Prólogo - O Ultimo Suspiro

25 0 0
                                    

Sentado em meu Trono, observo do lado de dentro das muralhas o Mundo Vivo lá fora. O Mundo Morto é minha morada, no interior de Lugar Nenhum, no Vazio pulsante da minha consciência.  Aqui é meu cativeiro e aqui um dia talvez seja meu túmulo, minha sepultura gélida. Hoje porém me sinto estranhamente inspirado em compartilhar minhas percepções a cerca daquilo que me corrói por dentro. Pensando naquilo que de mais complexo posso conceber. Eu mesmo.

Alguns me dirão que essa dor é apenas a dor de estar vivo. Alguns outros dirão que a dor que corroí cada pedaço do meu interior é apenas o peso da minha própria alma queimando, aprisionada e fraca no interior de meu coração da mesma forma que hoje estou no interior desta prisão que chamo de palácio. 

Mas não irei lamentar à mim mesmo, já a muito abandonei a auto-piedade e aceitei o destino que me aguarda, engraçado, embora neste exato momento me coloco como mártir de meu próprio Destino... Palavra engraçada, como se os eventos do passado, presente e futuro formassem um único caminho no qual se pode excluir as possibilidades alternativas, como se todas minhas ações estivessem escritas no Grande Livro. 

Mas deixando minhas divagações de lado, quero todos aqueles que estão lendo estas palavras impressas em papel manchado de sangue saibam que no dia que meu corpo perecer, minha alma viverá através destas frases.  Estes simplórios versos carreguem a complexidade do meu ser, que sejam testemunhas do meu ultimo suspiro em direção aos Céus. 

Este pequeno ensaio sobre a natureza da minha própria alma não possui começo, meio ou fim, não há sequer mesmo uma lógica cronológica e nem mesmo tem a pretensão de ser agradável, mas de alguma forma sei que estas palavras provocarão exatamente aquilo que precisam provocar, seja lá o que for.

A todos vocês, rosas brancas e vermelhas.

O Livro das Memórias RubrasOnde histórias criam vida. Descubra agora