Cap 2

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Anastácia

A casa estava toda limpa, as roupas estendidas e comida cozinhando sobre o fogão.

"— O único carro ao qual você Poderá pilotar e mandar é esse fogão- A voz de Alejandro ecoou em meus pensamentos."

Na infância mamãe sempre foi um simbolo de luta, ela nunca abaixou sua cabeça.
Sempre lutou pelos seus objetivos, porque eu não podia ser como ela?

"— Talvez uma consulta com um terapeuta resolvesse- Meu sub conciente Murmurou."

A musica de Miley Cyrus ecoou pelo ambiente e palavra "mamãe", apareceu sobre o visor.

- Mãe- Sorri.

- Filha- Respondeu com uma voz doce- Que saudades.

- Lembrou que tem filha - Revirei os olhos dramática.

- Nunca esqueci, você que não é uma filha ingrata, quase não vem ver sua mãe- Respondeu.

- É que ... - Tento pensar em alguma desculpa , Alejandro nunca gostou que eu saísse e nem ao menos recebesse visitas - As coisas estão tão corridas - minto .

- Entendo , sei como é os primeiros anos de casamento o marido exige toda nossa atenção - Completa .

"—A mãe se você soubesse."

- Mas então o que deve a honra da sua ligação? - Mudo o assunto.

- Queria te parabenizar pelo seu aniversário de casamento e te chamar para jantar em casa , seus irmãos e eu estamos com saudades .

- Obrigada pelos parabéns ... Tenho que perguntar para o Alejandro se ele esta disponível ele anda ocupado no serviço - minto novamente .

- Ja falei com ele Anne e ele concordou - fala carinhosa - Será amanhã a noite , vou ficar esperando vocês .

- Esta bem - Dona Grace quando queria algo era impossível de tirar de sua cabeça .

- Te amo meu amor ate amanha .

- Tambem te amo ... Até - finalizo .

Alejandro certamente deveria estar furioso ele odiava se reunir com a minha familia , suspiro pesadamente , tinha que me preparar para seus insultos e xingamentos .

Minha familia era grande. Antônio era o meu irmão mais velho, Eduardo era o irmão do meio, Luna ocupava o terceiro posto e eu era caçula.

Meus irmãos mais velhos eram um símbolo protetor, assim como meu pai.

"— Tem certeza que ele é o homem certo?- Indagou Antônio e Eduardo.
Dois dias de me casar.

— Ele é o homem ideal- Suspirei recebendo o olhar apreensivo de ambos- Meninos- Me sentei no meio de ambos- Alejandro me faz bem, ele se importa com o que eu sinto, me protege e me ama.

— Não queremos que se machuque- Antônio murmurou- Você sempre se entrega demais, acho que deveria esperar. Você ainda é muito nova.

— Quero conquistar muitas coisas ao lado dele- Respondi- Assim como vocês, Camila e Estela... Vocês se arrependeram?

— Claro que não- Ambos respondem.

— Assim como eu não irei me arrepender- Sorri- Eu o amo.

— Se ele lhe fizer algum mal- Rangem os dentes- Daremos um jeito.

— Sei que sim...."

E eu sabia...
Bastava uma palavra e tudo isso acabaria.

Com Luna as coisas eram diferentes, sua hostilidade e agressividade eram demasiados demais quando o assunto era me ajudar ou me escutar.
A mesma sempre fazia questão em mostrar o quão podia ser melhor me do que eu... E realmente ela era.

- Fraca- Bati as mãos sobre a pia de mármore.
O primeiro ano fora difícil, me condenava e me questionava por algo que eu pudesse ter ligado esse gatilho.
O segundo fora desafiador, seus insultos e ofensas, me machucavam... Até começar a me automutilar, toda aquela sensação era desgastante.
O terceiro se concretizava hj, eu não queria viver mais naquele mundo... Eu não podia e não queria.

O restante do dia fora entediante, após um banho demorado arrumei meu colchão ao lado da cama. Aquilo chegava a ser humilhante, Alejandro não me deixou dividir a cama consigo e apesar de o mesmo não estar presente, não gostava de desafiar.

Todas as noites o mesmo chegava tarde ou muitas vezes nem sequer aparecia, apesar de tudo sempre deixava seu prato pronto...

"— Iludida."

O que esperar de um mulher no auge dos vinte e três anos, presa a um homem que não me ama, virgem, e se nem sequer nunca trabalhou com nada.

Desperto dos pensamentos ao observar o clarão do carro iluminar todo o quarto.

"— Ele chegou, a noite não fora tão proveitosa."

Quinze minutos depois Alejandro invadiu o quarto, o cheiro do álcool e perfume de mulher preencheu todo o ambiente.

- Droga- Ele tropeçou em seus próprios pés.

- Alejandro?- Levantei observando o mesmo se ancorar na parede- Esta tudo bem?

- Ótimo- Respondeu com o tom de sarcasmo.

- Quer ajuda?- Indaguei.

- Não preciso de nada- Sua voz saiu embolada- Isso é sua culpa, porque você fez aquilo Ana... Porque me fez sofrer?

- Mas...- Me calei perante seu olhar repreeensivo.

O que ele estava querendo dizer? Que mal eu lhe fiz?

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