II.

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Ω.

Taehyung engole o seco, coçando a garganta preguiçosamente para disfarçar um pouco do nervoso. Não é fácil estar num novo lugar, não importa que ele seja um desvairado e sem-vergonha. Observa atentamente todos que passam por ele, a quantidade absurda de alunos voando pelo corredor. Sua expressão neutra dispensa desinteressados, mas ele sabe que há mais interessados porque ele quer que seja assim.

Ele quer chamar atenção.

Taehyung não é nenhum idiota, nenhum bobo iludido. Não mais, pelo menos. Ele escolhe suas companhias, e não o contrário. E é por isso que em seu primeiro dia naquela escola esquisita, ao invés de ir pra aula no primeiro horário, ele observa. Ele quer entender seu território melhor, saber quem é quem e o que é o quê.

A começar por um ômega de cheiro muito característico. Um odor suave de macadâmias e baunilha selvagem emana dele enquanto ele parece apressado entre alunos e corredor, e Taehyung já pode adivinhar que aquele tem uma natureza dócil e obediente, pura. Os trejeitos o entregam, a forma como se move e se esquiva para não encostar em ninguém e ter que pedir desculpas; abrir a boca. A maneira como abaixa os olhos para a multidão, se submete ao terror de não enxergar para não ser visto.

O Kim torce o nariz, observando o contorno das pernas grossas do ômega loiro vestidas em um traje mais social. Como Taehyung é ansioso e não tão meticuloso, ele sobe direto para o rosto, encara os lábios cheios e cerrados num bico descontente do rapaz. Bonito. Ele segura os livros na altura do peito, expressão um pouco receosa. Inocente.

Taehyung não gosta dele e quer atormentá-lo um pouco, porque é disso que um idiota vive. Tormentos.

Taehyung já esteve naquela mesma posição. Naquela em que aquele ômega está, de ombros caídos e comportamento fracassado. Cheiros mudam quando a natureza e essência muda, e o de Taehyung não é mais o mesmo cheiro de antes. Não é mais doce, nem tão convidativo.

Tae suspira, obrigando seu corpo a parecer funcional na frente dos outros e para si mesmo. Lembrando de respirar fundo, ele se lembra que está vivo, que ainda é um ser pensante, que está dentro de uma escola prestes a começar tudo de novo.

Então ele se desloca da parede de repente e segue o rapaz, preparando-se mentalmente para fazer o que finge de melhor. Socializar.

Quem sabe, de quebra, ele consegue parar de pensar em como vai ser de noite quando chegar na sua casa nova e dar de cara com um novo pai e novo irmão.

~

Yoongi cumprimenta a nova mulher do pai desajeitadamente. Ele nunca teve jeito com moças, e talvez por isso não se relaciona com elas. Mas a mulher na frente dele tem cabelos médios, ondulados e caramelados. Olhos grandes e quentes, roupa tão simples que Yoongi automaticamente gosta do que vê nela.

Talvez ela não seja tão ruim assim.

Sua mãe não era a mulher mais modesta do mundo. Amava roupas de grife e brincos de ouro, e o contraste entre essa moça e sua mãe na verdade agrada o moreno. Ele nunca foi o filho extravagante, este é o papel de Nighel. Nighel Roman é filho do primeiro casamento de seu pai que não durou sequer dois anos. Segundo o Sr. Min, a senhora Roman voltou para os Estados Unidos com um novo pretendente e levou com ela todo o azedume da relação distorcida deles. O Sr. Min a superou bem rápido, e dois anos depois estava tendo o seu segundo filho num segundo casamento.

Um que carrega seu sobrenome, dessa vez. Min Yoongi.

A Sra. Kim sorri, parecendo feliz demais por estar vivendo aquele momento, feliz por estar segurando a mão do filho do seu futuro marido. Aquilo deveria significar alguma coisa, e portanto Yoongi pode dar um voto de confiança para aquele jantar.

Os Príncipes de Oxford -- ym+tkOnde histórias criam vida. Descubra agora