem curiosos para saber quem era a terceira pessoa na lista de seguidos por Ray James.

Meu pai bateu na porta do meu quarto e me ofereceu uma vitamina com todas as frutas existentes na nossa casa. Ele estava bastante empenhado em fazer da minha alimentação a mais saudável do universo. Provavelmente o meu bebê nasceria nutricionista, já sendo bem entendido em legumes e verduras.

A minha barriga no terceiro mês ainda não estava muito​ aparente. Os enjôos ficaram menos frequentes, o que era maravilhoso. E tudo seguia normalmente, tirando a falta que eu sentia de ver Ray pessoalmente. Pensando nisso continuei passando as notícias pelos sites, e foi então que me deparei com algo simplesmente terrível. Uma imagem da mãe de Ray dentro de uma ambulância, vinculada junto com uma manchete noticiando que ela teria sofrido um coma alcoólico. Outro!

Meu Deus! Ray tentou tanto deixar a vida pessoal da mãe fora da mídia, e justo no momento em que ele estava longe aconteceu uma barbaridade dessas. Eu fiquei em choque. Meu pai me olhou preocupado e eu mostrei a tela do notebook para ele.

— É a mãe do Ray. Precisamos ir para lá agora. — Expliquei pegando o endereço do hospital pela internet.

— Claro, querida! Eu vou com você. Que coisa terrível! — Ele comentou ainda atordoado.

Me arrumei rapidamente e meu pai pediu um táxi. Saímos apressados e ele fez questão de colocar a vitamina em um copo de viagem. Sempre preocupado comigo e com o neto.

Rapidamente chegamos no Bellevue Hospital Center e procuramos logo por notícias. Meu coração estava aos pulos quando meu pai finalmente conseguiu falar com o advogado de Ray, já que os médicos se recusaram terminantemente à nos dar qualquer informação.

— Ele contou que Kristen está no soro. Está estável. O pior já passou. — Me contou e eu respirei aliviada.

Sentei na recepção e decidi ligar imediatamente para Ray. Mesmo ele me dando o número há algum tempo eu ainda não tinha ligado para ele. Tentei afastar a minha apreensão e Ray me atendeu no primeiro toque.

"— April!" — Falou ansioso. Ouvir a voz dele desencadeou um redemoinho de sensações em mim. Respiro fundo tentando me controlar.

"— Oi! Eu estou no hospital. Kristen está medicada. Está tudo bem." — Avisei falando quase sem controle da velocidade das minhas palavras. Ouvi a respiração dele entrecortada do outro lado, parecia estar chorando.

"— Eu já estou no avião, daqui duas horas eu chego aí. Eu... Eu não acredito que tudo isso está acontecendo outra vez."

"— Fica calmo! Eu sei que o momento é complicado, mas..."

"— Aquele maldito! Eu vou matar o maldito paparazzi que tirou a foto da minha mãe na ambulância! Eu já sei quem ele é. Irá me pagar muito caro."

"— Não faz nada, Ray! Por favor!"

"— Não dá, April. Ele não pensou duas vezes antes de expor minha mãe! Isso não vai ficar assim."

"— James, por favor, não faça nada de cabeça quente! A única coisa que importa agora é que sua mãe está bem."

"— Não dá. Eu vou arrebentar a cara daquele imbecil."

"— Ray, por favor, pelo nosso filho, não faz nada! Não se meta em nenhuma confusão. Apenas venha para o hospital! Venha cuidar da sua mãe! Me promete?" — Praticamente implorei e ele fungou ficando por alguns momentos em silêncio.

"— Pelo nosso filho?" — Perguntou parecendo recobrar a razão.

"— Sim. Se você aprontar mais alguma coisa é capaz de ir preso. É isso que você quer? Estar preso quando nosso bebê nascer?"

"— Não, claro que não."

"— Então fica calmo! Eu vou ficar com sua mãe e te mantenho informado. Espero você."

"— Tudo bem. Eu já estou chegando. Obrigado por estar aí!"

"— Não precisa me agradecer. Até mais!"

"— Até mais, Raio de sol."

Desliguei a ligação rapidamente. Recordei das palavras do meu pai, sobre meus sentimentos por Ray no passado não serem verdadeiro​s. Entretanto eu começava a sentir a mesma coisa de antes, só que de forma muito mais intensa. Eu não queria me apaixonar por ele, pois sabia que uma hora ou outra ele iria me decepcionar novamente. Mas quando eu ouvia a voz dele tão abalado eu só conseguia desejar abraçá-lo o mais forte possível. Por que sentimentos são tão difíceis e incontroláveis? A vida deveria vir com manual de instruções.

Depois Daquela NoiteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora