9- Canarinho

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HEEY

Tudo bom ?

Já escolheram se são team Karla ou Camila? Me falem

Aqui sou uma mulher mais calada que em STB, então é isso. Beijinhos da imbiguinha e boa leitura.

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Havia muito barulho, o som entrava em sua cabeça como uma faca afiada. Estava longe de entender de onde vinha e o que significava. Na verdade, não sabia nem quem ela era, onde estava, ou o motivo de doer o simples ato de tentar abrir os olhos.

Desistindo de tentar abri-los, se concentrou na tarefa de lembrar-se de quem era. Desenhava, tinha certeza disso, sua mente encheu-se de imagens, algumas incompletas, tomando forma, a sensação em seu peito lhe dizia que eram suas. Isso, era ilustradora. O próximo que se lembrou foi de suas avós, elas sorriam, todos os sentimentos mais doces do mundo jorravam daqueles olhos, todos para ela.

-Vamos, Júnior. Eu sei que você consegue.

Sua avó lhe tocava na cabeça, enquanto incentivava que subisse na bicicleta. Tinha os olhos verdes como os seus, idênticos. Todos diziam que era como a cópia da senhorinha, quando mais nova. Sorriu de olhos fechados aproveitando o calor daquela lembrança. "Será que seu nome era Júnior?" ... Não, definitivamente não. Aquele era o apelido que tinha, exclusivo de sua avó, uma piada sobre ter o mesmo nome que ela.

Lauren, isso, seu nome era Lauren, assim como o da mais velha.

-LAUREN!!!

Franziu o cenho, a senhorinha nunca havia a chamado pelo nome, muito menos gritando. Era sempre calma e paciente. Mesmo assim em seu sonho ela gritava por seu nome com grande energia. Mas aquela voz, aquela voz não era a dela. Aos poucos o cenário em sua cabeça ia se modificando.

Não havia mais bicicleta, muitos menos os olhos gentis de sua avó, no lugar dos verdes surgiram castanhos. Dois grandes olhos castanhos, idênticos, mas distintos. Mais sentiu do que viu, que eram de pessoas diferentes.

"Karla e Camila"

Então surgiu o nariz bem desenhado e finalmente a boca, apenas uma boca, que gritava seu nome com intensidade. Tanta que seu coração se acelerou no peito, queria ir até ela, queria seguir aquela boca, mas não sabia de qual era. Estava junto com os olhos e quando gritava não conseguia distinguir a quem pertencia aquele tom.

O rosto inteiro se construiu, a expressão tensa, obstinada. Nunca parava de lhe chamar, como se precisasse dela. Tentou se mover, mas era impossível, era como se estivesse presa. A mulher, que agora já tinha um corpo, continuou a chamá-la. E por mais que tentasse, não podia se mover ao seu encontro.

-Venha até mim.

Disse, agoniada com a incapacidade de se mover. Os olhos piscaram, quando se abriram eram apenas de Camila, piscaram novamente e eram apenas os de Karla. Pareciam ter descoberto onde estava, estendeu-lhe a mão, Lauren estendeu a sua. Mas mesmo que se tocassem, não sentia aquele toque, estavam ali, próximas, carne com carne, mas nada de tato, nada de calor, nada de existência.

A mulher que voltou a ter os dois olhos distintos lhe sorriu, um tanto triste, desistiu de chamar, levantou os ombros, como se aceitasse seu destino. Uma lágrima rolou pelo rosto tão bonito e ela caiu. O chão se abriu a seus pés e a puxou para dentro em poucos segundos. O grito de desespero que se formou dentro de Lauren quase lhe arrancou os órgãos quando saiu.

Abriu os olhos.

Estava escuro, estava em sua cama.

-Lauren, pelo amor de deus!!!

SimbioseWhere stories live. Discover now