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Bernardo ergue seu corpo, dispara sua arma três vezes e volta para sua posição anterior.

Eu permaneço abaixada, imóvel, sem saber o que de fato está acontecendo. Talvez seja um confronto entre a polícia e bandidos. Mas, por que Bernardo está se metendo nisso, e o pior, o que ele faz andando por ai com a droga de uma arma na cintura?

Sobressalto quando um projétil atinge o primeiro degrau da escadaria em frente ao prédio da empresa, causando um buraco no mármore que reveste o piso.

— Bernardo, precisamos sair daqui, não é seguro! — Exclamo, por cima de todo aquele caos.

Bernardo não move um músculo para me responder, ou ele não me escutou, ou fingiu não ter escutado.

Mais uma vez ele dispara em direção a alguém que não tenho noção de quem seja.

Estamos literalmente no meio do fogo cruzado. Vejo um homem abaixado atrás de uma moto, a cerca de dois metros de onde estamos. Ele também atira na direção que Bernardo continua atirando.

— Tem um homem ali! — Grito, segurando no braço do Bernardo, fazendo ele finalmente se lembrar da minha presença.

Ele me olha por alguns milésimos de segundo, e depois olha na direção do homem atrás da moto.

— É meu soldado. — Avisa, sua expressão neutra, como se não estivéssemos no meio da porra de um tiroteio.

Franzo o cenho. — Soldado?

Bernardo me ignora mais uma vez.

Ele faz um gesto com a cabeça para o tal soldado, que acena e dispara mais uma rajada de tiros.

Bernardo levanta a barra da sua calça, vejo um suporte preso em sua perna, segurando duas facas douradas.

Arregalo os olhos.

Ele puxa uma das facas, impulsiona seu corpo e atira em direção ao lugar de onde vem os tiros.

Esse homem é a porra do James Bond?

Franzo o cenho novamente. — Diga o que merda está acontecendo! — Esbravejo.

— Cazzo, continue abaixada. — seu sotaque soa mais sorte.

— Abaixada é o caralho! Por que estamos no meio de um tiroteio, e você está tirando armas por todo o seu corpo? Estou com medo de qual será o próximo lugar que você irá colocar a mão e sacar alguma coisa! — Grito entre pulmões, meu peito sobe e desce freneticamente. Sei que acabei de divagar, mas estou desesperada, não sei o que droga está saindo da minha boca.

— Apenas me ouça, isso não é a merda de um vídeo game, continue abaixada, está tudo sob controle.

— Sob controle? Estamos no meio de um tiroteio, e tem um soldado do exército vestido em uma jaqueta de couro nos ajudando. Essa merda só pode ser um pesadelo sem sentido.

— Mantenha a boca fechada, Aurora Lunna! — esbraveja, tirando um pente de balas do seu paletó e recarregando sua arma.

Fecho os olhos, isso com certeza é um pesadelo ridículo e sem sentido.

— Acorda! Acorda sua vadia desequilibrada. — sussurro para mim mesma, mantendo meus olhos fechados.

Continuo escutando os tiros, mas mantenho meus olhos fechados, talvez eu deva rezar.

Mas nunca conversei de fato com Deus, não sei como fazer isso.

Suspiro. — Oi, tem alguém aí? — Continuo sussurrando, com os olhos fechados, implorando internamente que o todo poderoso me escute: — Se você estiver aí, por favor me ajuda a acordar desse maldito pesadelo.

(DEGUSTAÇÃO) A ESCOLHA DELE - Série Escolhas da Máfia Vol. IIIWhere stories live. Discover now