Ao descobrir uma característica inusitada sobre si mesmo, Dante Dickson está prestes a realizar o seu maior sonho: poder conhecer o mundo fora de sua cidade. Ele acaba se encontrando com Mera Montez, uma mulher nascida e criada em um planeta complet...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Na manhã seguinte, Dante recebeu uma mensagem da Corporação. A internet era uma ferramenta utilizada de maneira restrita, e sua principal função era basicamente ser um meio de comunicação. Não existia telefone, e o tablet que cada cidadão possuía permitia essa interação simples.
"A Corporação Geno sente em informar que o resultado da Combinação Garantida Obrigatória do senhor Dante Dickson encontra-se sob avaliação detalhada no centro de pesquisa científica da Zona Beta. Isso significa que o cidadão citado deve permanecer em quarentena domiciliar até que as devidas informações sejam obtidas. Para a segurança de todos e de si mesmo, recomendamos que o senhor Dickson não entre em contato com ninguém fora do seu círculo familiar até segunda ordem. Um oficial da Polícia Corporativa será disponibilizado para acompanhar o caso junto à casa da família Dickson e garantir a proteção dos mesmos e demais cidadãos próximos. Atenciosamente, Diretor de Pickeri" dizia a mensagem terminada com uma assinatura virtual.
Dante leu o texto sem acreditar que fosse real, aquilo não podia estar acontecendo. Antes que pudesse mostrar a mensagem para sua família, o policial já estava parado na porta da casa deles, conversando com seu pai. Tentou contra-argumentar aquela decisão vinda da Corporação, o que foi inútil. Ele teria de aceitar ficar trancafiado em casa por tempo indeterminado.
O resultado disso tudo foi uma manhã conturbada na casa dos Dickson, cheia de discussões, gente saindo atrasada para o trabalho e escola, e muitas reclamações jogadas nos ombros de Dante por estar causando todo esse alvoroço. Como se a culpa fosse de fato dele. O lado bom foi que pela primeira vez ele ficou sozinho, exceto pelo policial que não saiu da porta de sua casa em nenhum momento, parecendo uma estátua.
Dante tentou se manter ocupado: tomou tantos milkshakes quantos conseguiu, tirou vários cochilos e leu tudo que tinha disponível sobre a CGO. Não tinha nada que explicasse por que não havia conseguido uma combinação, e ele se sentiu tão frustrado que jogou o tablet no chão, trincando a tela. Sua vida não podia ficar pior que isso.
Assim que ouviu a voz de seus familiares voltando de suas atividades no final do dia, Dante fechou os olhos, entediado, já prevendo mais uma onda de acusações. Desejou com toda sua alma poder sair dali e nunca mais voltar, de preferência para um lugar onde não existisse Corporação para o impedir de ser livre. Deu um suspiro longo e profundo, se concentrou nesse pensamento, e o que aconteceu depois disso foi algo inacreditável.
De repente, as paredes do quarto em volta dele se transformaram em um borrão colorido infinito. Era como se alguém tivesse pegado uma paleta de cores vivas, que até faziam os olhos doerem, e pintasse tudo ao redor em uma linha sem fim, formando um grande túnel. A velocidade em que Dante passava por esse túnel era tão grande que ele ficou enjoado imediatamente, tendo de tapar a boca com a mão para não devolver todos os milkshakes que tomou. Quando achava que estava prestes a desmaiar de exaustão, o túnel colorido sumiu. Não dava para saber quanto tempo ele tinha ficado lá, entretanto pareceu uma eternidade.
