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Jules havia me pedido para evitar de pensar qualquer coisa daquela cidade, das pessoas, do futuro, de coisas que poderiam me confundir. Tudo que ela pediu para mim enquanto me olhava fundo nos olhos foi para viver intensamente, viver intensamente as aventuras ao lado dela, que a segurasse forte pela mão enquanto corria pela rua, sem soltar um segundo sequer. Que a abraçasse e beijasse qualquer hora que me desse vontade, porque para ela, era o que tornava inesperado e flamejante...E eu estava fazendo isso. No início esquecer tudo foi algo difícil, mas logo se tornou algo natural.
—Ok, vamos fazer uma coisa. —Propôs ela, escondendo fios de cabelo por trás da orelha, e sentando de frente ao meu corpo.
—O que?
—Você vai usar roupas minhas e eu roupa suas, por o dia inteirnho!
—Você acha que é uma boa ideia?
—É claro... —Retrucou Jules, mexendo a cabeça e abrindo um sorriso torto.
—Só você fica sexy com essas roupas. —Digo seria.
—E só você fica Rue com essas roupas.
—Rue? Encolhi os olhos, entortando o pescoço demonstrando a minha confusão.
—Você tem o seu jeitinho único.
Automaticamente um sorriso surgiu em meu rosto, totalmente desimpedido. A garota gostava de me fazer sorrir, e eu amava porque...Sempre que eu sorria, ela sorria para mim.
—Vem, vamos nos trocar. —Puxou-me pelo braço, até o banheiro.

Ao levantarmos da cama, Anna nos observava quieta num canto isolado e escuro. As vezes me lembro que as duas trocaram mensagens antes e durante a festa, e que Jules dissera que estava apaixonada. Mas isso também faz parte de coisas que a própria pediu para evitar pensar, e eu estava tentando.

Enquanto nos trocávamos eu observava discretamente o seu corpo semi nu naquele espelho, uma parte de mim queria fazer tudo que pensava antes de dormir, a outra pensava em quanto Jules era linda e que eu poderia ficar ali por várias eternidades a contemplando.
—Oi! Pode me chamar de Rue. —Virou ela animada esticando a mão.
—Você ainda está incrível.
—Agora eu estou duplamente incrível, assim como você. —Brincou.

Ao olhá-la de cima a baixo, Jules parou por alguns segundos e levantou as sobrancelhas. Preparando-se para falar algo.
—A Jules gostaria muito de te beijar agora... —Insunou ela.

—Ahn...Eu também, digo, a Rue também. Caralho, você me confundiu.—Me envergonho colocando a mão no rosto cobrindo a risada.

—Você fica tão fofa quando está com vergonha, falava Jules se aproximando cada vez mais.
—Não estou com vergonha.
—Não? Você tem certeza? E se eu me sentar no seu colo? Narrava ela num tom provocante. —Ainda não está com vergonha?
—Não...
—Se eu surrurar, assim no seu ouvido, do jeito que estou fazendo agora, você...Fica envergonhada?
—Não... —Insisto totalmente insegura.
—Acho que estou perdendo os meus super poderes então.
—Estar com você me deixa calma, e não ao contrário. A acaricio no cabelo, o juntando atrás da orelha como sempre faço.

De repente sinto as mãos de Jules em minha bochecha, me puxando para os seus lábios macios e com gosto de framboesa. Ela se contorcia por cima de mim enquanto eu a puxava pra perto e a beijava lentamente.
Já havia passado dois dias e durante aquele beijo eu lembrava de tudo que fizemos como um slide fotográfico que tive o prazer de guardar comigo, bem aqui na minha mente. Seus dedos que eu sentia deslizando carinhosamente pelo meu rosto me lembrava a maneira que mexia no meu cabelo enquanto fomos ao cinema, quando rimos naquele laser tag que queria me levar. A arte linda de a ver de quadro em quadro andando contente pela rua me puxando pela mão, a arte bela de a ver dormindo e de repente acordar pedindo para chegar mais perto. A contenção em ser importante para ela. Nunca pensei que esquecer de tudo seria tão fácil, mas tudo é mais fácil com Jules, pelo menos até agora.
—Pizza? —Interrompeu ela, grudando nossas testas.
—Ok...

RulesWhere stories live. Discover now