Apenas um Desejo Latente (Uncontrolled Guys Series Book 1)

Capítulo 25

A música suave de fundo, a bela decoração, o ar aristocrático e as pessoas completamente adequadas.

Peter parecia ser bastante adepto aos ambientes mais bem sofisticados, esclarecendo com muita precisão toda a sua disposição de ânimo para estar em ambientes que exalassem todas as características precisas que ele considerava no exato momento em que era convidado para os grandes eventos, inclusive os organizados pelos seus amigos concernentes à coroa. No entanto, sabia muito bem que tudo aquilo não reforçava nada em sua vida, muito menos compreendia um ambiente na qual estava totalmente bem.

Pelo contrário, tudo parecia ser bem mais sufocante que qualquer outra situação a ser projetada pela sua mente.

As pessoas pareciam entretidas uma com as outras, conversando com interesse, dedicando a atenção que talvez ele devesse dedicar a alguém ali, mesmo que sua proximidade com todos naquele salão fosse realidade sobre qualquer outra que fosse levantada, mas não se sentia parte daquele lugar, mesmo que estivesse adequado mais que ninguém a tudo naquela noite, principalmente em modos, posturas e todo um requinte que só ele possuía por estar fora das honras da aristocracia.

Nada disso era em vão.

Sua mãe havia passado toda a vida ensinando-o boas maneiras, como se portar, como andar, como falar bem e todas as possíveis disposições que a etiqueta exigia com muita rigorosidade. Para uma criança, aquilo parecia um bando de coisas chatas e uma perda de tempo, ainda que em raras ocasiões havia conseguido gostar das lições que haviam sido ministradas.

Lígia Clarke, sua mãe, conseguia deixar tudo bem mais tolerável, ainda que não entendia o real motivo daquelas lições tão firmes e retas, como se ela o estivesse preparando para estar em ambiente aristocrático e principalmente vivendo com eles como alguém realmente pertencente. Como se aquilo fosse realmente preciso em sua vida, talvez fosse.

Seu estômago contraiu e um nó incômodo crescendo em sua garganta, sabendo quais eram os reais motivos da sua mãe ter lhe ensinado tudo aquilo e principalmente a aceitação que ela queria que existisse graças aos seus bons modos. E quem ela queria que visse aquilo como algo bom e digno de admissão à família.

Engoliu aquilo lhe sufocando com interesse, desfazendo o seu incômodo.

De qualquer forma, Peter havia conseguido absorver com muita clareza o espírito e os modos aristocráticos, mas não só isso. Sua proximidade e amizade com os membros da aristocracia havia feito os meios de notícias questionarem o seu status social, já que as especulações sempre estavam ali, levantadas e tendenciosas, ainda que quisesse ter poder suficiente para desfazê-las, era bastante difícil ter que calar algo que somente evidenciaria a imagem e o assunto das notícias embasadas em curiosidades sobre a nobreza e suas disposições sociais que sempre eram escondidas das massas, mesmo que seu amigo Tristan Grosvenor, filho de Gerald Grosvenor, Duque de Westminster, já fizesse isso sem muito esforço.

Não podia culpar seu amigo pela irreverência e coragem em desafiar seu pai no que dizia respeito a mostrar para ele que não era passível de controle e muito menos estaria disposto em abrir mão de sua vida por suas obrigações como herdeiro. Parecia ser algo bastante arcaico, considerando que estavam no século XXI, ver alguém ter que abdicar dos seus desejos e de sua vida para, num jogo de interesses, firmar uma possível união com alguém que nem sequer tinha sentimentos consideráveis, assemelhava-se bem mais as histórias dos casamentos medievais que qualquer outra coisa. E Tristan conseguia manter a calma muito bem diante da sua realidade, ainda que essa calma dele fosse apenas uma máscara que garantia expor controle diante do seu pai, até porque nunca havia sido de abaixar a cabeça para ninguém, muito menos quando as ações concerniam à sua vida.