Desvende a minha mente (e o meu coração) se puder

[#3]Nightmares

Desculpem a demora e o capítulo curto :(
Não esqueçam de curtir
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Era madrugada quando despertei ainda atordoada com o pesadelo que me atormentou durante toda a madrugada fria e solitaria. Isso se tornava cada vez mais frequente durante minhas noites de sono, nunca chego a lembrar o que acontece, mas acordo suando frio e por vezes até permito que escapem alguns gritos abafados pelo travesseiro. Naquele em especial tive a sensação de ser perseguida e por fim acabar em um precipício, e então finalmente acordei ofegante, como mais uma das peças pregadas por mim mesma. A pior parte era que claramente não havia um meio termo, meus traumas me afogavam por completo ou eu mesma faria isso por mim, como se afundar lentamente em seu próprio sangue. As vezes me fazia sentir no topo do mundo e as vezes sob ele, mas a linha era tênue demais para saber de qual lado estava

O relógio marcava 3:00AM, o tempo ainda estava sombrio e chuvoso assim como dizia a previsão do tempo, definitivamente o clima por aqui não era exatamente o que considero estável, mas com passar das horas o sol foi gradativamente iluminando as paredes em tons claros do quarto que já não estava mais tão bagunçado e lotado de caixas mas sim limpo e organizado pelas horas em excesso que passei desempacotando a mobília durante meu tempo que teoricamente deveria ser o de sono, o que me permitia muito mais paz para colocar as ideias no lugar. Durante um tempo foi inevitável pensar sobre a minha nova vida ali, era tudo muito diferente e novo, mas constantemente me perguntava como aquilo tudo poderia ser algo muito bom, ou o total oposto do que imaginava. Em todo caso eu só queria ter uma vida normal, sabe? Sair para se divertir, estudar e viver, deixar toda a merda para trás e seguir em frente

Já arrumada para ir à escola me envolvi na capa de chuva amarela e totalmente decepcionada caminhei sozinha pela rua pouco movimentada. Era fácil desviar das pequenas poças de lama pelo asfalto como uma criança feliz e saltitante. Eventualmente atravessei as enormes mansões até o gramado da escola superlotado, até me aproximar da entrada e caminhar com pequenos passos determinados até meu armário. Era estranho pensar na quantidade de pessoas diferentes por toda parte, de diferentes etnias, cores, culturas e tudo o que se pode imaginar. Creio que por isso o ser humano seja algo tão especial, sabe? Somos completamente diferentes uns dos outros, mas sempre unidos por alguma característica em comum, mesmo que ainda não tenha absoluta certeza de qual é

— Bom dia — Notei Bruna enlaçar seu braço ao redor da minha cintura para um abraço, parecia genuinamente animada e leve como uma pluma. Humor curioso para alguém em plena manhã no meio de uma semana completamente entediante

— Bom dia — Devolvi com o sorriso quase igualmente animado. Seus olhos divagaram pelo corredor lotado em busca de algo até finalmente me analisar, com calças folgadas nas pernas e uma blusa simples com uma jaqueta em tons de marrom e os cabelos rebeldes soltos em uma completa bagunça

— Tommy veio falar comigo hoje — Tombei a cabeça em dúvida, o que claramente não foi uma resposta satisfatória para a morena — O garoto do boy's. Nós dançamos juntos...

— Ohh, aquele Tommy — foi minha vez de levantar os ombros animada. Finalmente tive a reação esperada, é igualmente animada — Acho que estamos na mesma aula de cálculo... — Notei o desvio do assunto então me preocupei com o que realmente importava. Estalei a porta do armário contra o restante dele apenas para escorar o ombro ali — Mas o que conversaram?

Momentaneamente senti um pequeno corpo se aproximar ao meu saltitante, então Lívia apareceu com os cabelos castanhos no meu encalço com o mesmo tom de animação que o habitual.

— Sobre o que estamos falando? — Ela atravessou os dedos através dos fios castanhos com um sorriso no canto dos lábios