PRÓLOGO

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     As correntes rangeram quando Azalea se impulsionou para frente.

     ― Aproxime-se de mim novamente e considere-se morto ― esbravejou.

     O homem mascaradosoltou uma risada áspera antes de socar o rosto da herdeira. A jovem seencontrou ao chão com um ruído forte, sentindo cada parte de seu crânio resmungarpelo impacto. Apesar da dor e do sangue escorrendo sobre a testa, não deixou delançar um sorriso malicioso para o guarda. Se fosse inteligente o suficienteele veria a promessa ali; Azalea massacraria todos, em vingança pelo o queestavam fazendo com ela, com sua família. Mesmo que estivesse bem longe da celade sua frágil irmã, Lianna, podia escutar seus gritos e os murmúrios dos paispara a deixarem em paz. Algumas vezes, uma sombra azul reluzia na parederochosa e a princesa implorava para que parasse com o que fosse que estivessemfazendo, que estava doendo muito. 

     Mas a herdeira nãoera tola, sabia que estavam a machucando com fogo, puro e selvagem. Esse era ométodo de tortura em Waldeck, eles bloqueavam os poderes dos prisioneiros epassavam dias os queimando e curando, diversas vezes. O sangue de Azalea ferveusó de imaginar o que poderia estar acontecendo no limite do corredor escuro

     Azalea passou a maiorparte da sua vida sendo considerada uma imprestável por simplesmente nãocarregar nada consigo, nenhum fio de magia. Porém, deveria de admitir que prezavaessa imagem que as pessoas tinham construído dela, pois caso contrário teriampercebido que as correntes já não estavam presas como antes e que havia umaadaga posta entre seus dedos, que roubara do guarda sem que ele percebesse.Se os homens daquele lugar asqueroso soubessem que ela era ótima com armas não tinhamdeixado aquele machado tão próximo. Seus olhos brilharam, dessa vez o negromais sombrio do que nunca.

     Azalea queria sangue, e ela o iria ter.

     A herdeira se levantoucom dificuldade fingida, como se cada tapa ou soco tivesse acabado com suasforças. O guarda estava encostado na grade de sua cela com uma cerveja na mão,rindo da alguma piada que um de seus companheiros tinha feito. Mas fora tolo osuficiente para virar as costas no mesmo instante em que Azalea partiu pararasgar sua garganta tão silenciosamente que ele não percebera até estar com opescoço cortado, debatendo-se enquanto sangue jorrava e seus colegas berravamordens com apenas um objetivo: captura-la.

     As ordens continuaramconforme Azalea agarrava o molho de chaves que acabara caindo no chão, em meioà poça de sangue. Com uma rapidez surpreendente até mesmo para ela, destravou aporta da cela e agarrou o machado sobre a mesa com firmeza. Um grupo desoldados já havia se formado no corredor, pronto para arrancar suas tripasfora.

     ― Eu não queria matartodos vocês, mas acho que não será tão difícil assim ― disse Azalea, sorrindocomo o demônio. ― Vamos, podem vir. Quem será o primeiro?

     Então correu.

     As lâminas entraramem movimento assim que Azalea se infiltrou no meio do grupo, rasgando gargantascom a adaga enquanto o machado fazia o seu pior nos guardas. Sangue já cobriatodo seu corpo, fazendo a túnica ficar grudada em cada curva. Se era seu ou doshomens mutilados lá atrás ela não sabia.

     Um soldado loiroapareceu a sua frente jogando a espada contra sua cabeça, ela desviourapidamente e cravou o machado bem acima do estomago. A jovem não ficou paraver o que era aquilo que tinha caído no chão. Outro apareceu. O tilintar delâmina contra lâmina era musica para os ouvidos de Azalea, e ela já sabia essacoreografia de cor, dançando no mesmo ritmo da melodia.

Reinos em GuerraWhere stories live. Discover now