Capítulo 38 - Dona Cândida

10 1 0
                                    

Tacinho e Aurora tiveram sim um bela noite de núpcias, com a ajuda da bebida o garoto conseguiu ter uma noite de amor com a esposa, mas no meio de tudo que acontecia diante de si, ele imaginava, lembrava Manoel e a lembrança dele fez parte da noite de núpcias. Logo cedo o telefone do quarto tocou, Tacinho acordou e olhou para o lado sem acreditar no que estava vendo, a figura de Aurora sem roupa coberta apenas pelo simples lençol, não acreditava que havia conseguido ir tão longe.

Falou ao telefone e uma voz lhe disse e logo a reconheceu, era seu pai.

— E então, conseguiu? Consumou o casamento? Teve uma noite boa, meu filho?

Tacinho limpou os olhos e olhou o relógio no criado-mudo, respirou fundo e falou com seu pai sem responder a pergunta.

— Nosso trem para Santos parte somente às 13 horas da tarde, papai. Ainda é muito cedo, vou voltar a dormir. — O filho nem se despediu do pai e colocou o telefone no gancho, mas não importava, o coronel se deu por satisfeito. Desligou seu telefone em seu escritório e foi até a sala para tomar seu café da manhã. Tudo estava indo muito bem, muito bonito, tudo perfeito.

Mas então o telefone da cozinha tocou, Wanda foi até ele esperando que fosse algum fornecedor do palacete confirmando algum pedido ou entrega, mas não foi isso que ouviu.

— Olá Dona Wanda, encontrei sua filha no meio da noite andando desnorteada, ela teve um mal súbito e eu a trouxe para minha casa. Ela já está melhor, mas está perguntando por ti, seria possível a senhora vir até aqui?

Wanda sentiu um calafrio por todo seu corpo. Sentou num banquinho que havia perto de telefone e anotou o endereço da moça que lhe falava ao telefone em seu pequeno caderninho. Wanda colocou o telefone no gancho, por fim olhou o endereço anotado no papel, era distante, longe do palacete. Guardou o papel no bolso e foi até o coronel, ele estava sentado sozinho diante da mesa do café da manhã, alguns funcionários estavam presentes na sala botando comida na mesa.

— Preciso falar com o senhor, coronel.

— Mas já, logo cedo? É problema sobre a festa de ontem a noite? Se for podemos tratar disso mais tarde ou...

— Não, é sobre minha filha. — Assim que disse isso os funcionários presentes interromperam suas atividades e olharam para a governanta e em seguida para o coronel. — Vocês podem nos dar licença? Vão cuidando da louça, ou da roupa suja, mas tratem de trabalhar! — Wanda disse aos funcionários, logo a sala ficou vazia.

O coronel tomou sua xícara de café, a repousou sobre a mesa e esperou pelo pior, que talvez Laurinha talvez tivesse pegado um navio até os EUA para ver Betinho.

— O que a menina aprontou dessa vez? — Perguntou ele sério.

— Minha filha não fez nada, mas preciso ir vê-la. Talvez eu fique o dia todo fora e só volte de noite, ela precisa de mim, precisa de sua mãe ao seu lado, coronel.

O coronel ouviu Wanda dizer, respirou fundo e deu um suspiro. Pensou que fosse mais alguma bobagem, a menina talvez não estivesse conseguindo se virar sozinha e precisasse da ajuda da mãe. Mas a ela era governanta da casa, precisava cuidar do palacete. Essa era a função de Wanda ali e era uma função tremendamente essencial.

— Mas a casa precisa de você, vai ficar mesmo todo o dia fora? E os funcionários como ficarão sem sua supervisão? Me desculpe, mas tenho que negar seu pedido, pois...

Wanda urrou de raiva!

Foi até o coronel e disse a ele:

— Graças ao senhor minha filha fugiu daqui, lembras disso?! Agora ela precisa de mim e de jeito nenhum vou negar seu pedido, se quiseres, podes me demitir! Mas sem eu aqui vais estar completamente sozinho tendo de cuidar dessa casa imensa, compreendes?!

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Oct 06, 2019 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Café com LeiteWhere stories live. Discover now