A Dança

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Dançamos todas as noites ao redor de nossos medos e banhados pela luz da lua brincamos como predadores ferozes na floresta escura de nossas almas, caçando um ao outro em nossos rituais sombrios que atingem profundidades abissais. Evocando no âmago de nossas almas aquilo que deveríamos ser e deixamos de lado. Nossa dança é um convite um ao outro.

A cada passo e a cada volta desta dança, nossos corpos se aproximam e se afastam, porém nossas almas apenas se aproximam. Nós somos solitários, somos monstros por natureza eles dizem, nós  nunca perdemos, nunca desistimos, somos implacáveis?Seria isso uma dança ou um combate? E quem é a presa afinal? Rodeamos com nosso lábios colados a cada volta.

O arrepio em nossas espinhas a cada giro que damos provoca mais do que sensações profundas. Cada suspiro, cada sorriso, cada palavra oculta e cada olhar silencioso torna-se um convite aos nossos demônios mais profundos, seres ancestrais que jamais deveriam ser despertos novamente. Eles vão emergir no menor descuido para possuir um ao outro.

Será durante a noite ao som do vento uivante que irei me afogar nos teus mais profundos oceanos, irei morrer, irei sufocar-me em ti (E assim desejo). Sentirei em minha alma o terror emergir ao ver meu reflexo em seus olhos e perceber que já estava perdido antes mesmo de começar. Morrerei novamente, uma e outra vez em tuas mãos, tolices minhas.

E quando a tempestade for mais forte que as amarras, quando da canção do inferno for mais alta do que nossas vozes será minha vez de despertar. Nossas frágeis almas serão devoradas ao som de trovões e relâmpagos, com o sadismo perverso que percorre cada um de nós. Não há por que negar, somos piores do que isso. Nem o inferno nos suportaria.

Eu sonhei com tudo isso? Não sei... Olhando em teus olhos te matarei todas as noites apenas pelo meu prazer sádico e egoísta, carregarei teu corpo em meus braços até o túmulo gélido, apenas para ver teu sorriso pela ultima vez.  E ao final da dança, já cansados, mortos, porém completos que eu percebi finalmente... Estávamos ambos mortos desde o inicio.

Quem somos nós afinal? Quantas dores já vivenciamos? Quanto já nos vimos? Não importa soprou o vento, nunca importou, somos aquilo que nossos humores determinam, nós somos tudo e somos nada, somos todos e somos nenhum. Pertencemos a ninguém, nem a nós próprios. Somos poeira de estrelas perdidos no espaço.

O Livro das Memórias RubrasTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang