Tentei dizer algo, porém a boca dele moldava a minha em um beijo faminto, calando todas as minhas perguntas. Quando nos afastamos ofegantes nossos olhares se encontraram. Ele tocou o meu rosto e sorriu.
— Achei que você estivesse ficando com aquela loura. — Comentei confusa e ele franziu a testa.
— Que loura?
— Aquela moça bonita que saiu da sua casa hoje toda saltitante. — Expliquei e ele riu negando com a cabeça.
— Amanda é apenas uma cliente.
— Hum.
— É sério, além do mais eu prefiro morenas lindas como você.
— Sorte minha então. — Brinquei e ele sorriu me abraçando.
— Não, sorte a minha por você estar solteira.
Subiu as mãos pela minha nuca e aproximou meu rosto do dele. Seu beijo foi lento e deliciosamente demorado. Senti o corpo dele pesar o meu contra a minha cama, eu ainda tinha muitas coisas a dizer, mas optei por viver o momento.
Nossos beijos se tornaram intensos, e então um barulho na porta nos assustou, minha mãe de repente entrou no meu quarto e bateu palminhas animada nos olhando juntos.
Gael se afastou abruptamente sem jeito e eu quase morri de tanta vergonha.
— Que coisa mais linda! Eu sabia que isso aconteceria! — Minha mãe sorriu satisfeita enquanto fazia cachinhos com os dedos no cabelo.
— Mãe, não é o que a senhora está pensando.
— Ah é muito melhor, eu estou vendo. — Ela comentou apontando para Gael.
— Dona Marilene... — Ele tentou dizer e ela balançou o dedo indicador.
— Dona Marilene não, para você é sogra. — Brincou e eu abaixei a cabeça segurando uma risada. — Agora chega de blá blá crianças, eu vim chamar vocês para jantar.
— Ah, não, obrigado...
— Gael, é melhor aceitar. Ela não vai te dar paz. — O interrompi e ele riu coçando a cabeça sem jeito.
— Então vamos.
Seguimos para a cozinha e encontramos meu pai terminando de preparar a mesa. Nos sentamos e minha mãe permaneceu olhando nós dois, com ar satisfeito. Meu pai obviamente desconfiou. Nos servimos em silêncio e ele então me observou com atenção.
— Está acontecendo algo que eu não sei? — Meu pai perguntou curioso.
Gael e eu trocamos olhares rápidos antes da minha mãe se prontificar rapidamente em esclarecer os fatos.
— Encontrei esses dois de namorico no quarto. — Ela apontou para nós.
— Como é? — Meu pai fechou a cara e Gael engoliu em seco.
— Senhor... Eu posso explicar...
— Acha que pode entrar na minha casa e desrespeitar a minha filha, rapaz? — Meu pai questionou levantando e batendo a mão sobre a mesa.
Eu segurei uma risada e Gael arregalou os olhos, assustado.
— Senhor Oséias... Eu posso explicar... Eu gosto da sua filha já tem um tempo. — Contou e eu o olhei surpresa. — De maneira alguma eu iria desrespeitá-la. Ela é especial para mim.
Meu pai cruzou os braços e me olhou com um sorriso genuíno nos lábios.
— Ele passou no teste. — Avisou e Gael pareceu confuso. — Calma, meu rapaz. Eu apenas gosto de verificar o caráter dos namorados da minha filha. Ela não deixou eu fazer isso na última vez e deu no que deu. Mas graças a Deus aquele mauricinho do Ítalo já é passado.
— Poxa, o senhor quase me matou do coração. — Gael reclamou respirando aliviado e acabou sorrindo também.
— Desculpa! — Meu pai voltou a sentar em seu lugar. — Mas eu preciso tomar conta da minha Flor. Ela é o meu bem mais importante. — Falou carinhoso e eu toquei na mão dele sobre a mesa.
Meu pai era simples, não teve estudo e trabalhou duro a vida toda, entretanto era de uma sensibilidade imensurável.
— Eu te amo! — Sussurrei para ele. — E a senhora também. — Falei para minha mãe.
— Ah bom, achei que iria ficar de fora dessa declaração. — Ela ironizou sorrindo. — Nós também te amamos, meu amor. Só queremos o seu bem. E que bem, hein! — Ela balançou as sobrancelhas em direção à Gael.
— OK, vamos jantar logo senão a comida vai esfriar. — Intervi no rumo constrangedor da conversa.
Então finalmente jantamos. Gael e eu trocamos olhares o tempo todo. Eu sinceramente estava surpresa com o interesse dele em mim, ao mesmo tempo estava animada com a revelação. E principalmente estava louca para repetir os deliciosos beijos que ele me deu no meu quarto.
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Quando Parei De Ligar
RomanceFlor de Lis é uma jovem que está pouco a pouco se recuperando de antigos transtornos alimentares. Acima do peso considerado ideal desde a infância, ela luta para se livrar de todos os preconceitos que a rodeiam, porém continua sendo constantemente h...