Cap 1

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Narrado por Anastácia

14/06/2017

Era o dia mas feliz de minha vida , nesse momento eu me olhava no espelho e admirava o que via estava usando um vestido longo branco todo bordado em pedrarias , o saiote todo armado na saia o deixava ainda mas glamouroso e modelava minha pequena cintura no mesmo .

- Você está uma verdadeira princesa - diz minha mãe batendo palmas .

- Estou tão nervosa - mexo as mãos inquieta .

- Não mais que seu noivo - sorri de lado - Ele não para de perguntar por você .

- Quero tanto vê-lo , ja está tudo pronto?

- Sim meu amor - acaricia minhas mãos que por sinal estavam soadas- Seu pai só esta te esperando .

- Então vamos - a abraço - Não quero que meu noivo espere tanto .

- Ele deve estar ansioso com a lua de mel - Gargalha .

- Mamãe - coro .

- Anastácia- repreende - Não seja tão tímida , agora vamos - fala me arrastando ate onde meu papai estava .

- Minha garotinha vai casar - fala papai com os olhos lagrimejados .

- Pai - o repreendo - Não chore .

E logo a marcha começa a ser tocada , começo a caminhar pelo tapete vermelho estendido no chão em direção a pessoa que eu desejava passar o resto de minha vida.

- Alejandro ...

...

Atualmente

14/6/2020

- Anastácia - Sou empurrada com brutalidade - Seja rápida, não enrole tanto.

- Desculpe- Suspirei lhe entregando a xícara- Coloquei duas colheres de açúcar, como você gosta.

"— Como você ordenou- Murmurei em pensamento."

- Mas isso está- Ele arremessou a xícara sobre o chão- Uma grande porcaria, nem ao menos um café você sabe fazer.

- Sempre faço desse jeito- Senti os olhos arderem diante de seu olhar hostil.

- Aprenda a fazer direito, isso esta horrível- Ele franziu a testa- Não comece a chorar, sabe o quanto isso me irrita.

- Perdão - Recuei abaixando a cabeça em sinal de submissão.

E assim se iniciava mais um capítulo da minha história, o martírio.
Alejandro mudará no momento em que trocamos nossas alianças, juras de amor. Ele me evitava e fazia questão de deixar claro o quanto me odiava.

- Hoje não precisa me esperar para jantar - Ajeitou o paletó sobre o corpo- Não tenho horário para voltar- Sorriu malicioso.

"— Eu sabia o que aquelas palavras significavam, ele iria sair com a amante. A única mulher ao qual ele se importava."

- Completamos três anos de casados hoje- Suspirei- Queria preparar um jantar especial.

"— Desista Ana, ele não ama você."

- Acha mesmo que eu aceitaria participar disso?- Gargalhou- Estar no mesmo ambiente que você, é um sacrifício grande.

Aquelas palavras doeram, doeram muito.

- Porque você me odeia?- Perguntei em um fio de voz.

- Eu poderia lhe detalhar- Se aproximou colando nossas testas- Mas você sabe, sabe o porque eu te odeio tanto- Me empurrou sobre o chão- Você merece ficar ai- Apontou- Lixos como você, não merecem nada.

- Pare- Me encolhi ja com o rosto banhado pelas lágrimas- Por favor.

- Dane-se- Recuou- Limpe isso- Apontou para os cacos sobre o chão- Se comporte, você sabe o que acontece se me desobedecer.

Eu sabia, é claro que sim.

Em nossa lua de mel eu esperava uma noite de amor, uma noite ao qual finalmente eu me entregaria ao meu primeiro homem.
Isso não aconteceu, Alejandro bebeu e apos sumir durante duas horas voltou completamente transtornado e cheirando a perfume de mulher.

"— Onde você estava?- Indaguei a ele vestida com a camisola branca de seda- Estava preocupada.

— Me divertindo- Ele franziu o senho- Antes longe do que perto de você, não vê o quanto você é insuportável.

— Porque esta agindo assim?- Senti os olhos arderem- Eu te amo.

As três sílabas foram o suficiente para ligar o gatilho.
Um, dois, três tapas.

— Sua vagabunda- Ele gritou me puxando pelos cabelos- Eu te odeio, eu te odeio- Repetia- Vai se arrepender por tudo- Me jogou sobre o chão.

— Alejandro- Encolhi entre os soluços- Pare, pare- Implorei.

— Judas- Ele retirou o cinto acertando o couro sobre mim.

Nunca havia apanhado antes, meu pai nunca ousou levantar sequer um dedo em minha direção.
Maldita sina..."

O grande episódio de minha lua de mel ficará marcado, nunca ousei mencionar aquela noite. Eu o amava, mas tambem o odiava, eu carregava comigo o medo e a magoa.

Alejandro mudou minha rotina, minhas roupas de passeio ficaram jogadas de escanteio. Meus documentos ficavam trancados sobre a mesa de seu escritório.

Mesmo com o diploma em mãos nunca pude exercer minha área.

Também não obtinha companhia, sem empregados e casa sempre estava trancada.

Tudo mudou depois daquele dia, do maldito "Sim" que ousei falar.



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