Icarus Falls - ziam

Talk to me

zuriel – sexualpaynic

divirtam-se lendo, gracinhas 💕
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❝eu não me importo com o zumbido do vento.❞

Grandes olhos brilhantes ansiavam na escuridão, observando cautelosamente o movimentar dos homens da segurança do condomínio fazerem a última ronda das primeiras duas horas da madrugada com lanternas luminosas em suas grandes mãos, vasculhando atentamente as ruas vazias com olhares diligentes. Qualquer um que passasse por ali estranharia ver um jovem híbrido com longas orelhas alaranjadas baixas entre seus fios negros escorrendo-se até seus ombros magros, encarando com olhos vidrados a floresta além dali, um olhar atento e calculista, esperando.

A noite mais escura caíra ao fim das doze badaladas do relógio e exatamente às meia noite e um, os dois alfas responsáveis pela primeira ronda noturna se encontram no cruzamento no meio do condomínio, voltando juntos para suas cabines nos portões do conjunto habitacional. Não havia qualquer pessoa perambulando pelas ruas àquela hora. Eles não costumavam aparecer durante a luz do dia, ao anoitecer era ainda mais difícil ver alguém caminhando pelos arredores. Zayn não sabia explicar, mas pessoas ricas tinham coisas como essas em suas mentes contaminadas, quer dizer, elas não davam um simples "bom dia" umas às outras quando, ocasionalmente ou acidentalmente, esbarravam-se pelas ruas do complexo, por quê então preocupariam-se em aparecer à altas horas da noite para checar a vida de seus vizinhos?

Esse era o ponto, Zayn não confiava na possibilidade de algum deles não estar olhando pelas janelas como ele fazia, pois da mesma maneira que se escondiam dos olhares de seus vizinhos estavam sempre à espreita em suas polidas janelas de vidro, esperando o primeiro deslize das pessoas na casa ao lado para que apontassem seus longos dedos acusatórios para elas como isso pudesse mudar o medo que sentiam de suas próprias sombras. Eram como animais enjaulados, sempre olhando por cima de seus ombros sombras que não existiam, porém que estavam constantemente os perseguindo. Sua mãe gostava dizer para ele, quando fechava as cortinas pesadas da casa e ligava o rádio da sala ou da cozinha, que as paredes tinham ouvidos e os arbustos olhos e que por isso, eles nunca podiam falar com as janelas abertas e a casa silenciosa, pois até mesmo os empregados poderiam se tornar inimigos. Tolice, ele sabia, todos sabiam. Afinal, se você não tem nada a temer, qual a razão para tanto medo? O problema era que todos ali tinham algo a temer, sempre em débito com fantasmas do passado que vinham acertar suas contas quando a noite caia.

Não era mais seu problema agora de qualquer maneira, o ômega estava saindo fora e, no lugar para onde iria, ninguém jamais o encontraria outra vez.

Como um gatuno, sorrateiramente o jovem se sentou no parapeito de sua janela, olhando para o gramado bem aparado lá embaixo em uma queda de dois andares que poderiam lhe custar um tornozelo fraturado ou uma perna quebrada, então ele respirou fundo e tomou a sua forma mais selvagem em suas mãos, trocando seus dedos por patas e sua pele macia por lisos pêlos laranja vivo, suas longas orelhas estendidas para o céu cuidando dos sons ao redor, espreitando por corpos estranhos no perímetro, escutando nada além do cricrilar dos grilos muito ao longe no seu destino e com a barra limpa, ele segura uma pelúcia de gato preto em seus lábios e pula para a escuridão abaixo.

Caindo em suas quatro patas, ele cambaleia para a direita e respira fundo pelo nariz, colocando seus olhos pretos e reluzentes na parte mais baixa dos altos muros da mansão, mirando seu caminho para fora de uma prisão sufocante. Garotos inteligentes sabem a hora de ir, baby, ele conseguia ouvir a voz rouca sussurrar em sua cabeça como uma melodia hipnótica enquanto corria o mais rápido que conseguia pelo gramado saltando pelo concreto à milímetros cruciais de errar o espaço e perder sua grande chance, no entanto, cada um de seus músculos voou com a brisa fria no ar em uma noite quente de Abril, levando-o para uma aterrissagem perfeita sobre o asfalto ainda quente após um dia ensolarado.