dois

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Sempre que eu acordava, olhava para a parede lilás pensando se as coisas um dia iam melhorar.

Aquela cor e a claridade do dia me davam esperança de que, talvez, algum dia seria bom. Meus dias eram cansativos, com noites mal dormidas e pensamentos tortuosos sobre coisas que nem sequer me lembro mais. Eram tantas.

Porém, no fim do dia, quando eu chegava em casa após um dia maçante; as luzes estavam apagadas. Eu não ouvia o som da torneira jorrando água, nem o cheiro da comida sendo feita.

Eu só conseguia ouvir gritos, a escuridão que me enfurecia e me feria, o sabor do desespero e o cansaço eminente. A exaustão sobre os olhos. As coisas nunca foram fáceis.

No entanto, o que me segurava era a esperança de que as coisas ficariam bem, e que eu chegaria em casa sem sentir o pânico me açoitando como uma lâmina afiada.

A esperança era o que me mantinha de pé. Porque eu tinha que estar de pé.

doceWhere stories live. Discover now