I'm just the pieces of the man I used to be

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N/A: escrevi essa one-shot a mais de um mês, em uma madrugada onde tudo parecia estar rodando.
me ajudou. espero que possa ajudar de alguma forma alguém.

boa leitura!


Sirius sempre teve aquela sensação de inquietude, mas há momentos em que tudo piora, parece mil vezes pior e tudo ao seu redor parece rodar. Já passou por aquilo vezes o suficiente para saber que é apenas feito da sua mente doente.

Amanhã é o primeiro dia de aula, e mesmo já tendo passado por isso seis vezes, ainda lhe causa calafrios. E dessa vez é pior ainda ainda. Sente seu estômago doendo tanto, que jura que se tivesse comido algo no Banquete de Boas-Vindas, estaria vomitando tudo nesse exato segundo.

Black quer chorar, se sente tão ingrato, ele tem seus amigos. Seus melhores amigos ao seu lado. Apoiando-o em cada minuto, em cada loucura que inventa, mas nada disso parece significar algo, já que são duas e meia da manhã e ele está tendo mais uma crise. Sentindo-se sozinho e apavorado.

Há uma guerra estourando lá fora, pessoas lutando e morrendo, mas ele está com medo de seus professores e colegas fúteis e alienados.

Sente-se mais uma vez egoísta e fútil, preocupado com uma coisa que sem importância. Então tudo parece pior e Sirius quer apenas fechar os olhos e dormir. Dormir até que a sensação passe. Dormir até perder as aulas e adiar o momento que tanto quer evitar.

Sirius Black quer fugir.

Não se sente o tão honorável membro da Gryffindor como todos o veem, e é como um tapa.

Sente-se como um rato, um traidor, um farsante dentro da própria pele.

Quando braços lhe rodeiam, é que percebe a própria respiração acelerada, as lágrimas descendo pelo seu rosto junto com o suor frio mas suas costas.

Sirius relaxa assim que identifica o cheiro do garoto que lhe agarra, colando suas costas no peito alheio, começando a acariciar os cabelos pretos, o outro garoto não fala nada, pois sabe que Black ainda não precisa de palavras. Tudo que ele precisa é saber que não está sozinho.

O cheiro é de chocolate, pergaminho e aquele mesmo velho perfume que sirius sempre dá para Remus, é a melhor coisa que já sentiu.

Agarra os braços do garoto, ficando as unhas curtas na pele já marcada por cicatrizes e treme, mordendo os lábios para os soluços não escaparem e acabar acordando alguém.

E Remus. Sempre Remus, o embala, virando o corpo de Sírius para frente do seu e permitindo que o outro garoto se aconchegue em si, apertando sua cintura e afundando rosto pálido em sua camiseta velha e esburacada, molhando a camiseta com suas lágrimas enquanto acaricia os cabelos com uma mão, procurando a varinha com outra, lançando um abaffiato nas cortinas fechadas.

Lupin começa então como um sussurro, desritmado e lento, o cantarolar de uma música trouxa qualquer, mas que faz Sirius se concentrar na letra doce e então se acalmar lentamente, se tornando consciente mais uma vez do mundo ao seu redor.

Remus não para, mesmo quando o outro está apenas deitado, olhos abertos e vermelhos, ainda mantendo-se ancorado em seu corpo, parando de chorar aos poucos. O cansaço acertando o corpo de Black como um balaço desgovernado.

Nenhum dos dois precisam de palavras. Nunca precisam. Não quando estão juntos e presos em um mundo particular.

Aos poucos Sirius sente seus olhos pesando, se sente tão cansado, e de jeito nenhum quer enfrentar o mundo. Quer apenas passar o resto de seus dias nos braços quentes e confortáveis de Remus, mas tem consciência de que não pode pedir isso. Sabe que é demais.

Não falam nada, segundos, minutos, horas inteiras em silêncio. Por que tudo parece pior quando dito, então os dois apenas permanecem ali, em uma confusão de sentimentos e braços e pernas, mantendo-se juntos quando parece fisicamente impossível manter distância.

Pegam no sono, um nos braços do outro, aproveitando a paz que não sentiram durante todas as férias, permanecem abraçados sentindo o cheiro um do outro e ouvindo o coração um do outro e o mundo parece girar mais devagar. Apenas para mantê-los unidos por mais tempo.

Pois ambos estão juntos mais uma vez, isso parece certo até mesmo para lua e as estrelas que presenciam o momento.

Dois corações se encontrando mais uma vez.

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