A vida de Allyson Sparks com sua família nunca mais foi a mesma. Não desde de que seu pai se divorciou de sua mãe após anos de um relacionamento tóxico.
Allyson faz de tudo pra se afastar da mulher amargurada que sua mãe se tornou e de seu padrasto...
Eu estava morrendo em vários sentidos mas, não como eu realmente queria. Estava morrendo de cansaço, estava morrendo de medo e principalmente morrendo de dor nos meus pés. Devia estar correndo a meia hora, tentando despista-lo. A pele na sola dos meus pés descalços estavam se ralando contra os asfalto áspero e frio da noite. Estou tão cansada.
Tinha conseguido pegar minha bolsa na cadeira com apenas meu celular e minhas chaves. Minha respiração fica mais ofegante quando viro na minha rua onde a iluminação amarelada se prevalece. Minha casa entra no meu campo de visão, tão escura quanto o céu sobre minha cabeça, Lydia já deve ter ido dormir pelo horário. Subo os degraus da varanda, olhando dos dois lados da rua antes de pegar as chaves. Não consigo parar o tremor nos em minha mão enquanto enfio a chave na fechadura.
Click
Ela se abre. Com a ordem dos policiais, lydia trancou todas as janelas e porta, menos uma preocupação. Tenho que sair daqui, o mais rápido possível. Um tiro no ombro não será o suficiente para pará-lo. Como se fosse uma ligação entre dois fios, eu sei que ele está vindo, eu sinto ele tão perto. Era como uma onça caçando, e eu tenho certeza absoluta que eu não sou ela. Eu sou o coelho, um pequeno coelhinho com o pelo branco e nariz vermelho.
No escuro da sala vejo uma figura moldada sentada na poltrona de couro, minha respiração para. Não haveria como Jason estar aqui mais rápido que eu, não faria sentido. O ferimento da bala devia me dar pelo menos uma hora de vantagem para sair da cidade. Consigo ver levemente pela a sombra mover o braço para ligar o abajur.
— Você viu que horas são! — exclama minha mãe. Posso quase chorar com o alívio. Sua face parece cansada, ela passa a mão o rosto enquanto boceja. Seu pijama está amassado, fico pensando se ela ficou sentada aqui todas essas horas. — Nesses tempos com um assassino a solta, não acredito que ainda continuaram com essa besteira de baile de formatura... o que é isso no seu vestido? O que aconteceu com seu rosto?!
O cheiro metálico que vem do tecido rosa claro é degradante. A mancha é enorme, minha maquiagem está arruinada de tanto chorar por todo o percurso da escola até em casa. Estou acabada, nem preciso olhar no espelho para saber disso. Uma onda de dor vem dos meus tornozelos chegando na ponta da minha coxa, estou me forçando para não cair de joelhos no carpete cinza e chorar de novo e de novo.
— Um garoto ficou bêbado e acabou derrubando ponche em mim. — não era uma mentira completa. Quase queria agradecer ao garoto que derrubou a bebida em mim, se não fosse por isso eu nunca descobriria a verdade. Eu não teria que ir ao banheiro para me limpar e eu não teria visto Jason entrando na sala de música.
— Jason deixou você vir para casa essa hora sozinha?! O que aquele garoto está pensando?! — suspiro passando a mãos no cabelo desmanchando de vez o meu penteado. Não tinha tempo para conversar, tinha que ir embora. O tempo estava ficando cada vez menor.
— Nós terminamos — disse simplesmente antes de ir em direção a escada. Lydia solta um som de extremo choque. Agora ela está apenas quatro passos distante de mim.
— O que você fez! Aquele garoto podia ser sua chance para uma vida melhor! Não entendo, ele era bom pra você — É inevitável não rir. Jason não é bom pra mim. Nunca foi. Nunca será.
Não preciso que minha última lembrança que vou ter em meses ou anos com minha mãe seja de uma briga. Observo os mesmos olhos que os meus por um segundo antes de me jogar em seus braços. A colônia doce entra nas minhas narinas quando enfio meu nariz em seu cabelo. Seu corpo está estático, sem saber o que fazer. Nem me lembro da última vez que a abracei, se é que já a abracei algum dia por vontade própria.
— Eu sinto muito mãe — então subo para fazer as malas.
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