Parte III - Yani

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Foi uma sensação nova e estranha ser cuidada por alguém que não tinha nenhuma obrigação de cuidar. A preocupação do gigante me incomodava. Não por ser ruim, mas por ser, ao menos aparentemente, sincera. Não se notava interesse algum em suas ações. Por mais difícil que seja acreditar, nunca havia presenciado a sinceridade.

Para mim sempre foi só mais uma palavra, que as pessoas adoravam usar, mas nunca exercer. As desculpas pedidas sempre tinham outros erros pré-planejados, sem nenhum arrependimento verdadeiro. Agradecimentos chegavam com outros pedidos em mente. Boas ações visando recompensas ou, de certa forma, redimir as más.

Nunca presenciei sinceridade como naquele olhar que o gigante tinha ao ver minha situação e me acolher. No momento em que eu mais precisava, quando todos os outros que me viam, desviavam o olhar ou simplesmente fingiam não ver, apenas ele apareceu.

Tudo que eu precisava era isso. Só queria que um único ser do mundo dos gigantes me notasse e não olhasse para mim como o ser inferior que muitos pensam que eu sou. O ser inferior que todos fizeram eu acreditar que sou. Talvez esse gigante tenha me salvado de eventualmente ser pisada, talvez ele tenha salvado não só minha vida como também minha alma.

Pequena YaniWhere stories live. Discover now