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No dia seguinte, acordo com alguns raios de luzes no meu rosto, percebo que esqueci de fechar a cortina, provavelmente Miguel deve ter passado a noite no escritório, iludido, acha que pode amar outra mulher sem ser eu. Coitado, vai achando. Levanto faço minhas necessidades pego minhas malas visto a minha melhor roupa saio do quarto e vou descendo as escadas, encontro no final das escadas Miguel me olhando e encarando as malas

_ Pra onde você vai com essas malas?

_ Você não me mandou ir embora? É o que estou fazendo. Quando os papéis do divorcio chegarem, por favor me ligue.

_ Mas pra onde você vai? Onde vai morar? Vai viver do quê? Vamos entrar em um consenso. Eu pagarei aluguel pra você, suas contas... todas as suas necessidades, aliás, você tem a metade dos meus bens. 

_ Eu não quero nada que venha de você obrigada. Você já tem uma outra mulher com quem deva se preocupar, só não a deixe fazer sacrifícios por você e a abandone depois. Adeus Miguel.

Termino de descer as escadas com a cabeça erguida. Passo por todos os empregados e peço para dois motoristas ir buscar o resto das minhas malas pois não tenho mais a minha força monstruosa de antes.

Entro dentro no carro no banco de trás e encosto a cabeça no vidro, fico olhando Miguel de longe na porta. Vejo alguns pingos de chuva caindo no vidro e tudo se embaçando, talvez devesse ser assim, talvez eramos para estarmos juntos apenas na guerra e nada mais.. Se era isso, então tudo acabou.

Me desperto quando o carro para na entrada da cidade, desço do veiculo e o motorista me ajuda a descer as malas logo saindo em seguida voltando para a alcateia. Ligo para um táxi e lhe explico o endereço da minha pequena casa. Quando chego em meu destino o motorista me ajuda com todas aquelas malas. Abro a porta entro, vejo tudo muito empoeirado. Vejo que terei muita coisa para fazer, o que é bom, pois me dispersa um pouco e eu não fico pensando tanto em Miguel ou na alcateia.

Deixo as malas ali mesmo na sala e vou na área dos fundos onde tem alguns produtos de limpeza, começo por lavar o pequeno banheiro que estava muito empoeirado, depois tiro as teias de aranhas dos tetos, lavo as portas, lavo a casa, limpo os móveis, e no fim a casa está limpa. Ela não é pintada o que parece agradar as aranhas, seu piso é apenas enceirado não tendo cerâmicas, tem apenas um sofá e o chuveiro é gelado, o armário é uma prateleira com as pernas bambas e a pia tem um rachado no meio onde tem que colocar um balde debaixo todas as vezes que for lavar louça.

Entro no único quarto da casa onde tinha apenas uma cama de solteiro e nada mais.

Arrumo minhas malas em fileiras em ordem de tamanho. Sento no chão e sinto uma dor insuportável no pé da barriga, coloco a mão na região e a dor vai aumentando, começo a chorar não suportando, pego meu celular no bolso e ligo para ambulância, sinto um liquido em minhas mãos e vejo que é sangue, meu coração dispara e vejo que o meu short está todo manchado, tento respirar devagar, aperto um pouco a região da dor, as lágrimas são incessantes, ouço batidas frenéticas na porta, tento gritar mas nenhum som sai da minha boca.

Wolf and Ice _ Entre o Amor e a GuerraWhere stories live. Discover now