Capitulo 15

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Pelos vidros do carro Rahyda via as cores da bandeira dos Emirados que tomavam conta da cidade. As vitrines das lojas, os carros e até as roupas das pessoas estampavam o símbolo do país. Rashyda sempre comparou o Dia Nacional ao Natal dos cristãos. A decoração chamativa, o espírito alegre e contagiante eram os mesmos. Mas a razão e os heróis eram bem diferentes.

Nos emirados se celebrava a ascenção das sete nações que agora formavam uma só. No passado a região havia sido pobre, Dubai sendo apenas um porto na rota comercial. Hoje os olhos do mundo se voltavam para os Emirados com uma nova visão. E eles se orgulhavam disso.

Nesse dia, os homens da família real participavam de um desfile andando ao lado dos cidadãos de Dubai. As mulheres também estavam presentes, porém dentro de carros fechados, onde ninguém pudesse ver seus rostos. E por isso Rashyda ficou muito surpresa ao receber um convite oficial para participar do desfile. Olhando para o bonito envelope que ostentava o brasão do governo, a jovem se perguntou o que o marido pretendia com isso.

Claro que ela nunca mostraria seu rosto diante de toda a população do país, num lugar cheio de câmeras e repórteres. Mas somente sua presença em meio ao povo já causaria uma grande reação, tanto nos súditos quanto na própria família do Sheikh Mohammed.

Aceitou o convite sem questionar. Não sabia o porquê, mas gostava dos ideais do marido sobre de Dubai. Em toda sua vida não questionou o modo de viver dos muçulmanos emirates. Tinha tudo que poderia desejar na vida, praticava esportes com cavalos, e esperava apenas pelo casamento. Mas quando uma de suas primas teve permissão para estudar Medicina em Londres, ela começou a pensar sobre fazer outras coisas na vida.

Não foi surpresa quando seu pai negou seu pedido para frequentar a universidade. A lei permitia que as mulheres cursassem o ensino superior em Dubai, porém ninguém fazia isso. O pai não permitiu que ela fosse a única mulher numa sala cheia de homens. Mesmo conformada com a situação, depois de pensar um pouco fora da caixa, sua mente não voltou mais para a forma antiga.

E as ideias do marido, abriam portas que ela acreditava que deveriam ser abertas. Nas noites em que faziam sala para prima Fatuma, os dois haviam conversado muito sobre diversos assuntos, e até prima Fatuma expressou suas ideias para Rashid algumas vezes. A jovem Sheikha ficou impressionada com as opiniões um tanto feministas da velha prima, e isso fortaleceu suas crenças de que era possível preservar a tradição, ter fé e construir um mundo mais aberto ao mesmo tempo.

Ao se aproximar do local onde o desfile iria começar, a aglomeração de pessoas era grande. Se sentiu um pouco nervosa, nunca tinha estado no meio de uma multidão.

O carro estacionou, e ela viu os parentes do marido em meio aos homens na multidão. Os irmãos de Rashid o rodeavam, e ela pensou em mariposas ao redor de uma lâmpada. Era visível o respeito e dependência que tinham do irmão. Maktoum, Ahmed e Majid estavam bem junto a ele. Hamdan e Marwan conversam mais afastados, mas todos observavam Rashid enquanto ele cumprimentava as pessoas que se aproximavam. Os mais velhos o beijavam na testa, outros encostavam o nariz no dele, havia aqueles que beijavam o rosto dele duas vezes e os que beijavam o ombro. Esses cumprimentos expressavam afeição pelo príncipe, aprovação por ele ser o futuro emir. O casamento havia aumentado a confiança das pessoas no príncipe.

Briana abriu a porta do carro e se sentou ao lado da jovem.

- O desfile começará em vinte minutos . - Ela informou. - Cinco guarda costas estarão a paisana ao seu redor. Impercetíveis para a multidão.

Antes, Rashyda tinha achado aquilo um exagero, afinal estaria em meio ao seu próprio povo. Mas o marido havia exigido que houvesse a presença de seguranças para ela. Agora, porém, ela se sentia grata, porque a multidão a estava deixando nervosa.

Rashid - DegustaçãoWhere stories live. Discover now