Epílogo da Primeira Hora

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A jovem Conselheira se encontrava sozinha na sala dos corvos na Ecclesia, muitos pássaros negros a encaravam e até mesmo um corvo muito sociável estava no ombro da loira. Atualmente não há nada de animais, mas as famílias Empíreas que tinham animais como representações foram bem cuidados e preservados através dos tempos. Ela tinha a certeza de não eram holográficos tocáveis porque nenhum daqueles corvos eram frios.

    Sente-se estranha por dizer que consegue pensar melhor entre os corvos do que cuidando da pequena muda da árvore Elpidia que parecia estar seca, desde que voltou de Consilum como Conselheira, a árvore que simboliza os Patronis com suas folhas douradas nunca mais foi a mesma e ela se perguntava qual poderia ser o motivo disso, será que havia traído algum conceito dos Patronis que desconhecia? Mas em outros momentos Ravena pouco se importava com isso, com o conhecimento que tinha, se sentia mais como uma Corvus do que como uma Patronis. Ora, a árvore não lhe pedia carinho como alguns desses corvos faziam, ou nem mesmo falava. Poderia passar horas falando com os corvos, mas hoje ela não se sente apta em trocar palavras com estes animais tão espertos.

    Ravena se levantou mexendo em seus fios loiros porque sabia que eles estavam cheios de penas negras dos corvos, bateu no tecido da roupa e saiu para ir em direção onde o Rei e os Conselheiros estavam. Já era para ela estar presente, mas sentia que precisava de um momento que a acalmasse um pouco.

   Os corredores estavam estranhamente silenciosos, até olhou para trás para poder avistar alguém que pertencesse à Ecclesia, mas não viu absolutamente ninguém. A porta dupla de prata foi avistada, e bastava abrir para se encontrar com o Rei e os Conselheiros, mas por educação resolveu bater, mas de seus toques não houve nenhum som. Certamente achou isso estranho, por isso bateu mais algumas vezes, mas não teve sucesso.

    Sentiu um calafrio estranho, uma presença pesada atrás de si, por isso teve tanto medo de se virar, mas se virou. Ondas lilases se movimentavam naquele espaço, e bem no centro circular estava ele.....o Mestre do Tempo.

    Ele sabia que Ravena era diferente de Ligia, ela era uma Patronis, uma mulher de uma família Empírea, por isso a sua visão não machucava Ravena, a loira não cedeu nenhuma lágrima, mas estava claramente assustada com o que via. Ela se virou para a porta e a tentou abrir várias vezes, até mesmo gritou para que abrissem, mas ela não conseguiu ouvir a própria voz.

     Mãos longas que se arrastaram em sua mandíbula e que estavam subindo lentamente para sua têmpora a paralisaram, tinha medo de se mexer e o pior acontecer. Não só seu corpo paralisou como sua respiração também naquele momento tenso. Ouviu o sussurro do Mestre do Tempo, mas não entendeu com clareza. Os olhos lilases de Ravena brilharam, e todo aquele brilho foi sugado lentamente para a escuridão de suas íris. Em um piscar de olhos tudo tinha acabado, quase como se aquele momento nunca tivesse existido.

    A pessoa que abriu a porta foi Lucius, que olhou curioso para Ravena.

— A porta não estava trancada. — Disse ele.

— Não estava? Eu juro que...... — Ravena olhou para trás.

— Talvez seja um problema da maceta. Escute, estou indo para o prédio espiral, recebi uma mensagem de que a pessoa que estava dando informações anônimas resolveu aparecer por lá e está me esperando.

— Entendi. — A loira fez um sim com a cabeça.

— Com licença.

    O General passou por sua Líder para seguir seu caminho. Ravena respirou fundo antes de entrar, tinha de demostrar que estava tudo bem consigo, mesmo depois deste estranho evento.

     Uma vez dentro da sala, o clima de dentro parecia tão pesado quanto o de fora. Os Conselheiros estavam em cada canto da sala, e o Rei Thales estava sentado na melhor poltrona com a cabeça baixa. Trocou olhares com Saga que a deixou constrangida. Perguntou a si mesma se aquela mulher soube o que acabou de se passar.

    Ravena respirou fundo e se aproximou do Rei. O barulho da cadeira que arrastou para ficar próxima a ele chamou a atenção dos demais. Assim que sentou-se, encarou Thales sem dizer nada, pois esperava que sei Rei desse a primeira palavra, mas isso não aconteceu.

— Vossa Majestade, como se sente? — Perguntou a Conselheira mais nova.

— É um momento que pensei que não chegaria. Acho que todos nós pensamos alguma hora que a morte nunca vai de fato nos alcançar ou....Alcançar alguém próximo. Se é que posso dizer que eu estava próximo da Regina. — O Rei suspirou pesadamente. — Claro que para vocês deve ser bem claro que o meu casamento com Regina não passava de uma falha, não nos entendiamos mais.....Porém, ter perdido ela assim, penso que talvez eu tenha perdido a oportunidade de ter resolvido tanta coisa com ela, para que assim pudéssemos seguir com nossas vidas. — Ao final da frase Thales havia finalmente olhado para Ravena.

— Majestade, talvez essa seja a pior parte para quem ficou, imaginar como tudo poderia ter sido diferente.

   Ravena sabe que, no fundo, disse isso mais para si mesmo do que para o Rei.


   O General ficou furioso quando soube que a pessoa estava em sua sala o esperando, por que não em uma sala de reuniões? Nem sabe se a pessoa é confiável para entrar justamente em sua sala como se fosse um convidado

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O General ficou furioso quando soube que a pessoa estava em sua sala o esperando, por que não em uma sala de reuniões? Nem sabe se a pessoa é confiável para entrar justamente em sua sala como se fosse um convidado. Ele pegou o elevador com a cara totalmente fechada, gostaria de intimidar a pessoa para que a mesma não fique à vontade.

   Quando as portas se abriram ele não demorou a reconhecer a cabeleira vermelha. Cosmo se levantou do sofá sem tirar as mãos do bolso da calça.

— Cosmo? — Deve ser por isso que o deixaram entrar, Cosmo já era um conhecido.

— Surpreso, Lucius? O pedido dos meus pais adotivos para que eu me junte à Duo Corvus ainda está de pé?

   O motivo de Cosmo era simples : A busca por Angina. 

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