Levamos apenas alguns minutos para assinar todos os documentos no banco e
devolver nossas chaves para o atendente. Fiquei sentada bem em frente a Finn,
mas senti que ele estava a quilômetros de distância. Quando nos levantamos para
ir embora, ele foi até o próprio carro e eu segui para o meu.
— Finley — chamei, sem ter muita certeza de por que tinha dito o nome dele.
Ele ergueu o olhar e arqueou uma das sobrancelhas, esperando que eu
dissesse alguma coisa. Abri a boca, mas as palavras que eu queria dizer ficavam
girando na minha mente. Vamos almoçar juntos um dia desses ou assistir a um
filme de vez em quando... até você voltar a me amar.
— Nada. Deixa pra lá.
Ele soltou um suspiro pesado.
— O que foi, Grace?
— Nada mesmo. — Esfreguei os braços com as mãos.
— E lá vamos nós de novo — resmungou ele, e senti um aperto no peito.
— O que você quer dizer com isso?
— Que você está fazendo o que sempre faz.
— E o que eu sempre faço?
— Você começa a expressar seus sentimentos e, então, se retrai de novo,
dizendo para eu deixar pra lá. Você sabe quanto isso impossibilita qualquer tipo
de comunicação?
— Sinto muito — sussurrei.
— É claro que você sente — respondeu ele. — Olha só, eu tenho que ir.
Quando chegarmos a Chester, podemos contar para nossos pais que estamos nos
separando. Acho que devemos fazer isso individualmente. Nós temos que
enfrentar esse tipo de coisa sozinhos agora, para começarmos a nos acostumar,
tudo bem?
Fique firme. Não chore.
— Tudo bem.
Eu estava indo passar o verão em Chester, considerando que meu
apartamento em Atlanta não ficaria pronto para eu me mudar até agosto. Por um
lado, voltar para Chester me aterrorizava porque as pessoas não levariam muito
tempo para perceber que Finn e eu não estávamos mais juntos. Por outro lado, no
fundo eu estava empolgada por estar na mesma cidade que Finn. Nas mesmas
calçadas onde nos apaixonamos. Talvez, com aquela conexão, ele voltasse a me
olhar do jeito que costumava olhar. Eu tinha o verão para fazer meu marido
voltar a se apaixonar por mim.
Entrei no carro e, quando virei a chave, o motor não pegou. Ah, não. Virei a
chave de novo, e o barulho de arranhadura se repetiu. Finn ergueu uma das
sobrancelhas na minha direção, mas tentei ignorá-lo. Meu carro era antigo, um
Buick cor-de-rosa que eu tinha desde o dia que saí de casa para a faculdade. A
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vergonha
Historical FictionPara aqueles que já foram abandonados: Que vocês se lembrem do som das batidas do seu coração. "Algum dia em qualquer parte, em qualquer lugar indefectivelmente te encontrarás a ti mesmo, e essa, só essa, pode ser a mais feliz ou a mais amarga de tu...