Prólogo Jackson Dez anos de idade

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Que cachorro idiota.

Passei anos tentando convencer meus pais a me deixarem ter um cachorro,

mas eles achavam que eu não tinha idade suficiente para cuidar de um bichinho

de estimação. Prometi que conseguiria cuidar de tudo, mesmo sabendo que não

conseguiria.

Ninguém tinha me dito que filhotes não paravam quietos nem obedeciam.

Papai disse que era a mesma coisa quando eu era pequeno, porque eu meio que

nunca parava de falar nem escutava o que me diziam.

— Mas o amor vale a pena, Jackson — dizia papai quando eu reclamava que

o novo membro da família não estava se comportando. — Sempre vale.

A palavra "sempre" meio que soava como mentira, porque aquele cachorro

idiota me irritava muito.

Já tinha passado da minha hora de dormir, mas eu queria terminar o quadro

do pôr do sol que eu estava pintando. Minha mãe me ensinou uma nova técnica

usando aquarela, e eu sabia que poderia ficar muito bom naquilo se ficasse

acordado até mais tarde treinando. Tucker ficava choramingando enquanto eu

tentava acrescentar alguns tons alaranjados à pintura. Ele ficava me puxando

pela perna e, depois, derrubou o copo de água, molhando tudo em volta.

— Argh! — reclamei, saindo para pegar uma toalha no banheiro e secar

aquela lambança.

Cachorro idiota.

Quando voltei para o quarto, lá estava Tucker, mijando num canto.

— Tucker, não!

Agarrei sua coleira e o puxei pela porta dos fundos de casa enquanto ele

baixava as orelhas.

— Vamos lá, Tucker! — resmunguei, tentando fazer o cachorro sair para

fazer suas necessidades na chuva. Mas ele não cedia, nem um pouquinho.

Mesmo sendo um grande labrador preto, ainda era só um bebê de quatro meses.

Além disso, estava com medo dos raios e trovões lá fora. — Para fora! —

ordenei com raiva, bocejando porque já tinha passado da minha hora de dormir.

Além disso, eu queria terminar o pôr do sol antes de amanhecer para mostrar

para minha mãe. Ela ficaria muito orgulhosa de mim.

Um dia eu conseguiria pintar tão bem quanto ela — principalmente se esse

cachorro me deixasse em paz!

Tucker choramingou e tentou se esconder atrás das minhas pernas.

— Vamos lá, Tuck! Você está sendo um bebezão.

Tentei empurrar o cachorro para o quintal, mas ele não deixou. A chuva caía

forte no pátio e, quando ouviu um trovão alto, Tucker passou correndo e seguiu

direto para a sala.

— Ugh! — gemi, batendo com a mão no rosto enquanto o seguia.

Quanto mais eu me aproximava da sala, mais nervoso eu ficava enquanto

vergonhaOnde histórias criam vida. Descubra agora